Título: A Porta dos Leões
Autor: Steven Pressfield
Editora: Contexto
ISBN: 9788572449779
Ano: 2016
Páginas: 480
Compre: Aqui
Sinopse:
5 de junho de 1967. O Estado de Israel está cercado por inimigos que desejam sua completa extinção. O resto do mundo vira as costas para a jovem nação diante do perigo iminente.
10 de junho de 1967. Os exércitos árabes são rechaçados, suas divisões em solo, eliminadas, suas forças aéreas, destruídas. O ministro da Defesa Moshe Dayan adentra a Cidade Velha de Jerusalém pela Porta dos Leões, para juntar-se aos paraquedistas que libertaram o local mais sagrado do judaísmo: o Muro das Lamentações.
Essa foi uma das mais improváveis e impressionantes vitórias militares da história.
Imerso em centenas de horas de entrevistas com veteranos da guerra, Steven Pressfield conta a história da Guerra dos Seis Dias de modo inédito: pelas vozes de homens e mulheres que lutaram não apenas por suas vidas, mas pela sobrevivência de sua nação e pelos sonhos dos seus ancestrais.
“Um relato que vai se intensificando da ansiedade dos dias que antecederam os ataques aéreos à entrada triunfante na parte antiga da cidade sagrada através da Porta dos Leões, que leva ao Muro das Lamentações.” - The Los Angeles Times
Resenha:
Quando lemos sobre a guerra ou estudamos sobre ela, geralmente falamos de grandes ações, de movimentos que parecem ter sido feitos por todos, como se um país fosse uma grande massa de homens armados ou como se os exércitos fossem homogêneos. Contudo, uma análise mais atenta mostra que isso não é verdade. Pessoas diferentes, com objetivos distintos e visões múltiplas ingressam nas forças armadas. Elas determinam a vitória e derrota, com seus erros e acertos, improvisos e até não seguindo ordens. É a história dessas pessoas que iremos conhecer.
Steven Pressfield traz para os leitores uma nova forma de fazer jornalismo e de fazer um relato histórico. Entrevistando pessoas que estiveram em combate, o autor apresenta a verdadeira faceta da guerra: o nervosismo de quem está com as armas na mão, a ansiedade de quem está há dias acampado, mas não começou a lutar, a saudade de quem está longe. Os sentimentos invadem o lado histórico e misturam-se com ele, tornando todo o relato mais intenso e verdadeiro.
Outro diferencial da obra é que ela faz com que o leitor se sinta na guerra, perceba a ação e se imagine nos jipes, tanques e aviões. Afinal, entramos nas lembranças de quem lutou nesse dia. Em muitos momentos, esquecemos que a obra se trata de um acontecimento verdadeiramente real, visto que a sensação é a de estar desbravando um bom livro de ficção.
“Minha mãe me manda notícias de jornais, do Haaretz(“A Terra”) e do Ma’ariv (“A Noite”). Os editoriais pedem a renúncia do primeiro-ministro Eshkol ou, pelo menos, que ele abdique do cargo de ministro da Defesa. O povo está exigindo um governo de união nacional. Aqui, no deserto, não damos a mínima para essas coisas. Queremos lutar. Somos jovens e acreditamos que somos à prova de balas” (p. 39).
Além dessa maior proximidade com o acontecimento histórico, Pressfield não deixa de fazer todo um apanhado político e social, mostrando os fatos que deram início à Guerra dos Seis Dias. Entendemos todas as manobras políticas, os jogos de poder que acontecem no Oriente Médio e como os fatores culturais influenciam fortemente os conflitos bélicos na região. Ou seja, há a união do melhor da “historiografia tradicional” com a inovação narrativa que o autor faz.
O livro também conta com um material extra fenomenal, tendo diversas fotos que mostram um outro lado da guerra. Além de momentos tensos e muita destruição, há também gargalhadas, alguns sorrisos que persistem apesar dos momentos difíceis. Isso novamente enfatiza aquele lado mais humano do conflito, que é muitas vezes esquecido nos livros escolares.
Quanto à parte física, também não há o que reclamar. A capa reflete bem o que podemos esperar da obra. Além disso, temos uma diagramação primorosa feita pela Contexto, apresentando bem os aspectos visuais e também levando em consideração o conforto na hora da leitura. A revisão e a tradução também ficam ótimas, fazendo com que a leitura da obra seja agradável e ágil.
“Será que vamos mesmo precisar dos Bangalores? Qual será nossa missão? Por que estamos indo para Jerusalém afinal? Nos ônibus, ficamos fazendo perguntas uns aos outros, como se o cara ao lado soubesse alguma coisa a mais do que de fato sabe. Somos cegos guiando cegos” (p. 301).
Em suma, A Porta dos Leões é uma obra rica em conteúdo histórico, intensa e faz uma leitura da guerra totalmente diferente. Sem dúvidas, um livro que precisa estar na estante de quem gosta de história e de quem gosta de trabalhos ousados.
Outras fotos: