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Resenha: Violent Cases

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Livro: Violent Cases
Autores: Neil Gaiman e Dave McKean
ISBN: 9788576571834
Editora: Aleph
Ano: 2014
Páginas: 64
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Sinopse:

A verdade e a confiabilidade das memórias são o fio condutor de Violent Cases, a primeira e famosa colaboração do escritor Neil Gaiman com o artista Dave McKean. Pressagiando muito do estilo e dos temas que ambos viriam a tratar em criações futuras, a graphic novel mistura ficção e realidade de forma tão singular quanto combina texto e imagem, e traz em seu cerne o poder e a magia de contar histórias. O protagonista nos conta que, quando tinha quatro anos e meio, uma altercação com o pai levou-o a um osteopata para tratar o braço. Este médico dos ossos, de procedência incerta, aparência imprecisa e passado nebuloso, é o pivô das memórias do narrador que, mesmo sem muita segurança, entrelaça os mundos de violência na família, das festas infantis e dos famosos gângsteres do período da Lei Seca.

Resenha:

Sempre gostei de HQ, quadrinhos, tirinhas e outros tipos literatura, apesar de sempre dar preferência a livros no sentido mais específico do termo. Porém, ao ler Violent Cases, apesar de ter certa experiência nesse gênero, eu me surpreendi positivamente. Sempre desbravei HQs de super-heróis, porém, Neil Gaiman e Dave McKean me apresentaram outro tipo de enredo. O que vi foi a realidade como fio condutor de uma história incrível.

Os heróis saem de cena e entram as memórias de um narrador. Ele começa a relembrar, mesmo que de forma nebulosa, quando foi levado pelo pai, após ter machucado o braço, ao osteopata. Lá, ele descobre que seu médico também havia tratado e cuidado, por muitos anos, de Al Capone, um famoso gangster.


Nosso narrador vai a uma festa alguns dias depois de visitar o osteopata. Lá, porém, ele resolve se afastar das crianças que não eram suas amigas e explorar o local do evento. E qual não foi a surpresa do menino ao encontrar alguém que ele jamais imaginava ver por ali? O que ele também não imaginava era que aquele encontro o marcaria por anos.
“Nós nos sentávamos em fileiras diante do palco para assistir ao cabeça careca chegar com os balões fininhos, depois puxar bandeirolas e balas de bilha da boca”.
Com uma linguagem simples e direta, beirando a infantilidade das lembranças, Neil, o autor do roteiro, consegue nos fazer embarcar na mistura de realidade e ficção; festas infantis e do Al Capone; felicidade e dor. O roteiro é tão inovador e ambiciosamente simples que se torna genial.

Em um graphic novel é sempre mais difícil falar dos personagens em si do que em um livro, porém, é inegável que temos duas figuras centrais e que prendem nossa atenção: o médico e o narrador detentor das memórias. A cada desenho queremos saber mais deles, mais das suas memórias, do passado e do presente. Eles são profundos por serem nebulosos, incertos. A ambiguidade faz parte deles de uma forma tão intrínseca que chegamos a imaginar até onde é verdade o que eles relataram.


Se o roteiro é excelente, as ilustrações de Dave McKean nos encantam. Com um traço primoroso e um talento inegável, ele enriquece cada detalhe das páginas. Seus desenhos são realistas, belos e, muitas vezes, angustiantes. Não obstante, ele consegue transmutar os cenários de uma maneira que só um gênio faria.
“Pensei nas outras criancinhas. Cabeças sangrando, uma massa disforme. Mas me senti bem. Me senti feliz”.
Por tudo isso e muito mais – que você só vai conferir ao ter a obra em mãos –, eu afirmo: você precisa ler essa obra. Com um roteiro maravilhoso e ilustrações grandiosas, agradará quem gosta e quem não gosta do gênero.

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