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Resenha: Boa Noite

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Título:Boa Noite
Autora:Pam Gonçalves
Editora:Galera
ISBN:8501106690
Ano:2016
Páginas:240
Compre:Aqui

Sinopse:

Alina quer deixar seu passado para trás. Boa aluna, boa filha, boa menina. Não que tudo isso seja ruim, mas também não faz dela a mais popular da escola. Agora, na universidade, ela quer finalmente ser legal, pertencer, começar de novo. O curso de Engenharia da Computação — em uma turma repleta de garotos que não acreditam que mulheres podem entender de números —, a vida em uma república e novos amigos parecem oferecer tudo que Alina quer. Ela só não contava que os desafios estariam muito além da sua vida social. Quando Alina decide deixar de vez o rótulo de nerd esquisitona para trás, tudo se complica. Além de festas, bebida e azaração, uma página de fofocas é criada na internet, e mensagens sobre abusos e drogas começam a pipocar. Alina não tinha como prever que seria tragada para o meio de tudo aquilo nem que teria a chance de fazer alguma diferença. De uma hora para outra, parece que o que ela mais quer é voltar para casa.

Resenha:

Depois de ler o livro O Amor nos Tempos de #Likes e acabar um pouco com meu preconceito com os youtubers, fiquei encantada pelas histórias dos autores e, quando soube do livro da Pam, logo quis conferir a história. O resultado não poderia ter sido melhor. Quer saber como? Confira abaixo.

No início, pensei que a Alina seria aquelas personagens com autoestima baixa, que se acharia feia, quando nitidamente é bonita, mas ao poucos identificamos uma típica adolescente de dezoito anos: ingênua, insegura com o desconhecido, ansiosa e com muitas expectativas pelo novo, como a Faculdade em outra cidade. Tudo parecia provar que teria uma grande mudança pela frente e isso era o que mais almejava.
“Sentirei saudade, mas ali realmente não é mais o meu lugar. Eu preciso encarar a situação. Não vou deixar que as outras pessoas definam quem sou”.

Ao chegar na República das Loucuras, seu novo lar, conhece a excêntrica Manu; Talita, que é o oposto, sendo mais a centrada; Bernardo, um garoto gentil e carinhoso, namorado de Talita; e o reservado Gustavo. Esse quarteto de amigos logo se enturma e acolhe a novata e caloura e conta tudo o que sabe, como os trotes, festas e quais seus cursos. Eles ficam abismados e, ao mesmo tempo maravilhados, pela garota escolher Engenharia da Computação.



Com o objetivo de deixar seu passado pra trás, não ser mais a garota nerd, antissocial e das cavernas, começa a conhecer novas pessoas, frequentar festas e a mudar um pouco sua rotina monótona, não sendo apenas estudar e viver dentro de casa. Em seu primeiro dia de aula, constatou uma dura verdade: mais de 90% dos alunos eram homens, sendo ela, Julia, Luana e Sabrina o restante da porcentagem. As piadas e falta de respeito dentro da sala começam  atormentá-las com piadas machistas e de conotação sexual, mas Alina é competitiva, não vai ser deixar abalar por comentários idiotas de garotos estúpidos.

A amizade e irmandade dentro da República a cada dia aumenta. Alina começa a conhecer seus novos amigos, seus costumes e com personalidades tão distintas viram um quinteto de amigos incríveis. Você pode se identificar com um deles ou sendo a mistura de todos. Eu, por exemplo, me identifiquei demais com a Alina em sua forma de pensar e de agir, até nos erros parecemos iguais; tirando alguns detalhes, diria que ela é minha irmã perdida que nunca tive.
Uma personagem que também me cativou logo que apareceu foi a Manu, por ter um jeito nada comum e ser mais madura e cabeça aberta. Vi uma pessoa que se preocupa com seus amigos e as pessoas ao seu redor, não liga para julgamentos e opiniões alheias, tem uma grande autoestima e ainda é linda, divertida e hilária, que proporcionou inúmeros momentos engraçados e diálogos bem humorados, o que seria daquele grupo sem essa pessoinha tão cheia de alegria e entusiasmo e como Alina disse “ uma pessoa de humanas”.

Quando começa a se acostumar com a rotina e amadurecendo conforme o mestre passa, Alina começa a perceber as verdadeiras dificuldades e a deparar-se com elas: uma página de fofocas que criou um ranking sobre as garotas da Faculdade de uma forma desrespeitosa e que rotula muitas delas. O machismo aumenta em sua sala ainda mais quando entra com seu grupo para a disputa de um concurso na turma, sendo o prêmio a criação de um app criado pelo projeto vencedor. Problemas e desilusões acontecem, verdades são reveladas e, diante desses turbilhão de aborrecimentos e perturbações, e ela sente cada vez mais falta de sua casa, de sua família e de como era, mas seus instintos dizem para não desistir.
“É o que a cultura do estupro faz com a nossa sociedade, nos cala e nos tolhe os direitos”.

Algumas questões no livro deixam o leitor curioso e com uma enorme vontade de saber os conflitos aparentes e o desenrolar da história como: quais segredos a Atlética de Medicina esconde? Por que Gustavo não se dá bem com alguns personagens? As garotas irão conseguir vencer o concurso sem preconceitos? Como Alina irá reagir quando descobrir que quem ela menos espera irá decepcioná-la? O que acontecerá com as garotas que estão sofrendo abusos e discriminação?
“Por ter sido útil. Por conseguir fazer a diferença. Ao contrário do que somos educadas a pensar, as outras mulheres não são nossas inimigas, mas sim nossas irmãs. Um time. O exército que precisamos proteger. Se não protegermos e cuidarmos umas das outras, não serão os homens que o farão por nós. Juntas somos muito mais fortes”.

O livro fala sobre mudanças, fazermos nossa próprias escolhas sem a interferência de terceiros, sobre não sermos obrigados a nada que não gostamos, sendo isso salientado a todo momento pela Manu para Alina; sobre a nova expectativa e visão quando entra para a Faculdade, sobre o machismo e, principalmente, o presente nas Faculdades em sua grande maioria nos cursos de exatas ,e como isso é encarado de um jeito comum. Fala como as mulheres são tratadas como objetos, como a cultura do estupro acontece com universitários e como as vítimas têm medo dos julgamentos e da não efetiva ação da instituição. Aborda como as mulheres são indefesas e obrigadas a seguir privações de uma sociedade que acha que a culpa é da vítima e nunca do culpado ou agressor, sobre como o feminismo é importante e principalmente a sororidade entre as mulheres. Pam consegue, com uma escrita leve e fluída, falar de assuntos importantes e negligenciados pela maioria, com mensagens fortes, essenciais e indispensáveis criando um enredo rico de ensinamentos e alertas e percebe todo o cuidado e carinho que teve ao desenvolver essa irresistível história.

No geral, foi uma leitura bastante agradável e surpreendente, não imaginava que teria uma história repleta de mensagens positivas e significados. Esperava um livro com foco romântico, mas enganei-me, os pontos centrais são outros e o romance é deixado mais como uma consequência das descobertas e lutas de Alina. É um livro que você lê facilmente em algumas horas e, ao finalizar, sente-se feliz e orgulhoso da literatura nacional. Além disso, acaba com o preconceito de que youtubers/booktubers não escrevem um livro com conteúdo.



A Galera está de parabéns pelo cuidados e carinho que teve com o livro, a capa ficou linda, a revisão ficou excelente e a diagramação ficou sublime e perfeita para o estilo do livro.

Se você gosta de histórias surpreendentes e com mensagens importantes e indispensáveis, não pode deixar de ler o que a Alina tem para contar e aprender.




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