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Resenha: O menino feito de blocos

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Título: O menino feito de blocos
Autor: Keith Stuart
Editora: Record
ISBN: 8501108081
Ano: 2016
Páginas: 378
Compre: Aqui

Sinopse:

Uma história sobre um pai e seu filho autista, e sobre um jogo que mudou suas vidas. Alex ama sua família, mas tem dificuldade em se conectar com Sam, o filho autista de oito anos. A tensão crescente da rotina leva seu casamento ao ponto de ruptura. Jody não aguenta mais o marido ausente e que pouco participa da vida do filho. Então Alex vai morar com o melhor amigo, e passa a dormir no colchão inflável mais desconfortável do mundo.
Enquanto Alex enfrenta a vida de homem separado, cumpre a função de pai em meio-expediente e é confrontado com segredos de família há muito enterrados, seu filho começa a jogar Minecraft. E o que acontece depois disso é algo que nem Alex, nem Jody, nem Sam poderiam imaginar. Inspirado no relacionamento do autor com seu filho autista, “O menino feito de blocos” é um livro emocionante, engraçado e verdadeiro sobre o poder da diferença e sobre um menino para lá de especial.

Resenha:

Quando li a sinopse desse livro, fiquei imediatamente emocionada e apaixonada pela história e coloquei, no mesmo momento, na minha lista de leitura assim que saísse da pré-venda. Hoje venho confirmar que o livro é lindo demais e deixou-me encantada pela história. Quer saber o porquê? Confira abaixo.

Alex foi morar com seu melhor amigo, Dan, após não saber mais como lidar com seus próprios problemas pessoais, seu filho autista e as brigas constantes que tem tido com sua esposa, Jody. Os últimos cinco anos foram difíceis para ele e cansativo para ela, pois Alex sempre se distanciava e deixava o comando e as responsabilidades com sua esposa para cuidar do pequeno Sam.

Além do problema com o autismo do filho, Alex tem que lidar com um acontecimento muito forte do passado que o assombra depois de duas décadas. Além disso, precisa descobrir uma forma de ajudar Jody, voltar para casa e descobrir o verdadeiro Sam, já que sempre esteve ausente para dar atenção a ele.
“Uma lição superdivertida que se aprende bem rápido como pai de uma criança propensa a rompantes frequentes: as pessoas adoram julgar. Gostam de zombar de você do alto de suas vidas aparentemente perfeitas”.
Sam é um garoto engenhoso, bastante gentil e sensível, é muito inteligente apesar do atraso em relação às crianças de sua classe de aula, possui uma pureza tão forte e palpável e, para completar, é um encanto. Por ser autista enfrenta muitos problemas com tudo a sua volta, fica irritado muito rápido, não consegue comer mais do que quatro tipos de pratos, parece odiar sua escola pelo provável bullying e é extremamente solitário e insociável.


Encontrei os verdadeiros problemas enfrentados pelos pais e por essas crianças autistas, a realidade dessas são completamente diferentes da nossa. Vi isso em Sam; pela sua visão efêmera e delicada somos feitos de engrenagens, roldanas, mecanismos que precisam de um sentido e lógica para entender esse mundo, pois tudo parece acontecer rápido demais, ele tenta entender e descobrir como funcionamos para poder se adaptar e viver sem medo.

Dan é um ótimo amigo e o cúmplice de Alex ao abrigá-lo em sua casa; são companheiros de longa data e ao mesmo tempo são completamente diferentes, desde seu modo de viver até o de vestir-se e comportar-se. Dan tentará, aos poucos, alertar o amigo sobre o caminho certo para ter uma melhora e aproximar-se de Jody e voltar para casa.

Alex ama sua família e tentará com todas as forças lutar por ela, por isso tenta aos poucos criar alguma conexão com seu filho e entendê-lo melhor, só que ele não esperava que um jogo faria esse laço ser tão forte. Quando Sam começa a jogar Minecraft, passa a entender um pouco como funcionam as coisas para ele. O jogo consegue juntá-los de uma forma inimaginável e bastante transformadora; são pequenas mudanças que acontecem, mas com grandes resultados na vida dos dois.
“Eu não tinha pensado nisso antes, em como o autismo é uma versão amplificada e muito centrada de como todos nos sentimos, das ansiedades que todos temos. A diferença é que o restante de nós esconde sob camadas de negação e de condicionamento social”.
O crescimento de Alex como pai é, aos poucos, notável. Óbvio que muitas vezes ele vai errar e terá vários arrependimentos, porém o mais incrível é que deles vai tirar inúmeras lições e entender o verdadeiro sentimento e amor que um pai sente pelo filho, aprenderá a lidar e entender melhor Sam e também a si mesmo ao decorrer de sua separação experimental, além de achar seu lugar no mundo. Ademais, perceberá que o autismo nem sempre foi o monstro que sempre o separava de seu filho e causava um estresse bem grande em sua vida.

“Somos eternos editores das nossas próprias histórias”.
Ler sobre a rotina do Sam mostra como é o amor e dedicação que os pais têm com seus filhos, principalmente quando eles são especiais. Eu compreendia aos poucos sobre o autismo e entendia o porquê de essas crianças serem assim e porque precisam e necessitam de tanta paciência e atenção.

O orgulho e admiração que Alex sente de Sam é o mesmo que senti ao ver os pequenos feitos e progressos dele ao tentar se adaptar com o mundo e com as pessoas, ainda mais quando nos surpreende com ações feitas sozinho.
“– A vida é uma aventura, não um passeio. É por isso que é difícil”.
O poder que o Minecraft teve com Sam é surpreendente e encantador; o desdenho que fazia desse jogo não existirá mais, aliás, com qualquer jogo, pois percebi a importância que pode ter na vida das pessoas, mesmo que não faça na minha, porque o mundo precisa ser entendido por nós pelas nossas perspectivas e, principalmente, devemos respeitar aqueles que pensam e enxergam diferente da gente. O mundo é um grande jogo de blocos, engrenagens e enigmas que são desvendados de inúmeras formas e jeitos.


Os capítulos finais são emocionantes, em especial um deles que desabei em muitas lágrimas pelo lindo significado e admiração que senti do Sam, um garoto que aos poucos vai nos encantando e cativando; vou lembrar dele sempre com carinho e orgulho.
“As palavras não são mais importantes do que as formas, as palavras são só formas também”.
O Menino Feito de Blocosé uma história linda, tocante e profundamente sensível, que nos ensina sobre amor, família, o descobrimento de um pai que vivia no passado e preocupado com o futuro e que poucas vezes tentava fazer a diferença e descobrir quem era o verdadeiro Sam. É a trajetória percorrida por Alex para entender que o autismo não era um obstáculo para entender e amar como nunca antes; perceber os erros que cometia ininterruptamente sem notar e que quase destruiu sua família. Alex aprendeu muitos e não apenas sobre seu filho, mas sobre ele mesmo e como aprender a viver e se deixar levar sem hesitações e medos.

Infelizmente, não pude conhecer o autor na Comic Con desse ano, pois no dia estava extremamente cansada e fui embora mais cedo, mas o pessoal querido que estava no estande da Record pegou o autógrafo para mim e sou eternamente grata a eles.

A Record deixou esse livro tão lindo com essa capa que representa toda a essência do livro; adorei os altos relevos localizados. A tradução da Ana Carolina Delmas está perfeita, a revisão ficou ótima, encontrei poucos erros, e a diagramação está confortável e adequada ao livro. 


Se você gosta de histórias que abordam assuntos pouco debatidos e tem enredos emocionantes e cativantes não pode deixar de ler sobre Alex e o carismático e apaixonante Sam.



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