Autora: Audrey Carlan
Editora: Verus
ISBN: 9788576865063
Ano: 2016
Páginas: 154
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Sinopse:
Considerado pela imprensa americana o próximo 50 tons de cinza.
Mais de 600 mil livros vendidos nos Estados Unidos em três meses.
Direitos vendidos para cerca de 30 países.
Fenômeno editorial nos Estados Unidos com mais de 3 milhões de cópias vendidas. Mia Saunders precisa de dinheiro. Muito dinheiro. Ela tem um ano para pagar o agiota que está ameaçando a vida de seu pai por causa de uma dívida de jogo. Ela precisa de um milhão de dólares. A missão de Mia é simples: trabalhar como acompanhante de luxo na empresa de sua tia e pagar mensalmente a dívida. Um mês em uma nova cidade com um homem rico, com quem ela não precisa transar se não quiser? Dinheiro fácil. Parte do plano é manter seu coração selado e os olhos na recompensa. Ao menos era assim que deveria ser... Em janeiro, Mia vai conhecer Wes, um roteirista de Malibu que vai deixá-la em êxtase. Com seus olhos verdes e físico de surfista, Wes promete a ela noites de sexo inesquecível — desde que ela não se apaixone por ele.
Resenha:
Desde que comecei a estudar literatura de uma maneira mais constante e séria, três conceitos ficaram bem nítidos para mim: 1. Nem todo clássico é perfeito e inquestionável; 2. A literatura dita de massa traz sim diversas contribuições boas e significativas para o mundo literário; 3. Vender muito não é, necessariamente, indício de qualidade. No caso de A Garota do Calendário: Janeiro, essa terceira tese que acredito e defendo mostrou-se verdadeira e pertinente.
Na obra, Audrey Carlan nos apresenta Mia, uma garota que está passando por problemas familiares sérios e altamente complicados. Seu pai, devido ao jogo, está com uma dívida enorme com um agiota. Sobra para a filha ser a heroína e salvar o pescoço dele. Para isso, ela vai começar a trabalhar como acompanhante de luxo, onde receberá por mês uma quantia considerável, o que possibilitará o pagamento da dívida feita pelo seu pai.
O acordo de acompanhante é simples: ela apenas precisa acompanhar um homem designado – no primeiro livro, Wes. Ela não é obrigada a manter relações sexuais com ele; contudo, caso o faça, receberá uma comissão de 20% sobre o valor já acordado.
“Wes desabou sobre o meu corpo, sua respiração saindo em ondas curtas contra os pelos da minha nuca. Nós dois estávamos sem fôlego, perdidos em nosso prazer” (p. 66).
Essa é a premissa simples que será a base de doze livros, um para cada mês do ano. A princípio, parece ser uma boa alternativa para quem quer fugir daqueles romances hots muito parecidos, onde do lado temos um CEO, geralmente um conquistador inveterado, e do outro uma funcionária, muitas vezes meio bobinha. Contudo, essa diferença fundamental fica apenas no plano mais superficial. Passando desse primeiro plano, o que temos aqui é a mesma história previsível e altamente clichê.
Além de apenas parecer ser diferente das demais obras do gênero, a escrita da autora ainda se encontra em um nível bem abaixo de muitas outras escritoras, nacionais e estrangeiras, que apostam no romance com conteúdo sexual. Audrey tem uma escrita rasa e com poucos atrativos; seus personagens são tão fracos quanto a sua escrita, mostrando um desenvolvimento psicológico abaixo do mínimo esperado, mesmo para uma literatura que objetiva apenas entretenimento.
O único elemento que o livro apresenta de maneira consistente é o envolvimento sexual entre os protagonistas. O livro prometia ser hot e conseguiu tal fato, com êxito. A protagonista passa por certo descobrimento de si mesma durante a obra, mínimo, mas existente, o que tornam essas cenas talvez um pouco mais interessantes para o público que realmente gosta de literatura hot.
“Beijar para Wes era mais do que preliminares. Era uma marca, algo que ele gravava em minha pele e que eu levaria comigo todos os dias” (p. 115).
O único ponto que parece ter sido trabalhado realmente com maestria na obra é a parte de marketing editorial. A Verus fez um trabalho muito interessante, divulgando de maneira inteligente e forte a obra, tendo tudo para transformar o livro em um fenômeno de vendas também no Brasil. A boa parte física do livro, com uma capa bela e uma diagramação bonita, deve contribuir ainda mais para o crescimento das vendas.
Em suma, A Garota do Calendário: Janeiroé uma obra que parece fugir do padrão, mas não foge; promete personagens interessantes, mas não cumpre; tinha tudo para ter um bom desenvolvimento psicológico, mas não vingou. Se os demais onze livros continuarem nesse mesmo nível raso, a série será apenas mais um caso onde o bom trabalho editorial consegue esconder uma literatura sem grandes atrativos.
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