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Resenha: Achados e Perdidos

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Título: Achados e Perdidos
Autor: Stephen King
Editora: Suma de Letras
ISBN: 9788556510075
Ano: 2016
Páginas: 352
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Sinopse:

“– Acorde, gênio.”
Assim King começa a história de Morris Bellamy. O gênio é John Rothstein, um autor consagrado que há muito abandonou o mundo literário. Bellamy é seu maior fã e seu maior crítico. Inconformado com o fim que o autor deu a seu personagem favorito, ele invade a casa de Rothstein e rouba os cadernos com produções inéditas do escritor, antes de matá-lo. Morris esconde os cadernos pouco antes de ser preso por outro crime. Décadas depois, é Peter Saubers, um garoto de treze anos, quem encontra o tesouro enterrado. Quando Morris é solto da prisão, depois de trinta e cinco anos, toda a família Saubers fica em perigo. Cabe ao ex-detetive Bill Hodges e a seus ajudantes, Holly e Jerome, protegê-los de um assassino agora ainda mais perigoso e vingativo.

Resenha anterior:

Resenha:

Resenha sem spoilers do livro anterior

Mr. Mercedes, apesar de excelente, não é o melhor livro do King. Ainda assim, após a leitura, o autor conseguiu me deixar louco para conferir a continuação. Felizmente, a Suma não demorou muito para publicar o segundo livro, visto que esse consegue ser muito superior ao primeiro. Os motivos? Conto-te abaixo.

Tudo nesse livro está ligado à literatura, o que por si só já é incrível. John Rothstein é o autor que tanto motiva esse lado literário da obra. O escritor é um gênio, escreveu uma trilogia amplamente reconhecida por críticos e leitores, porém, posteriormente, parou de publicar e se tornou recluso. Por um lado, deixou seu legado ao mundo. Contudo, por outro, irritou muitos leitores. Eles não se conformam com o fim dado à obra. Uma continuação era necessária. Aliás, alguns leitores seriam capazes de matar pela sequência da série. Morris é um desses fãs. Matar é exatamente o que ele faz.


Muito tempo depois, conhecemos Peter Saubers. Ele é um garoto inteligente, crítico, leitor assíduo. Saubers é quem encontra um verdadeiro tesouro perto de sua casa. Muitos cadernos enterrados, contendo os trabalhos não publicados de Rothstein. Além disso, uma quantidade considerável de dinheiro. Este ele pega para ajudar seu pai, vítima do Mr. Mercedes no primeiro livro da trilogia; os cadernos, ele guarda para si. Entretanto, mal sabia ele que os escritos de Rothstein mudariam sua vida, para bem e para o seu pior pesadelo.
“– O tempo é a resposta – afirmou o sr. Ricker no primeiro dia de aula do primeiro ano do ensino médio. Ele andou de um lado para o outro da sala, com a antiquada calça boca de sino balançando, sacudindo os braços ocasionalmente. – Sim! O tempo separa impiedosamente o que é idiotado que não é idiota. É um processo natural, darwiniano. É por isso que os livros de Graham Greene estão disponíveis em qualquer boa livraria, e os livros de Somerset Maugham não. Esses livros ainda existem, é claro, mas você precisa encomendá-los, e só faria se já tivesse ouvido falar deles. A maioria dos leitores de hoje em dia não ouviu” (p. 89).
Partindo dessa premissa, King consegue costurar os acontecimentos do primeiro livro com os desse exemplar, convocando, novamente, o querido detetive aposentado Bill Hodges e seus incomuns assistentes para ajudá-lo. Sem ser forçoso, Stephen King consegue orquestrar os acontecimentos de maneira inteligente, principalmente utilizando o seu principal recurso: bons personagens.

Bill, Peter, Morris, todos esses personagens são complexos e fascinantes, assim como Mr. Mercedes foi na primeira obra. Bill já é um velho conhecido, aprofundado e bem trabalhado. Nesse volume entendemos um pouco mais dele e de seus traumas após os acontecimentos do livro anterior, o que torna o personagem ainda mais verossimilhante. Peter, por sua vez, é um garoto que consegue nos cativar. O seu principal trunfo é simples: ser um leitor apaixonado. É quase impossível não se identificar com esse protagonista. Morris, por sua vez, tem tudo que um vilão precisa ter: loucura, ódio, raiva, um bom motivo e muita vontade de sangue. Ou seja, temos personagens complexos e loucos; ingredientes perfeitos para uma excelente obra.


Outro elemento que ajuda na construção da obra é a linguagem utilizada pelo autor. Em alguns momentos, King mantém seu padrão de escrita detalhada, cadenciada, detalhista. Contudo, compensa em outros, principalmente na parte final, onde ele transforma a obra em algo alucinante, sendo impossível de largar. Quem já é fã do autor, certamente, sentir-se-á em casa ao conferir esse tipo de construção. Quem pouco conhece da escrita do autor pode acabar desanimando com o início mais lento. Contudo, cabe o alerta: persista, a obra vale a pena.
“Pau que nasce torto nunca se endireita, esse era outro ditado antigo, e quando se é um babaca pretensioso, sempre vai ser um babaca pretensioso” (p. 145).
Quanto à parte física, o livro mantém o bom padrão da obra anterior. A capa é muito sanguinolenta e representa bem a premissa do livro. A diagramação é simples, mas muito confortável; combinada com a boa tradução e revisão, gera uma ótima leitura. Ou seja, temos o padrão Suma de Letras colocado em prática, ajudando para que tenhamos uma excelente experiência. 

Em suma, Achados e Perdidosé envolvente de uma forma macabra, no bom e velho estilo King de escrever. O livro ainda conta com personagens cativantes, uma trama bem delineada e um desfecho alucinante. Ainda não chega perto de ser o melhor livro do King, mas dá bons reflexos de tudo que o autor já produziu de melhor e ainda pode produzir. 



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