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Resenha: Valis

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Livro:Valis
Autor:Philip K. Dick
Editora:Aleph
ISBN:9788576571773
Ano:2014
Páginas:312
Compre:aqui

Sinopse:

A vida de Horselover Fat sempre foi repleta de paranoia e episódios depressivos. Apesar de tentar ajudar os amigos, nunca obteve muito sucesso. Presa de sentimentos confusos e pensamentos intrincados, ele ocasionalmente flertava com a ideia do suicídio. Mas tudo muda quando Fat (ou Phil, a distinção nem sempre é clara) é atingido por um intenso feixe de luz rosa. A partir de então, dá início a uma verdadeira jornada pessoal para entender o que aconteceu: se foi um momento de loucura ou se, de fato, uma entidade divina se revelou para mostrar-lhe a verdadeira natureza do mundo. Transitando entre a mística religiosa, o gnosticismo e a tecnologia extraterrestre, Fat sai em busca de um messias reencarnado que já teria passado pela Terra e acaba percebendo que as fronteiras da realidade começam a ficar cada vez mais difusas. Um dos últimos livros escritos por Philip K. Dick, Valis espelha o conjunto de experiências e ideais teológicos do autor. Sua narrativa quase autobiográfica, repleta de digressões filosóficas e religiosas, é leitura absolutamente essencial para compreender a visão de mundo de um dos mais geniais escritores de ficção do século 20.

Resenha:

Valisé o terceiro livro que leio do Philip K. Dick e, confesso, já me rendi ao talento do autor. Nesta obra, temos uma premissa única: um louco narrando sua experiência religiosa em terceira pessoa, porque, de certa forma, ele não acredita que ele é ele mesmo. Complexo? Talvez um pouco. Porém, o livro é loucamente genial.

O nosso narrador é Phil, alter ego de Horselover Fat (Ou seria o contrário?). Ele, ou eles, como preferir, é o que chamamos de um louco de pedra. Com algumas passagens médicas por suspeita de falta de equilíbrio mental e uma vida cheia de paranoias, Fat entra em depressão e tenta o suicídio. Mas tudo muda em sua vida quando uma luz rosa, disparada do nada, o atinge e ele acredita ter recebido uma revelação divina.


Desse dia em diante, Fat esquece a sua loucura – ou a potencializa, vai depender do ponto de vista – e resolve ir em busca de sua revelação religiosa. Ele começa a escrever uma exegese e a discutir constantemente com seus amigos as suas teorias mirabolantes. Porém, Fat nem imagina que ainda existe muitas coisas a serem descobertas.
“Então ele percebeu que ela não estava pedindo socorro. Estava tentando morrer. Ela era completamente louca. Se fosse sã, perceberia que era necessário ocultar seu objetivo, porque assim ela tornaria Fat cúmplice” (p. 10).
Como dá para perceber pela premissa, Valisé realmente um livro doido. Porém, é toda essa loucura no enredo que o transforma em um clássico da ficção científica. Cheio de reflexões filosóficas e até mesmo teológicas, percebemos que a mesma moeda – Deus – pode ter mais de uma faceta.

Isso só é possível através da narração incrivelmente bem feita de Dick. Phil ou Fat, como vocês preferirem, nos carrega para dentro de sua loucura e nos ganha pela experiência. Em alguns momentos, nós desejamos que todas as suas paranoias e crenças religiosas sejam verdadeiras e que ele encontre, pelo menos uma vez na vida, sua felicidade.


Outro ponto que merece elogios é a construção dos personagens, com destaque para Kevin. De um jeito cínico, incrédulo e até mesmo meio psicótico, ele nos ganha de maneira única. Seu principal prazer é contrariar Fat e deixá-lo com ainda mais cara de maluco.
“A maioria dos comportamentos insanos pode ser identificada com o bizarro e teatral. Você coloca uma panela na cabeça e enrola uma toalha na cintura, se pinta de roxo e sai por aí” (p. 11).
Kevin é o oposto de Fat. Ele não acredita na revelação através do enigmático raio rosa e ainda afirma que mesmo que isso seja verdade e o tal Deus de Fat exista, Ele terá que explicar porque o seu gato, que era bom, morreu injustamente. Sim, Kevin acredita que seu gato morto prova que deuses não existem. Isso é apenas o começo da viagem dos personagens.

Se todo o enredo é muito bom, a Aleph não fica atrás. Em uma edição única no mundo, a editora constrói uma capa tão louca quanto o protagonista, revisão e tradução excelentes e, para animar qualquer fã, um quadrinho no fim da obra mostrando a tal experiência religiosa de Fat.


Por tudo isso e muito mais, eu recomendo a obra de olhos fechados. Só não se espantem, de início, com as loucuras e devaneios de Fat. Vale a pena ir até o fim do livro. Ele vai entrar na lista dos seus favoritos.
“Para Sherri, o mundo se dividia em preguiçosos, maníacos, viciados, homossexuais e amigos que apunhalam você pelas costas. Ela também não via muita utilidade para mexicanos e negros. Fat costumava estranhar a falta total de caridade cristã de Sherri, no sentido emocional” (p. 110).





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