Digo por aí que sou contadora de histórias. Afinal, eu não precisaria de um diploma para sê-la; para ser contadora de histórias basta ser uma pessoa, ter histórias para contar e, então, contá-las. Sinto que, nisto, estou em falta com vocês, pessoas queridas que, aos domingos, veem aqui ler, receber e ressignificar minhas palavras, os meus olhares. Eu acho que lhes devo uma história, então, aqui vai uma:
Diz uma lenda de família que, quando nasci, não chorei. É bem verdade que nasci toda sentimento, porém, ao que parece, nasci, principalmente, moça faladeira. Verdade ou lenda? Sabe-se lá, mas assim cresci. Aliás, cresci mais do que supunham; afinal, menina faladeira cabe no estereótipo, no entanto, menina que mergulha nos livros e narra sua própria história? Ixi! Alguns acreditam que era melhor ter nascido chorando mesmo... Acontece que não dá pra mudar estas coisas: quando a gente aprende a contar nossos próprios causos e guiar nossos roteiros, não há desejo de retrocesso que destrua nossa coragem.
– Mariane, o que tem isso a ver com o Picnic? Eu explico.
Com lenda não se discute e eu garanto a veracidade: sou feita de histórias; passarinhos de histórias, eu diria, pois, toda vez que abro a boca a contar um conto, eles voam de mim e vão encontrar outros. Eu preciso confessar que os meus passarinhos têm preferências pelos pequenos ouvintes; eles gostam de pousar no ombro das crianças e convidá-las para a viagem dos livros. Talvez por isso meus passarinhos de histórias tenham encontrado bonito abrigo num certo Picnic: o Picnic de Palavras.
O Picnic de Palavras é um projeto que começou lá na Colômbia e que fez abrigo em mim há menos de um ano, através de uma amiga (idealizadora da versão brasileira do projeto). Lá na Quinta da Boa Vista, onde ocorrem as edições do nosso Picnic, sento-me debaixo de uma árvore e deixo que os passarinhos voem: eles não saem apenas pela voz que muda de forma e cor, eles voam através dos braços, dos olhares e das gargalhadas. Voam de encontro aos outros pássaros, que me encontram, me desfazem e refazem, também.
Outro dia – vocês não irão acreditar! –, eu dei as boas vindas aos que chegavam para compartilhar seus pássaros – ou histórias, chamem como quiserem – e expliquei que o que servíamos em nosso Picnic não era de comer, afinal, a gente não come livros. Um menino, feito de risadas, respondeu:
– Eu como!
– Você come livros?
– Ahaaaaaaaam!
E desandou numa risada gostosa, de quem sabe o que diz.
Eu poderia fazer o que? Diga-me! Caí junto na risada. Deglutimos os sorrisos, as histórias e as brincadeiras que vieram depois. E, posso dizer? Saímos de barriga cheia, satisfeitos.
Porque, embora muita gente ainda não saiba... Os sonhos alimentam. Os livros também.
Quer conhecer mais sobre o Picnic de Palavras e levar suas crianças para ler, ouvir e compartilhar histórias com a gente? É só procurar nossa página no Facebook (Picnic de Palavras Brasil) e ficar de olho nas datas de nossas atividades.
Eu espero vocês, para compartilhar passarinhos... Ops, histórias. <3 o:p="">3>
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