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Resenha: O Pintor de Memórias

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Título: O Pintor de Memórias
Autora: Gwendolyn Womack
Editora: Record
ISBN: 9788501071606
Ano: 2016
Páginas: 378
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Sinopse:

Um amor que atravessa o tempo. Uma equipe de cientistas prestes a fazer uma grande descoberta sobre a construção da memória e um medicamento milagroso capaz de revelar um mistério antigo.
Bryan Pierce é um renomado pintor cujos trabalhos deslumbram o mundo. Mas há um segredo para seu sucesso: cada tela é inspirada em um sonho excepcionalmente vívido. Sempre que acorda, ele adquire novas e extraordinárias habilidades, como a capacidade de falar línguas obscuras ou um gênio inexplicável para o xadrez. A vida inteira Bryan se perguntou se seus sonhos eram apenas isso ou se seriam memórias, se ele estaria experimentando a vida de outras pessoas. Linz Jacobs é uma neurogeneticista brilhante, dedicada a decifrar os genes que ajudam o cérebro a criar memórias. Ao visitar uma exposição na galeria de uns amigos, ela se depara com a imagem de um pesadelo recorrente de sua infância e adolescência... em um dos quadros de Bryan. Linz localiza o artista, e o encontro dos dois desencadeia o sonho mais intenso do pintor: a visão de uma equipe de cientistas que, na iminência de descobrir uma cura para o Alzheimer, morre em uma explosão no laboratório. Bryan fica obcecado pelas circunstâncias estranhas que cercam a morte dos cientistas, e seus sonhos aos poucos revelam o que aconteceu no laboratório, assim como um mistério mais profundo que o leva ao Egito antigo. Juntos, Bryan e Linz começam a perceber um padrão em seus sonhos. E que há um inimigo mortal observando cada movimento deles que não vai parar enquanto não atingir seu objetivo.

Resenha:

Resenha escrita pela Thaís Snape

Estou impressionada com a qualidade dos lançamentos da Galera e Record, até o momento não houve um livro que não tenha me encantado e com O Pintor de Memórias  não foi diferente. Não imaginei que gostaria tanto da história e que superaria minhas expectativas. Quer saber como? Confira abaixo.

Nas primeiras páginas, começamos a entender um pouco como é ser um pintor de memórias e perceber o quão simples e fascinante é; ao mesmo tempo, é extremamente solitário, já que ninguém consegue entender essas lembranças de pessoas desconhecidas que Bryan tem, por isso, muitas das vezes foi taxado de louco. Porém, ao decorrer da leitura, as peças vão encaixando-se e descobrimos gradativamente o porquê dele acordar estranho e com efeitos de seu último sonho, como falar outras línguas ou até adquirir habilidades da pessoa que sonhou.


“ Meu nome é Bryan Pierce. Estou aqui e agora. Estou aqui e agora. Estou aqui e agora”.
Com toda certeza, um dos principais pontos do livro é: o mistério sobre essas memórias em forma de sonhos que o pintor tem dessas pessoas; algumas delas ele nunca poderia conhecer, já que são de décadas e até séculos passados.  Para deixar a história ainda mais intrigante, a personagem Linz, uma brilhante neurogeneticista, teve por muito tempo um sonho idêntico a um quadro que Bryan pintou. E esse sonho mostrou ser mais importante e fundamental do que pensei.
“De repente, a própria vida tinha se tornado um quebra-cabeça. Objetivamente, porém, Linz era uma cientista e lidava apenas com fatos comprovados por meio de observações e experimentos, enquanto ele era um artista e pintava sonhos”.
O curioso é que Bryan tem essas visões, lembranças, episódios ou memórias alheias há muito tempo e são tão profundas e vívidas que há momentos em que ele não consegue distinguir o que foi realmente foi sonho e o que é real. Quem nunca passou por isso? De acordar de um sonho que pareceu tão real que precisou parar para analisar o que aconteceu e constatar que foi apenas um sonho? Porém com Bryan a conexão é tão intensa que ele sofre bastante com os efeitos.


“ O cérebro é como uma galáxia, com mais células do que há estrelas na Via Láctea”.
Ao mesmo tempo percebe-se que Linz e o pintor possuem uma forte ligação que jamais podiam imaginar. Seria apenas coincidência os encontros inesperados que tinham ou estariam destinados a algo bem maior? E as perguntas não paravam de surgir, como: o que o padre Orígenes e a jovem Juliana do sonho do pintor tinham a ver com a vida deles dois? O que o século III, da década de 80 tem a ver com o presente de Linz e Bryan?

Achei sensacional e fiquei extremamente feliz ao ver a autora citando a teoria do conhecimento de Sócrates – Mito da caverna – e percebi que o pouco que li sobre ele ajudou a entender com mais facilidade e até sacar a ideia do livro mais rápido.

“Linz estava disposta a ingressar em um estado divino ou continuaria para sempre em uma caverna, preferindo o conforto da escuridão às incertezas do mundo exterior?”
As memórias que são contadas em sua maioria são tristes e bem poéticas, outras mostram o poder que o amor de um casal tem sobre as pessoas. Eu me senti transportada para a época descrita e com as emoções afloradas. O aparecimento de uma mulher nos sonhos é tão intrigante, e ao mesmo tempo frustrante, para o pintor e para nós que não conseguimos descobrir quem ela é e o porquê de aparecer sempre nos mesmos momentos. Confesso que fiquei bastante abalada com algumas histórias que eram contadas com tanta profundidade, que ficava impossível não ser empática com as emoções e sentimentos dos personagens.
“Nossos destinos estão interligados. Vou procurar e encontrar você de novo e de novo até voltarmos a esta vida. Nada jamais se perde”.

A obsessão do pintor em descobrir quem é a equipe de cientistas que estavam conseguindo a cura para o Alzheimer é imensa. E conforme mais informações ele conseguia desses, mais intrigado ficava, porque o passado deles tinha a ver com seu presente. Ele conseguia novas pistas para poder finalmente descobrir as respostas que tanto procura e que podem pôr um fim a essas memórias.

Quando comecei a ler demorei a largar o livro e quando o fiz sentia uma urgência de voltar a leitura e percebia que o livro tinha muito a ver comigo. Fala de uma forma bela sobre muitos assuntos, como o surgimento do ódio e suas consequências, o amor, lealdade, destino etc. Em alguns momentos tive que parar para refletir o que tinha acabado de ler; sempre tive curiosidade sobre o que as pessoas acham sobre reencarnação e não tive ainda a oportunidade de me aprofundar sobre esse tema. Posso afirmar que estava gradativamente ficando apaixonada pela leitura.

As almas estão destinadas a amar ou a odiar as mesmas almas inúmeras vezes? Ou podemos conseguir algum tipo de redenção ou entendimento? ”
Bryan é um homem com personalidade forte, é intenso, profundo e com uma grande sinceridade no olhar. Consegui com muita facilidade captar sua essência e ver que enfrenta com bastante esforço os demônios do seu passado através da pintura, que acabou sendo seu refúgio. Não tem maneira mais bonita do que a de transformar aquilo que o perturba em algo que encanta e desembainha admiração nas pessoas, transformando-o em um personagem cativante.

Sua luta em conseguir fazer Linz aceitar a verdade que os cerca é árdua e excessivamente difícil, por ser uma cientista, ela acaba não acreditando que Bryan possa aprender a falar uma língua de um dia para o outro ou que ele consegue adquirir algumas habilidades com muita facilidade e que suas memórias são tão reais quanto os perigos que estão correndo junto com o pai de Linz.
“– Você sabe grego?– Não, eu não sei – respondeu Linz, automaticamente, antes de cair em si. Na mosca, pensou Bryan. Ele se recostou na cadeira, impressionado.
– Você sabe grego, sim.– Acredite, eu saberia se…”

O verdadeiro passado deles começa a vir à tona, e as reviravoltas que acontecem são impressionantes, muitas delas são instigantes que me deram estímulos para avançar com voracidade sobre as páginas e chegar ao seu desfecho final.

“Os olhos eram janelas para a alma”, essa frase fez um grande sentido no livro, seu significado é tão forte e arrebatador que me senti uma tola por ter desconfiado de alguém inocente baseando-me em suas ações que acabei tendo conclusões erradas e acreditei nas palavras e aparência errada de um personagem. Sim, Gwendolyn enganou-me direitinho e admito que não estava preparada para esse feito.

Ao fechar o livro, senti algo inexplicável, foi como se tivesse deixando um pedaço de mim para trás, ao mesmo tempo senti a mesma intensidade de felicidade dos personagens. Ao ler a última frase, ficou impossível não sorrir e ficar relendo os últimos parágrafos. Senti como se o legado do livro tivesse sido deixado para mim.

De todas as palavras que eu possa usar, a que mais bem descreve esse livro seria: surpreendente. É um romance inteiramente diferente de tudo que já li, uma mistura absurdamente primorosa entre passado e presente, a história e poder do tempo, mitologia egípcia e seus deuses, a arte, Ciência e histórias dos nossos antepassados, tudo com uma linguagem de fácil compreensão. 

Estou simplesmente apaixonada por essa obra e digamos que um pouco de orgulho de perceber e ver o grande trabalho de pesquisa e dedicação que a Gwendolyn teve na composição desse romance de estreia. Será um livro que lembrarei sempre com muito carinho.

A capa remete toda simplicidade e as instigantes questões abordadas na obra. Olho para a capa e lembro com facilidade sua história e intensidade.



Com uma linguagem leve e fluída, você lerá com tanto deleitamento que nem perceberá o tempo passando enquanto mergulha na história de Bryan e Linz. A diagramação está boa, com letras e espaçamentos confortáveis, proporcionando rapidez na leitura. Além disso, a tradução do Ronaldo Sérgio de Biasi ficou perfeita e bem próxima da nossa linguagem. Tenho que parabenizar e agradecer o pessoal da Record que por ter feito um lindo trabalho na confecção do livro e ter publicado essa autora. Espero que tragam, para o Brasil, os próximos livros que ela escrever.

Se você gosta de um bom mistério e romance, não deixe de ler essa obra, vale muito a pena e prometo que não vai se arrepender de dedicar suas horas à essa história que guarda grandes segredos e encantadoras surpresas.

Apaixone-se pelo Pintor de Memórias assim como eu.



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