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Resenha: Treze

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Título: Treze
Autor: Duda Falcão
Editora: AVEC Editora
ISBN: 9788567901510
Ano: 
2016
Páginas: 
192
Compre: Aqui

Sinopse:

Ao abrir as páginas desse tomo, você encontrará 13 contos de horror, bem ao estilo das antigas narrativas weird. No universo de Duda Falcão habitam monstros antediluvianos, demônios, vampiros, bruxas, feiticeiros e criaturas reanimadas trazidas das garras da morte.
Pessoas comuns transitam nesse mundo das trevas, desde estudantes universitários a fotógrafos, detetives despreparados e crianças inocentes. Confira essa obra e trilhe os caminhos inusitados do pulp.

Resenha:

São poucos os autores que conseguem ganhar-me a ponto de que eu deseje ler tudo que eles publicam. Na contemporânea literatura de terror, um desses autores seletos em minha lista é o Duda Falcão. Apresentando as mesmas características que fizeram com que ele ganhasse meu respeito, Trezemostrou-se mais um livro primoroso no currículo do autor.

Infelizmente, por ser uma obra com vários contos – treze, para ser exato –, não poderei falar de todos individualmente. Contudo, farei um breve resumo dos três primeiros para se tenha uma ideia do que esperar da obra e, posteriormente, farei uma análise do livro como um todo.


Eadgar e o Resgate de Lenora, o conto que abre o livro, possui uma mistura de épico com terror, o que é bem interessante. Lenora morreu e aprisionada está nos domínios de Hades. Eadgar, obviamente, não aceita isso muito bem. Então, empenha-se em encontrar uma forma de trazer sua amada de volta à vida.
“A voz cavernosa manifestou-se de um ponto à sua esquerda. Olhou naquela direção Viu a cabeça caída, as pálpebras abertas revelavam olhos azuis. Eadgar mantinha-se concentrado e frio como o gume de uma faca para poder suportar aquela visão inexplicável” (p. 17).
No segundo conto, Sob os Auspícios do Corvo, Duda encaminha o seu leitor para o velho-oeste. Mais uma vez, o amor é a válvula do despertar do terror. Algo acontece com a pessoa amada do protagonista e ele deseja vingança. Como isso acontecerá? Você precisa ler para saber. Contudo, já adianto que você deve estar preparado para conhecer e temer a cultura dos nativos norte-americanos.

No terceiro conto, Os Desejos de Morris, Falcão brinca com o mito da pata do macaco. Para quem não conhece, a pata é um artigo com poderes sobrenaturais que pode realizar três desejos. Porém, é preciso pedir com sabedoria, caso contrário, o mal estará a sua espreita.


Como é possível perceber a partir dos pequenos resumos apresentados anteriormente, Duda viaja pelas mais diversas nuances do terror. Vai do macabro aos vampiros, do velho-oeste à antiguidade. Aproveitando o melhor de capa época, o autor brinca com as características de personagens clássicos e reinventa mitos antigos, dando uma roupagem inteligente e moderna para a obra. O melhor exemplo disso é o vampiro cristão que encontramos em um dos seus contos.
“O demônio sentia-se inflamado pela fúria. Durante aqueles momentos de carnificina, sentira-se dono da situação. Mas algo não estava certo” (p. 44).
Outro ponto muito interessante que é observado na obra é a influência forte que Duda recebe dos mestres do gênero. O autor deixa claro seu fascínio por Poe, Jacobs, Lovecraft e Robert E. Howard. Porém, obviamente, não encontramos uma cópia desses autores. O que vemos é uma homenagem para quem o ensinou muito bem como causar arrepios nos leitores.

Além de bem construído e inteligente, o autor também ganha pontos pela linguagem empregada no livro. Encontramos uma escrita madura inteligente, porém ágil e direta. Mesmo sem fazer voltas e voltas, o autor consegue deixar os personagens e ambientes profundos. Com isso, os contos que, em geral, já são curtos, tornam-se ainda mais rápidos, proporcionando uma leitura rápida e agradável.


Quanto à parte física, tenho apenas elogios. A parceria entre a Argonautas e a AVEC deu muito certo! O livro possui uma capa interessante e que reproduz bem o enredo da obra e as mais diversas referências que iremos encontrar nela. A diagramação é muito bonita e agradável. A revisão também foi bem feita.
“Sempre que me lembro disso, um arrepio percorre a minha espinha. Eu tinha somente doze anos quando aconteceu aquela coisa horrível que matou meus amigos” (p. 123).
Desta forma, diante dos elementos apresentados, resta-me indicar o livro. Duda Falcão mostrou-se, mais uma vez, ser um escritor acima da média. Leia Treze; sem dúvidas você irá gostar.


Adendo: O nome da obra não é treze apenas pela quantidade de contos, mas também pela quantidade. O último texto do livro possui o mesmo título: treze. Ademais, tal numeral  é marcado pela superstição





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