Autor: Duda Falcão
Editora: Argonautas
ISBN: 9788564076099
Ano: 2013
Sinopse:
O Anfitrião apresenta Mausoléu de Duda Falcão: “Seja bem-vindo, leitor incauto! Eu sou O Anfitrião! Fico muito contente que você tenha chegado até aqui para conhecer a arquitetura do my master! Nesta obra sepulcral sua ótica humana será ofuscada por visões grotescas. Folheie as próximas páginas... Abra a porta e entre na cripta dos insanos. Durma na pedra fria do Mausoléu e tenha pesadelos eternos, he, he, he, he”. 336 páginas de horror com bruxas, zumbis, lobisomens, vampiros, fantasmas, alienígenas e monstros bizarros!!! Prefácio de Cesar Silva. Histórias de horror e aventuras extraordinárias!
Resenha:
Eu já conhecia a escrita do Duda Falcão, mas esse livro me apresentou outras facetas do autor. Mausoléu é um compilado de contos de terror, indo dos alienígenas e zumbis às bruxas. Nesse livro, encontramos vários contos pequenos e alguns um pouco maiores. Por serem muitos, é impossível falar de todos. Desta forma, falarei dos que mais me chamaram a atenção.
É improvável não começar falando do conto chamado Desfile, o meu favorito de toda a obra. O enredo começa com o Circo dos Horrores chegando a uma cidade do interior. Os moradores, acostumados com a vida pacata, ficam abismados e encantados com o circo. Porém, o que ninguém imagina é que existe um ar maligno e bizarro por trás do espetáculo.
Esse conto me chamou a atenção por motivos variados. A começar por usar um circo como fonte de terror; a premissa pode até não ser totalmente original, mas me agrada totalmente. O segundo ponto positivo foi a descrição bem elaborada que te transporta para dentro do texto. Em muitos momentos, eu conseguia visualizar com uma perfeição assustadora o que estava acontecendo. Por último, mas não menos importante, o final misterioso foi perfeito.
Outro conto que eu gostei imensamente foi A Pena do Corvo. Tudo começa quando um escritor resolve comprar a pena utilizada Edgar Allan Poe para escrever seus textos. Porém, ao começar a escrever, o personagem percebe que aquela não era uma pena normal. Assustado e compenetrado, ele começa a escrever exaustivamente.“No interior da carruagem, percebia-se apenas uma luz esverdeada, o vidro da porta estava embaçado e fechado. Ninguém soube garantir o que estava ali dentro, apesar de um dos habitantes afirmar ter visto uma coisa nojenta, sem forma definida, musgosa, repleta de raízes e folhas no lugar de um rosto, um verdadeiro muco escarrado, gerado em algum pântano fétido” (p. 177).
Esse conto me chamou mais a atenção pelo tributo a Poe e pela originalidade do que pelo terror empregado. A narração não dá qualquer medo, mas te encanta pela premissa incomum e pelo brilhantismo. Duda, nesse conto, mostra que sua escrita vai além de dar sustos no leitor; ele sabe variar e conquistar seus leitores de outras formas.
O terceiro conto que mais me agradou foi Rito Necromante: Criar Zumbi. Nesta narração, Duda discorre sobre um grupo de estudiosos necromantes que buscavam, através de seus rituais, o poder da cura. Após testar em dois membros do grupo, com aparente sucesso, eles resolvem dar um passo a mais, testando em mortos. Porém, algo dá muito errado e a situação sai do controle.
Novamente o autor chama a atenção pela criatividade e pela originalidade. Depois das diversas explicações sobre as criações dos zumbis que já li – e eu li muitas, pois adoro livros do gênero –, Duda conseguiu inovar. De uma forma bem diferente, os nossos queridos mortos-vivos vieram à vida para assolar a humanidade. Certamente, mais um ponto para o autor.“Mastigou a carne suculenta. Depois, cravou os dentes na cabeça do outro que só fazia gritar. O cheiro do cérebro o deixava mais excitado. Entendeu, a partir daquele momento, que carne humana era um combustível vital para sua existência” (p. 215).
Mausoléu chama a atenção do leitor de muitas maneiras, pois tem contos de diversos tipos de terror; dos mais leves aos mais pesados; do épico ao moderno. Assim como nos outros trabalhos do autor que eu li, ele demonstra uma escrita fluída, deixando que o texto corra de forma mais natural possível.
Ademais, o autor também faz diversas homenagens a escritores famosos durante a obra, seja reutilizando personagens, seja criando contos baseados em situações descritas por esses autores. Mausoléu acaba sendo também um tributo ao terror clássico.
Se a qualidade da obra é grande, a beleza do livro não fica atrás. Dos livros de terror que já li, esse, sem dúvidas, é um dos que tem a melhor diagramação. Há ilustrações, imagens no começo dos capítulos, desenhos e todo tipo de arte gráfica aterrorizante. Além disso, as letras são grandes e o espaçamento é ótimo, contribuindo por uma leitura ainda melhor.“Fui atrás do gato preto, era tudo que me interessava. Pluto olhou para trás somente uma vez. Seu único olho me fitou, parecia me convidar para que eu fosse testemunha do seu ato. Em um miado agudo, afiado, penetrante e intenso, ele iniciou o ataque” (p. 33).
Se você gosta de terror, horror e suspense, indico esse livro; será paixão imediata. Para quem não está acostumado com o gênero, também indico a obra. Por conter contos de diversas intensidades, você pode ir lendo aos poucos, se acostumando com o ritmo. Certamente o livro tem tudo para agradar a todos os amantes da boa literatura de terror fantástico.