Título: Doce Vampira
Autora: Ju Land
Editora: Avec Editora
ISBN: 9788567901275
Ano: 2015
Páginas: 197
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Sinopse:
Os vampiros se revelaram ao mundo, mas ainda sofrem muitas desconfianças dos humanos. Apaixonadas Duda e Esther precisam lidar com todos os tipos de discriminação por serem de raças diferentes e ambas do mesmo sexo. Será que o amor delas sobreviverá a segredos e ao fanatismo? Descubra nesse romance com toques de drama e mistério. Entre de cabeça no universo fantástico criado pela escritora Ju Lund.
Resenha:
Muitos já estão saturados dos tais vampiros, eu sei. Se você é um desses, não desanime de ler essa resenha. Garanto-te que Doce Vampiraé totalmente diferente dos livros vampirescos que você encontra por aí. O motivo é simples: Ju Land conseguiu inovar dentro de um tema já batido. Como? Continue lendo para saber mais.
O enredo de Doce Vampira ocorre no futuro, um tempo onde os vampiros já se mostraram ao mundo. Aliás, não apenas se mostraram; eles já estão inseridos na sociedade. Possuem documentos, o sangue que os alimentam é fornecido pelo governo e certa harmonia existe entre a raça vampira e a raça humana.
Nesse contexto, Duda e Esther acabam se apaixonando. O que parecia algo normal acaba se tornando extremamente complicado. Com o relacionamento, preconceitos se afloram e as duas terão que enfrentar discriminações que pareciam não mais existir. Uma escolha precisará ser tomada. Será o amor delas forte o suficiente para resistir?
“As palavras me acalmaram, vi a esperança renascer e um possível destino sendo traçado. Renovei minhas energias, lembrei-me dos momentos felizes que já tivemos e imaginei os que poderiam vir. “Amizade ou amor?”, pensei sorrindo. Como poderia ter dúvidas ainda? Se no princípio foi amizade, hoje era muito mais que isso” (p. 16).
A premissa diferenciada foi o que me chamou a atenção e o que me prendeu durante a leitura de Doce Vampira. Ju Lund conseguiu ir além do que normalmente se alcança na literatura vampiresca; ela misturou fantasia, aspectos distópicos e um romance que quebra com o padrão heteroafetivo que estamos acostumados. Essa mistura, sem dúvidas, é o grande charme da obra.
Outro aspecto que ganha peso no livro é a crítica social realizada. Claramente a autora aborda problemas sociais atuais – como o preconceito – em um futuro distante e fantástico. Isso me lembrou da estratégia da Ursula K. Le Guin no livro A Mão Esquerda da Escuridão: ir para o futuro para ganhar liberdade de falar sobre o presente. Obviamente, isso me agradou demais.
O aspecto distópico também fez a obra ganhar pontos, pois possibilitou que o livro fugisse do “apenas romance”, o que tornaria o enredo cansativo. Nesse ponto, aliás, o detalhe que me agradou é a intertextualidade latente com a obra Laranja Mecânica. A protagonista da presente obra enfrentará algumas dificuldades que parecem inspiradas na obra Burgess. Não é plágio, que fique claro, mas há uma interseção. Apesar da semelhança, as obras se distanciam visto que, em Doce Vampira, os objetivos são diferentes e o processo é menos brutal.
“– Sabe amor, acho estranho um vampiro comer. Nos filmes e livros, vocês nunca comem.– Mitos, Petite, mitos! – disse Esther, dando uma bela mordida em outra fruta que eu nem conhecia” (p. 47).
Contudo, nem tudo são flores; infelizmente, dois pontos desagradam. O primeiro deles é em relação a alguns detalhes no relacionamento de Duda e Esther. Em certos momentos, tudo parecia muito infantil ou superficial, o que me irritava. Aparentemente, faltava algo, seja maturidade das duas ou cenas extras. O segundo problema foi em relação à escrita; apesar de uma narrativa rápida e envolvente, é possível perceber que ela ainda carece de amadurecimento, o que deve ocorrer, acredito, no decorrer da série.
Se em relação ao conteúdo, de uma maneira geral, eu gostei bastante, a diagramação conseguiu fazer o mesmo; afinal, ela está incrível! A capa está muito bonita e possui total relação com a obra. A diagramação está simplesmente perfeita; todos os detalhes só afloram ainda mais a beleza da obra. Além disso, a revisão está muito boa. Ou seja, só tenho que elogiar o trabalho da AVEC.
Assim sendo, diante de tudo que foi descrito, resta-me indicar a obra. Apesar das pequenas ressalvas, Doce Vampiraé um livro inovador, interessante e que prende o leitor do começo ao fim. Se você curte romance e fantasia, essa obra foi feita para você.
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