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Resenha: A esperança é uma torta de maçã

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Título: A esperança é uma torta de maçã
Autora: Sarah Moore Fitzgerald
Editora: Galera Júnior
ISBN: 8501104558
Ano: 2016
Páginas: 176
Compre: Aqui

Sinopse:

Oscar é o melhor amigo e vizinho de porta de Meg. Ele tem o incrível dom de consertar qualquer problema assando tortas de maçã perfeitas. Mas nem suas renomadas tortas conseguem aplacar a tristeza de seu pai, ainda de luto pela morte da esposa. Quando Meg recebe a notícia de que irá se mudar para a Nova Zelândia por seis meses, ela fica devastada com a ideia de ficar tanto tempo longe do amigo. Para piorar tudo, a casa de Meg é alugada pela família da terrível Paloma Killealy, que inventa todo tipo de mentiras sobre o garoto na escola. De repente, Oscar desaparece. Sua bicicleta e suas roupas são encontradas no litoral, e todos acreditam que o pior aconteceu e ele cometeu suicídio. Com a ajuda do irmãozinho de Oscar, Meg decide investigar o paradeiro dele, e por mais difícil que seja, nunca abrir mão da esperança.

Resenha:

Desde que soube que a Editora Record iria lançar este livro, fiquei muito ansiosa e louca para ler, pois, depois de ler De Volta a BlackBrick, fiquei apaixonada pela escrita e a forma delicada e bela da autora de tratar sentimentos importantes para nós. Novamente a Sarah moore Fitzgerald me deixou encantada pela história e suas lições. Quer saber como? Confira abaixo.

No primeiro capítulo, deparei-me com o desaparecimento de Oscar Dunleavy e uma homenagem que as pessoas fizeram para ele, já que as pessoas concluíram que ele se suicidou depois de tantas buscas intensas e nem um vestígio do corpo, apenas de sua bicicleta e sapatos. Enquanto isso, o irmãozinho de Oscar, Stevie, não acredita que o irmão tenha se matado e suas esperanças aumentam quando Meg acredita em suas palavras; ela conhecia bem o amigo e ele nunca poderia fazer isso... ou poderia?
Ele tinha tanta vida pela frente,era o tipo de coisa óbvia e inútil que todo mundo não parava de repetir”.

E assim voltamos ao passado para entendermos o provável motivo do garoto querer suicidar-se. Lemos sobre a amizade entre Meg e Oscar, que se conheceram quando ainda eram bem pequenos e como criaram uma conexão instantânea e cresceram conversando em suas janelas. Conhecemos um Oscar carinhoso, gentil, ingênuo e com uma necessidade imensa de querer ajudar as pessoas ao fazer tortas de maçãs para elas; essa é a única forma que achou para amparar ou contribuir para solucionar os problemas dessas pessoas.
“Para ele, todo mundo era capaz de perceber quando alguém precisa de ajuda, mas poucos realmente se dão ao trabalho de ouvir seus instintos, e essa era a única diferença entre ele e muitas outras pessoas”.

Meg admirava essa qualidade do amigo, gostava do sorriso estonteante e da luz que possuía em contagiar as pessoas, quando a garota descobre sobre a viagem de seis meses desespera-se, não acredita que os pais irão viajar para Nova Zelândia sem pedir sua opinião e ainda não consegue imaginar ficar tanto tempo longe de alguém que considerava tanto e guardava intensos sentimentos. Para sua surpresa, Oscar apenas diz que a experiência de poder viajar e conhecer novos horizontes pode ser divertida, no final das contas.


“Você não deveria desistir das pessoas quando elas desaparecem. Não deveria pensar: Que pena, mas fazer o quê? As coisas são como são”.
A adolescente nos conta como foi a viagem e como manteve contato com Oscar através de e-mails. Trocando mensagens, descobre que sua casa foi alugada para a família Killealy e que lá, agora, mora uma garota da idade dela e que Oscar está fazendo amizade. Ela conta como é Paloma Killealy, uma garota linda com cabelos loiros sedosos e que parece querer muito a amizade do garoto. O que os velhos amigos não podiam imaginar é que a amizade deles iria começar a enfraquecer gradativamente por um mal-entendido que poderia ser resolvido de uma maneira fácil e escolhas de palavras certas.

Ao mesmo tempo, lemos sobre como era a convivência de Oscar com seu irmãozinho caçula Stevie, que andava em cadeira de rodas, e também com seu pai, que não parece o mesmo desde a morte de sua mãe. Mesmo as milagrosas tortas de maçãs não conseguem confortar e aquecer o coração que há tanto não consegue recuperar-se; deprimido, abalado e sempre taciturno, Oscar nem lembra direito a voz do pai e nem como é o rosto de sua mãe e mesmo assim não deixa se abalar, pois Stevie ainda precisa dele e ambos têm um forte amor e carinho um pelo o outro.
“É impressionante a rapidez com que você pode passar de um garoto normal, sem nenhum traço peculiar, para o esquisito das tortas de maçãs com quem ninguém quer falar”.

Por ser tão ingênuo e gentil, Oscar não percebe que Paloma é uma pessoa cruel e egocêntrica; desde que ela chegou, sua vida começou a ser complicada e até triste. Depois que descobre que está sendo mal falado e tratado no colégio, o bullying chega a ser tão grande que começa a sentir-se uma pessoa inútil, patética e que só faz mal às pessoas, quando na verdade é o oposto. Pessoas que já sofreram bullying e conhecem a maldade das pessoas irão perceber o tipo de pessoa terrível que Paloma é: uma criança mimada que nunca foi rejeitada e sempre usufruiu de sua beleza e rosto angelical para tirar proveito de pessoas como Oscar.

Os capítulos sobre a viagem à Nova Zelândia e o compromisso que os amigos tiveram de manter contato podem ter sidos motivos para o desaparecimento do adolescente e isso começou a fazer-me refletir sobre muitos significados que uma amizade pode ter para alguém; como o apoio e ombro amigo são importantes na vida das pessoas. Ninguém consegue ser feliz sozinho.


As investigações de Meg e Stevie de início não conseguia nada, nenhum motivo para o que pudesse causar o desaparecimento de Oscar, ninguém sabia o que tinha acontecido, ele andava tão bem e de repente sumiu. Meg, principalmente, não entendia porque seu amigo poderia tirar sua vida, então sua esperança consistia de que se não acharam o corpo, ele poderia estar escondido em algum lugar. É admirável e belo como os dois tentam a todo custo achar Oscar, não desistem mesmo quando as pessoas considerem que eles estão em negação do fato. O Sr. Dunleavy acredita na morte do filho; depois desse baque parece impossível ser feliz e seguir em frente ao mesmo tempo. Chegava a apertar o coração ler sobre o sofrimento de um pai e as esperanças e olhos brilhantes de Stevie sobre a certeza de que o irmão estava vivo.
“Uma coisa que aprendi é que nem toda paz é boa. A paz pode ser frágil e pode ser feia e pode ser errada. A paz construída sobre mentiras não é paz”.

É lindo e até reconfortante perceber que as mentiras e boatos que a pseudo-amiga de Oscar, Paloma, espalhou no colégio não convenceram Meg, diferentemente de toda a escola e principalmente sua turma, e ela logo percebe que algo estava errado nessa garota gentil e “angelical”. Por ser amiga de muitos anos de Oscar, sabia que ele não poderia ser o que as pessoas estavam dizendo e distorcendo sobre a imagem que tinha do amigo e suas suspeitas sobre essas fofocas serem de alguém que queria destruir e entristecer Oscar.

O livro fala sobre verdadeiro valor de uma amizade e como ela pode ser importante na vida de alguém; a lealdade deve ser o principal sinônimo de amizade, sem essa não existe confiança e a certeza de que pode contar com uma pessoa para tudo, não se pode brincar com os sentimentos do seu amigo banalmente, encher de mentiras e achar que está fazendo o bem e que amizade é uma via de mão única. O livro também fala sobre bullying e suas consequências e como as pessoas não percebem que praticam, ou não entendem. A obra fala ainda sobre o primeiro amor e no quão puro e extraordinário ele pode ser. São essas mensagens e outras que as crianças ou adolescentes encontrarão ao decorrer do enredo. A história do Oscar aos poucos tornar-se intensa e começa a fazer sentido para entendermos seu desaparecimento.
“No final das contas, você nunca deve perder contato com as pessoas que são importantes na sua vida. Não existe desculpa para fazer isso”.

Fala-se a todo momento sobre esperança de ter um dia melhor, de poder recuperar-se de dias ruins, achar o que está perdido,  realizar o impossível, continuar a amar mesmo quando tentam fazê-lo sentir o contrário; esperança de que tudo o que deseja possa tornar-se realidade, é acreditar no amanhã, ela está presente no coração dos que cultivam a bondade, a empatia e a perseverança. Barney, um senhor de idade, mostra ser a prova do poder da esperança e expectativa, e Oscar é causa dela, suas tortas de maçãs são a própria esperança, elas confortam, alegram e dão um significado especial e alegre para quem as recebe. Para ele, todo mundo precisa ter fé e crer que há males que vêm para o bem, pode ser sorte ou azar, o importante é ter esperança e que sem ela ninguém estaria vivo. Gosto quando um livro envolve um personagem idoso que representa a própria sabedoria e uma criança ou pré-adolescente que é a personificação da ingenuidade e que não acreditam na maldade das pessoas. Então, você já preparou sua torta de maçã hoje?


A Galera fez um trabalho incrível com esse livro, essa capa ficou tão linda e delicada representando com poucos elementos e detalhes a essência da história. Mais uma vez, a capa brasileira é a mais bonita de todas as que vi. A revisão ficou ótima, a tradução da Joana Faro novamente ficou impecável e a diagramação ficou confortável, proporcionando uma leitura rápida e mais leve. 

Se você gosta de livros que falam sobre sentimentos e assuntos emocionantes de uma forma delicada e graciosa, vai apaixonar-se por essa encantadora história sobre esperança e amizade.



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