Título: A Rainha do Castelo de Ar
Autor: Stieg Larsson
Editora: Companhia das Letras
ISBN: 9788535926187
Ano: 2015
Páginas: 688
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Sinopse:
Com mais de 15 milhões de exemplares vendidos no mundo, a trilogia Millennium é uma das mais bem-sucedidas séries policiais dos últimos anos, e já conta com uma versão cinematográfica, prevista para estrear no Brasil ainda este ano. Quer seja tratando da violência contra as mulheres, quer seja enfocando os crimes cometidos por magnatas ou pelo Estado, a saga cumpre sua principal missão: a de nos envolver numa leitura absorvente, cheia de mistérios. Neste terceiro e último volume da série, Lisbeth Salander se recupera, num hospital, de ferimentos que quase lhe tiraram a vida, enquanto Mikael Blomkvist procura conduzir uma investigação paralela que prove a inocência de sua amiga, acusada de vários crimes. Mas a jovem não fica parada, e muito mais do que uma chance para defender-se, ela quer uma oportunidade para dar o troco. E agora conta com excelentes aliados. Além de Mikael, jornalista investigativo que já desbaratou esquemas fraudulentos e solucionou crimes escabrosos, no mesmo front estão Annika Giannini, advogada especializada em defender mulheres vítimas de violência, e o inspetor Jan Bublanski, que segue sua própria linha investigativa, na contramão da promotoria. Com a ajuda deles, Lisbeth está muito perto de desmantelar um plano sórdido que durante anos se articulou nos subterrâneos do Estado sueco, um complô em cujo centro está um perigoso espião russo que ela já tentou matar. Duas vezes. A rainha do castelo de ar enfoca de modo original as mazelas da sociedade atual, tendo conquistado um lugar único dentro da literatura policial contemporânea.
Livros anteriores:
A menina que brincava com fogo
Resenha:
Resenha sem spoiler dos livros anteriores
Como A rainha do castelo de aré um livro que depende completamente da leitura da obra anterior, para não proferir spoiler, passarei direto para a análise da obra. Contudo, caso ainda não esteja por dentro do enredo, faço um breve resumo, também sem spoiler: na obra anterior, Lisbeth foi acusada de cometer três crimes, sendo um deles o assassinato de seu tutor. Por tal motivo, ela acaba fugindo. Com a ajuda de Mikael, ela tenta provar a sua inocência, porém, talvez isso não seja tão fácil.
Para começar, o fechamento da trilogia merece destaque por todo crescimento que os personagens apresentaram durante a saga. Lisbeth continua roubando a cena, com sua personalidade guerreira, sua chama inapagável e sua garra por lutar pelo que acha certo. É interessante acompanhar a sua perspectiva, pois ela sofre bastante, o que acaba dando a ela um aprofundamento psicológico enorme durante as obras. Então, o seu crescimento se torna o mais notável.
Mikael também merece destaque durante a obra. Os casos investigados, os problemas enfrentados e o envolvimento com Lisbeth deixam-lhe mais vivo, mais maduro. Sem dúvida, um dos personagens mais marcantes da literatura policial. Contudo, sem a sua contraparte feminina, a geniosa menina que brincava com fogo, ele parece mais vazio. Isso me leva a concluir que o aprofundamento dos personagens e seus respectivos amadurecimentos deve-se bastante pela interação que existe entre eles.
“Calcula-se em seiscentos o número de mulheres soldados que combateram na Guerra da Secessão. Alistaram-se travestidas de homem. Hollywood deixou passar batido todo um aspecto da história cultural – ou será que esse aspecto incomoda muito do ponto de vista ideológico? Os livros de história sempre tiveram dificuldade em falar de mulheres que não respeitam os padrões de gênero, e em nenhuma área essa limitação é tão evidente como na guerra e no que se refere ao manejo de armas” (p. 7).
Outro ponto que torna o fechamento da trilogia muito rico é o aspecto político-social envolvido. De todas as obras, é nessa que esses problemas se tornam ainda mais latentes. Se nos demais o aspecto já era visível, aqui ele pulsa, o que torna o livro mais profundo e inteligente. Isso faz com que A Rainha do Castelo de Ar seja mais do que um livro policial, mas uma crítica social possante disfarçada de enredo envolvente.
A escrita do autor continua leve e fluída, apesar de possuir alguns momentos onde ele é obrigado a desacelerar para conseguir trabalhar melhor alguns aspectos do enredo. Os aficionados por ação contínua podem se sentir incomodados nesses momentos, contudo, eles são extremamente necessários para que a obra alcance a profundidade que possui.
Em relação à parte física, a obra mantém a mesma estrutura da anterior. A capa não é complexa, mas ainda assim chama a atenção. A diagramação é simples, mas muito confortável, cumprindo o seu objetivo. A tradução e a revisão foram bem feitas, contribuindo para uma boa leitura.
“Apesar da farta coletânea de lendas sobre as amazonas da Grécia antiga, América do Sul, África e outras regiões, só existe um exemplo histórico comprovado de mulheres guerreiras. Trata-se do exército feminino dos Fons, uma etnia do Daomé, na África ocidental, país hoje rebatizado de Benim. Essas mulheres guerreiras nunca são mencionadas na história militar oficial, não foi rodado nenhum filme em que eles sejam as heroínas e atualmente elas só existem, quando muito, em notas históricas de rodapé” (p. 515).
Em suma, A Rainha do Castelo de Aré uma obra rica, com a inserção de aspectos sociais muito interessantes e pertinentes e com uma trama que prende o leitor. Sem dúvidas, vale a leitura.