Título: Lúcida
Autores: Ron Bass & Adrienne Stoltz
Editora: Galera Record
ISBN: 9788501077646
Ano: 2016
Páginas: 364
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Sinopse:
Um thriller psicológico eletrizante, do roteirista de Rain Man e O casamento do meu melhor amigo. Sloane é uma aluna nota 10, com uma grande e amorosa família. Maggie vive uma existência glamorosa e independente, como aspirante a atriz em Nova York. As duas não poderiam ser mais diferentes. A não ser por um pequeno detalhe, algo que não têm coragem de revelar a ninguém. À noite, cada uma sonha que é a outra. Os sonhos são tão vívidos que as garotas sentem e experimentam o que a outra está passando naquele momento. Seriam as duas reais? Uma delas estaria mentalmente instável e imaginando a outra? Seriam ambas a mesma pessoa? Qual delas é real?
Resenha:
Quando vi na página da Galera Record esse lançamento, fiquei enlouquecida e doida para ler essa história, porque a sinopse do livro é bem chamativa e com as melhores frases de efeitos. Parece até destino, mas todo livro que deixo como última leitura do mês é o mais surpreendente entre todos que li. Quer saber como? Confira abaixo.
Sloane é a típica adolescente nerd, tira as melhores notas no colégio, comportada, que sempre viveu bem com sua família e nunca saiu muito da sua zona de conforto. Enquanto Maggie é uma adolescente independente, ascendendo em sua carreira de atriz em Nova York, mas que nunca recebeu devidamente a atenção de sua mãe Nicole, que trabalha como editora chefe de da Elle, uma das maiores revistas sobre moda.
Cada adolescente vive em seu mundo, mas à noite, quando deitam para descansar e sonhar, acabam explorando e vivendo a vida de outra pessoa. Maggie só existe se Sloane sonhar e vice-versa, mesmo com vidas, famílias e sonhos diferentes, as duas compartilham uma conexão inexplicável e uma perda, cada uma carrega um sofrimento irreparável. Maggie consulta-se com sua psicóloga Emma e conta sobre esses sonhos lúcidos e o medo que tem de se perder.
“Para qualquer um à procura de um exemplo de dissonância cognitiva, gostaria de apresentar minha mãe”.
Maggie tenta conseguir um grande papel em sua vida como atriz. Ela aprendeu a ser independente por ter uma mãe tão ausente e nada participativa em sua vida e de sua irmã Jade e acaba fazendo na maioria das vezes o papel de Nicole. Sua única preocupação na vida é sua irmã, alguém que ama mais que tudo; não tem amigos, namorados e nada que a prenda a ninguém, até que conhece Andrew e, imediatamente, sente uma ligação com o rapaz, precisando urgentemente ser amiga dele.
Sloane, por sua vez, tenta manter suas boas notas e conseguir aproveitar o máximo possível o preparatório para passar na Universidade de Columbia. Além disso, tenta conviver com a perda de um dos seus melhores amigos. Para piorar a situação, no último ano começou a tratar sua mãe muito mal, mas não sabe por que sente tanta raiva dela, mesmo que ela tente ser bem condescendente.
Maggie e Sloane são como amigas, o detalhe é que elas nunca puderam se encontrar, já que não sabem se são reais ou se uma inventou a outra em algum momento. Porém, cada detalhe da vida pessoal, o que gostam, odeiam, sonham e desejam de cada uma são como parte delas, é uma vida dupla, pois se completam em suas vidas. Maggie gostaria de ter um pouco do amor e equilíbrio entre sua família, enquanto Sloane gostaria de possuir a mesma independência, beleza e jeito de Maggie.
“Mas a verdade é que às coisas mais importantes da vida nos atropelam”.
Os questionamentos começam a surgir sobre esse segredo que as duas compartilham e a pergunta que não quer calar é feita: até que ponto conseguirão ter uma vida normal sem se confundirem com detalhes de “sua outra vida”? Até que ponto Maggie e Sloane sabem que existem? Quem é real? Por que conseguem ter esse “dom”? Maggie sempre imaginou histórias sobre as pessoas que via na rua, mas esse fator a faz ser mais real que Sloane? São tantas perguntas sem respostas.
Os momentos de confusão começam a aparecer, e tenho que dizer que foram belas cenas escritas, porque até fiquei confusa junto com as personagens e isso contou muito a favor dos autores. Já não sabia mais quem poderia ser real, já que ambas passaram por momentos e experiências parecidas. Ideias ou dicas parecem ser apresentadas para podermos apostar nossas fichas em quem é real.
Os capítulos intercalam entre a Sloane e Maggie, então enquanto uma sonha, a outra vive sua própria realidade. Achei bem genial essa ideia de colocá-los assim, pois faz bem mais sentido. Sem Maggie não existe Sloane e vice-versa, ou será que não? Quem é a verdadeira culpada por comandar a vida da outra? Ao longo do enredo sabemos sobre a vida de cada uma, suas paixões, dificuldades e o medo de revelarem a alguém que amam que são “loucas”.
O final é imprevisível porque todas as minhas certezas caem por terra; fui levada a acreditar em uma mentira. São tantas reviravoltas nos capítulos finais que os autores me deixaram confusa. O jogo entre as personagens foi tão bem elaborado a ponto de eu não perceber os detalhes que deixam claro que a verdade esteve sempre ali. Fiquei estarrecida com o desfecho e ao mesmo tempo parei inúmeras vezes para reler às últimas frases e refletir o que tinha acabado de descobrir.
Gostei bastante da história; por nunca ter lido nada parecido, achei excelente o enredo e a forma como os autores conduziram, mexendo com habilidade no meu psicológico e deixando o mistério até a última página. A escrita é bem fluída e leve, mas confesso que quase pulei algumas descrições mais longas, mas minha mente não deixou. Sloane e Maggie são personagens bem construídas e verossímeis, então imaginei com facilidade suas vidas e rotinas.
A Galera fez uma capa linda demais, deixando-a com aquele “ar” de mistério e até um pouco sombrio. A tradução da Glenda D’Oliveira ficou excelente, e a revisão boa. A diagramação, por sua vez, está ótima, com letras grandes e espaçamentos adequados.
Se você gosta de histórias que mexem bem com seu psicológico e te envolvem de uma forma tão intensa e profunda que você se sente na mente da personagem, não pode deixar de conferir essa obra.