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Resenha: Suzy e as águas-vivas

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Título: Suzy e as águas-vivas
Autora: Ali Benjamin
Editora: Verus
ISBN: 9788576865377
Ano: 2016
Páginas: 223
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Sinopse:

Romance autêntico e comovente, finalista do National Book Award de 2015. Suzy Swanson está quase certa do real motivo da morte de Franny Jackson. Todos dizem que não há como ter certeza, que algumas coisas simplesmente acontecem. Mas Suzy sabe que deve haver uma explicação — uma explicação científica — para que Franny tenha se afogado. Assombrada pela perda de sua ex-melhor amiga — e pelo momento final e terrível entre elas —, Suzy se refugia no mundo silencioso de sua imaginação. Convencida de que a morte de Franny foi causada pela ferroada de uma água-viva, ela cria um plano para provar a verdade, mesmo que isso signifique viajar ao outro lado do mundo... sozinha. Enquanto se prepara, Suzy descobre coisas surpreendentes sobre o universo — e encontra amor e esperança bem mais perto do que ela imaginava. Este romance dolorosamente sensível explora o momento crucial na vida de cada um de nós, quando percebemos pela primeira vez que nem todas as histórias têm final feliz... mas que novas aventuras estão esperando para florescer, às vezes bem à nossa frente.

Resenha:

Eu já sabia que iria gostar de Suzy e as Águas-Vivas, só não esperava que iria adorar tanto e ficar bastante tocada pela história, que é linda e inspiradora. Aliás, sei que vai conquistar os leitores assim como eu fui. Quer saber como? Confira abaixo.

Suzy perdeu sua ex-melhor amiga muito cedo e não entende como uma garota que sabia nadar tão bem podia ter se afogado; a última lembrança que deixou para Franny não é nada agradável, a Pior Coisa que fez ainda faz a garota arrepende-se e culpar-se por algo que talvez nem tenha tanta culpa assim. Entretanto, busca saber como se redimir e descobrir que existem coisas incríveis e maravilhosas no mundo além de dor e sofrimento.

Determinada a comprovar que Franny morreu devido à picada de uma água-viva pouco conhecida, a garota mergulha profundamente em sua pesquisa de descobrir como provar sua teoria e mostrar as pessoas a repararem mais no mundo à sua volta. Ao mesmo tempo, tenta lidar com sua família e luto; ela entrou em um mundo de não-falar que preocupa seus pais e irmão; do que adianta falar à toa quando é melhor ficar calada, que dá no mesmo que nada? Foi com essa pergunta que percebi o quanto fazia um certo sentido no que Zu fazia.

A morte de Franny foi contada de uma forma rápida e direta, mas parecia que a personagem foi alguém querido e que fez parte de nossa vida alguma vez. A dor que ela trouxe às pessoas é facilmente sentida por aqueles leitores que são mais sensíveis emocionalmente, então, claro que eu já estava querendo derramar umas lágrimas por uma personagem que só aparece em poucos flashbacks.
“A questão é que temos muito poucas chances de consertar algo, de fazer as coisas ficarem certas. Quando uma dessas oportunidades aparece, não se pode ficar pensando demais. É preciso segurá-la e agarrar-se a ela com toda força, por mais paf paf que ela possa parecer”.

Estava curiosa para saber o que Suzy fez. Por que se culpava tanto ao ponto de isolar-se do mundo? Sua obstinação em saber se sua hipótese sobre a água-viva, que pode ter matado sua ex-melhor amiga, traria algum conforto ou benefício? Será que a Pior Coisa era tão grave assim? Eram muitas perguntas sem respostas enquanto li os primeiros capítulos.
“– Dizer adeus é importante – disse ela. – É o que nos permite começar a viver outra vez”.


Suzy é uma garota muito especial e inteligente, diria que é até muito sensível e empática; a forma como enxerga o mundo é admirável, não liga para o que as pessoas pensam sobre sua pessoa, preocupa-se com coisas úteis e incomuns para alguém da sua idade, é curiosa e até ingênua demais. Porém, para uma garota da idade dela, é bem madura e nem parece alguém insegura e que não consegue se expressar. Com todas essas qualidades, não tem como não se apaixonar pela garota, e existem muitos outros fatores que vão contribuir também.

Nunca me interessei em pesquisar sobre as águas-vivas, mas sempre as achei fascinante e interessantes, principalmente pela sua aparência e pela forma como se comportam. Ler sobre elas nessa história foi encantador e inspirador, nunca olhei para esses seres com o mesmo olhar poético que Suzy teve, além disso, as curiosidades e fatos que li foram engrandecedores e deixaram a leitura muito mais rica.

O ensino fundamental é uma das piores fases da vida, e Suzy verá bastante isso, já é o segundo livro que leio com essa temática sobre bullying. Eu não consigo ler cenas de crueldades e bullying sem me sentir com raiva e impotente. Nessa fase, os pré-adolescentes são irracionais e, muitas vezes, cruéis sem perceberem. O amadurecimento, às vezes, é difícil e traz consequências ruins; nessa fase o bullying com toda certeza é maior e poucos pais e professores percebem.
“De alguma maneira, esta realidade, de que às vezes as coisas de fato simplesmente acontecem, parecia ser a verdade mais assustadora e mais triste de todas”.

Não vou falar muito sobre a história, pois é um livro que deve ser lido sem que você saiba muitas coisas para poder surpreender-se, apaixonar-se e sentir nas páginas o que a autora tem a passar. É uma história para ser sentida e pessoal com o leitor. Poucos são os livros que deixam-me sem palavras e eu digo no sentido de “não conseguir expressar, apenas sentir”, porque muitos outros me deixam sem palavras, mas na hora  de escrever, escrevo mais do que devia.  

Porém, tenho que dar destaque para um segundo personagem que foi chegando aos pouquinhos e ganhando seu espaço na história; essa pessoinha que me encantou com uma naturalidade tão absurda que fica impossível não sorrir e rir só de falar... Sem mais delongas, esse personagem é o Justin Maloney, aluno da mesma classe que Suzy. Juro, não imaginava que iria adorá-lo tanto, mesmo depois do apelido carinhoso que deu a Zu e outras coisas tão fofas e graciosas.

Ali Benjamin fala sobre coragem, amor, luto, esperança, amizade, pré-adolescência, medo e questionamentos internos. Inúmeros assuntos, mas todos bem explorados e apresentados, com leveza e delicadeza demonstradas ao escrever essa história. A força que transmite é arrebatadora e inspiradora, o modo como inseriu às águas-vivas no contexto de uma forma bastante poética e delicada chega a ser tocante, um olhar que só alguém bastante sensível poderia ter sobre o nosso mundo e que ajuda as pessoas a perceber o universo ao seu redor, a reparar e gostar dos pequenos detalhes da vida. Uma história que deveria ser lida principalmente para as crianças, que são as mais curiosas e inocentes.


A Verus Editora fez um excelente trabalho na composição desse livro, essa capa é realmente linda e os detalhes adicionados deixaram-na mais atraente. A tradução da Cecília Camargo Bartalotti ficou impecável, a revisão excelente e a diagramação ficou uma graça.

Sem dúvidas, é uma história tocante e comovente que deixará os leitores encantados com tanta leveza e profundidade deixando-os no final inspirados e cativados.




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