Quantcast
Channel: Desbravador de Mundos
Viewing all articles
Browse latest Browse all 1532

Resenha: George

$
0
0
Título:George
Autor:Alex Gino
Editora:Galera Junior
ISBN:9788501077677
Ano:2016
Páginas:144
Compre:Aqui

Sinopse:

Um livro emocionante sobre a importância de ser quem realmente é. O primeiro livro juvenil com um personagem trans no Brasil. Seja quem você é. Quando as pessoas olham para George, acham que veem um menino. Mas ela sabe que não é um menino. Sabe que é menina. George acha que terá que guardar esse segredo para sempre: ser uma menina presa em um corpo de menino. Até que sua professora anuncia que a turma irá encenar “A teia de Charlotte”, e George quer muito ser Charlotte, a aranha e protagonista da peça. Mas a professora diz que ela nem pode tentar o papel porque... é um menino. Com a ajuda de Kelly, sua melhor amiga, George elabora um plano. E depois que executá-lo todos saberão que ela pode ser Charlotte — e entenderão quem ela é de verdade também.

Resenha:

Resenha escrita pela Thaís Snape.

Esse mês está sendo dos livros com protagonistas crianças, e claro, que estou adorando isso. Dessa vez, a estrela da vez é a George uma criança tão corajosa e gentil que fica impossível não se emocionar e vibrar com sua luta em provar que é uma menina. Quer saber como foi? Confira abaixo.

Depois que a Shirley, do Marketing da Record, recomendou esse livro, duas coisas chamaram-me atenção nele: o tema abordado e a indicação para as crianças. O que eu não esperava era que iria adorar tanto a história, não sabia o que esperar. A surpresa que tive com o modo que o Alex escreveu foi cativante e ganhou-me imediatamente. Li com uma satisfação enorme; o livro é tão maravilhoso que você pode ler em horas. 

A primeira coisa que achei interessante e gostei no livro foi a forma que o autor se referia ao George no gênero feminino, assim ensinando para a criança desde cedo que, mesmo o personagem tendo um corpo de menino, ela é uma menina. E essa é a principal luta dela no livro, tentando mostrar às pessoas quem ela realmente é.

 Fiquei cativada pela George querer a todo custo mostrar que é uma menina, mesmo tendo tem medo dos preconceitos, julgamentos e reações que receberá de pessoas que não estão acostumadas com o termo “Transgênero”. Sua primeira batalha é tentar revelar seu segredo para sua melhor amiga, Kelly, sua mãe e seu irmão, Scott. Logo Kelly consegue entender o que se passa com sua melhor amiga ao ver suas reações quando ela chama pelo gênero masculino e a ver incomodada e até chateada às vezes. A ficha cai quando George quer ser Charlotte, uma aranha que tem um grande significado para ela.


“Não havia nada que George temesse mais do que quando garotos falavam sobre o que havia dentro da cueca dela”.

Mas quem disse que ser Charlotte seria fácil? A professora Udell recusou seu pedido e nem dando chance de ela se apresentar, pois o papel era direcionado para “meninas”, sendo assim, George não poderia participar. Imaginem a tristeza e mágoa que ela sentiu; percebia que não gostava daquele corpo e como as pessoas a olhavam. Não gostava do modo grosseiro dos garotos e nem de ser comparada a eles, principalmente a Jeff e Rick, que parecem não deixá-la em paz por ser alguém sensível e emotiva e que demonstra seus sentimentos com facilidade, sofrendo zombarias de algumas crianças por ter chorado em sala.
“ [...] Você é forte. Mas o mundo nem sempre é bom com as pessoas que são diferentes. Só não quero que você torne seu caminho mais difícil do que precisa ser”.

Fiquei torcendo para nossa George conseguir o papel de Charlotte, porque possui o talento e interpreta muito bem de uma forma profunda e bela, sendo até melhor que sua amiga Kelly que tentou o papel. Além do mais, as duas são as mais talentosas, gravaram as falas e entonações com perfeição. George queria ser Charlotte e não Wilbur, o personagem principal voltado para os meninos. 


Alex mostra que pais, crianças e escolas não estão devidamente preparadas para lidar e orientar essas crianças que são trans ou gays, muitos não sabem a diferença entre esses termos e acham que um menino se sentir uma menina é consequentemente gay. George passa muito por isso, quando a verdade é que ela simplesmente só quer ser tratada como menina e não sabe bem o que gosta, já que é muito nova. Uma realidade muito comum abordada no livro são pessoas que fingem não ver o que está acontecendo ou simplesmente ignorando achando que é “ apenas uma fase e que vai passar” ou “ eles não entendem o que falam”. Infelizmente, a sra. Udell tem algumas dessas atitudes.
“– Mas isso não é justo!- Kelly ficou indignada.- Você não roubou! Que direito ela tem de tirar de você?–Às vezes, as pessoas transgêneros não têm direitos. - George tinha lido na internet sobre casos de pessoas transgênero que foram tratadas injustamente”.

Outro ponto, muito bem retratado na história, é com relação aos pais e, no caso, a mãe da George, que no início sente um impacto e choque, e rejeita todos pensamentos que tem, fica brava e não quer tocar mais no assunto, tentando esquecê-lo. Porém, aos poucos acha que sua filha é gay, entretanto, acontece uma cena, e a mãe finalmente percebe que tem uma menina em casa e que vai tentar de todas as maneiras se informar e orientar, pois não quer ver sua filha infeliz, quando a solução que tem é simplesmente aceitar e respeitar, amando de maneira igual ao outro filho. O fato de ser transgênero não muda como aquela criança é gentil, inocente, carinhosa e com uma pureza enorme. Nenhuma mãe quer que seus filhos cresçam sendo alguém que não são, apenas para agradar a sociedade, e no fundo sofrendo e sendo uma pessoa amargurada. Quando a mãe da George toma essa atitude, mostra a criança que está respeitando o que a filha é e amando-a do mesmo jeito.
“– Você contou que é gay? – Scott girou o garfo em uma montanha de purê de batata. – Você sabe que não ligo pra isso, né? Antes de papai ir embora, ele me fez prometer cuidar de você. Disse que você era assim.– Eu não sou gay – disse George. Por que todo mundo achava que ela era gay?”


O livro tem poucas páginas, mas com enormes significados e ensinamentos que são importantes na vida de uma criança e até para as pessoas que querem ser pais. Eu acho que as escolas deveriam abordar sobre esses temas, colocaria George como uma leitura leve para as crianças, a linguagem utilizada é carismática e apaixonante. O livro é voltado para os mais jovens, mas adultos podem ler e aprender mais e garanto que fica impossível não se apaixonar pela George.
“– Bem, não se pode controlar quem seus filhos são, mas podemos apoiá-los, não é mesmo?”

Eu não sei como descrever essa experiência incrível que tive com esse livro, acho que só quem ler vai entender como é terminar uma obra e sentir-se mais feliz e um pouquinho mais empática e sábia. É uma leitura agradável e que te prende com uma facilidade impressionante. Consegui sentir nas páginas todas as emoções, sentimentos e amor que nele contém. Alex escreveu não apenas uma história, transcreveu o amor que sente em ser quem é e como as pessoas devem se sentir também.

A Galera Junior teve todo um cuidado na composição do livro. Essa capa é gracinha e tão simples, mas não deixa de simbolizar o que a história representa; essa simplicidade deixou a capa muito linda. A diagramação está ótima e agradável; a tradução da Regiane Winarski, como sempre está impecável. Sempre adoro os livros que tem sua tradução. A revisão, por sua vez, não ficou para trás.


Se você gosta de histórias diferentes e com personagens apaixonantes, não pode deixar de ler sobre a história da George, uma menina que busca ser quem é sem medo.

Viewing all articles
Browse latest Browse all 1532