Título: O Boticário
Autora: Maile Meloy
Editora: Bertrand Brasil
ISBN: 9788528620641
Ano: 2016
Páginas: 368
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Sinopse:
Um remédio para tratar da saudade leva dois jovens a uma aventura em plena Guerra Fria. O ano é 1952, e a família Scott muda inesperadamente de Los Angeles para Londres. Janie Scott se sente desconfortável na nova escola, até que o boticário local lhe promete um remédio para tratar a saudade de casa. Mas a verdadeira cura só acontece quando conhece o filho do boticário, Benjamin, um menino curiosamente desafiante que sonha se tornar um espião. O pai de Benjamin, no entanto, não é um boticário comum, e, quando ele é sequestrado, cabe a Benjamin e Janie cuidar de seu livro sagrado, a Farmacopeia, pois espiões russos não veem a hora de colocar as mãos nele. Que segredos o livro contém? Descobrindo elixires transformadores que nunca imaginariam existir, Janie e Benjamin embarcam numa perigosa missão para salvar o boticário e evitar uma iminente catástrofe nuclear.
Resenha:
Há livros que te ganham aos poucos; outros surpreendem imediatamente e te arrebatam. Dentre estes, O Boticáriocertamente se encaixa no segundo grupo. A narração e a magia são os principais motivos, porém ainda há muitos outros. Quais? Leia abaixo para conferir.
Durante a segunda guerra, Janie se vê obrigada a mudar de casa. Seus pais acreditavam na liberdade de expressão, contudo, o governo americano, aparentemente, não. Acusados de serem comunistas, a família é obrigada a fugir das terras americanas e se refugiar no velho continente. Contudo, o que poderia ser uma mudança maravilhosa se torna um tormento para Janie. Ela definitivamente não consegue se acostumar com o novo lar e com as novas condições.
Em busca de mudar essa situação, Janie encontra um boticário que promete um remédio para saudade. Se isso já era maravilhoso para a garota, tudo se torna ainda melhor quando ela conhece Benjamin, o inteligente filho do boticário. Aliás, será com ele que ela viverá as mais inesperadas aventuras e emoções.
“É seguro dizer que eu não estava animada sobre a mudança para Londres. Eu não era nenhuma Jane Austen espirituosa, paciente, adaptável. E, se fosse um pouquinho parecida com Katherine Hepburn, seria nas cenas em que ela é uma peste terrível” (p. 22).
Partindo dessa premissa, Maile Meloy cria uma trama inteligente, bela, singela e nada forçada. Tramas que misturam realidade e fantasia, muitas vezes, pecam na inserção do elemento mágico. É nesse ponto que a trama do presente livro se destaca: a autora não comete esse erro; ao contrário, faz a inserção com maestria. A mágica e as poções parecem ser algo natural, apesar de espetacular, de nosso mundo.
Essa naturalidade, casada com uma escrita encantadora, torna a leitura da obra ainda mais envolvente. Maile sabe como escrever bem, de maneira ágil e sem perder a beleza dos pequenos detalhes. Isso faz com que o livro fique muito à frente de centenas das obras voltadas para o público juvenil, que muitas vezes parecem ter sido compostos de maneira desleixada. Esse fator da escrita, incrementado pelo elemento do fator histórico, torna-se completamente irresistível.
A autora também merece destaque pela boa construção dos personagens, sabendo aprofundar cada um deles no momento correto. Isso faz com que a trama seja profunda, mas não entediante, nos momentos em que trabalha os personagens, e ágil e envolvente em todo resto. Ademais, o fato dos protagonistas terem recebido um bom trabalho, juntamente com a inserção da magia de maneira natural, faz com que a obra ganhe e muito no quesito verossimilhança, um elemento que é essencial no desenvolvimento das boas obras.
“Ele não é um boticário comum – disse Danby. – É... um tipo de alquimista. Ou um mágico” (p. 324).
Por fim, o livro ainda consegue conquistar por sua parte física espetacular. A capa é muito bonita, mas é a diagramação que faz um show à parte. Cada detalhe interno do livro deixa a leitura mais prazerosa. Ademais, o trabalho ainda conta com uma boa tradução e revisão. Desta forma, tudo contribui para uma ótima leitura.
Em suma, O Boticárioé uma obra bonita, inteligente e que ganha o leitor sem qualquer dificuldade. Como muito bem definiu o Los Angeles Times, “o tom é perfeito”. Certamente, você precisa conferir esse trabalho.
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