Título: A Inquisição
Autor: Taran Matharu
Editora: Galera Record
ISBN: 9788501077356
Ano: 2017
Páginas: 350
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Sinopse:
Um ano se passou desde o torneio. Fletcher e Ignácio foram trancafiados numa prisão. Agora, terão que enfrentar um julgamento realizado pela Inquisição, uma poderosa instituição controlada por pessoas que ficariam maravilhadas em assistir de camarote à ruína de Fletcher. Após um julgamento cheio de revelações sobre o passado do jovem conjurador, os estudantes da Academia Vocans são enviados para as selvas órquicas com uma perigosa missão. Com os amigos, Otelo e Sylva, sempre ao seu lado, Fletcher vai enfrentar impensáveis desafios numa batalha para salvar Hominum da destruição. Mesmo que precise morrer para isso.
Resenha anterior:
Resenha:
A resenha pode conter spoiler do livro anterior
Como tinha dito antes, ainda bem que, quando terminei de ler O Aprendiz, já tinham lançado este livro, pois eu não estava nada bem com aquele final e agora eu estou duas vezes pior que antes, porque eu preciso urgentemente do terceiro livro. Essa nova história foi alucinante demais! Quer saber o motivo? Confira abaixo.
Fletcher e Ignácio estão presos, acusados de tentar assassinar o desprezível Didric. A vida na prisão não foi nada agradável, sem poder alimentar-se bem e não poder exercitar-se e receber a luz do sol, Fletcher poderia enlouquecer, mas a companhia de seu diabrete e alguns itens ajudam-no a sobreviver a cada dia que passa até o dia de seu julgamento. O tão aguardado dia não tarda a chegar, mas o jovem recebe logo uma notícia desagradável e suas esperanças começam a ruir, pois a maioria das pessoas no poder o odiava ou não sabia a verdadeira história.
O julgamento foi extremamente angustiante e de completa inquietação diante de tantas mentiras e injustiças sobre a noite do acidente e sua fuga; o jovem sofre muitas atitudes covardes e cruéis da Inquisição, comandadas pelo detestável inquisidor Rook. Não sei o que foi pior, as mentiras sobre a noite do “crime” ou a audácia dos personagens de se fazerem de vítimas e culpar um inocente. Ademais, havia a questão da impotência do Fletcher de não poder fazer nada e nem se defender, porém, diante desse mar de desrespeito e crueldade, alguém surge para fazer sua defesa e finalmente consegue desmascarar a farsa para alívio do personagem e o meu também.
Não gostava do inquisidor Rook antes, nesse livro passei a odiá-lo muito mais. As maldades contra Fletcher são insensíveis demais e muito cruéis, e o pior é que consegue fazer todas suas malevolências com pior sarcasmo e um sorrisinho detestável. Como se não bastasse atormentar apenas o conjurador, também importuna o pobre anão Otelo, o que acabou provando o quanto esse homem é preconceituoso, racista e cruel.
O bem conseguiu vencer o mal e Fletcher é inocentado, porém o que poderia ser um alívio mostrou-se só mais uma etapa do longo caminho de perigos que terá que percorrer, pois, durante o seu julgamento, acaba descobrindo sobre seu passado e identidade para desgosto de muitos e alegria de outros. O passado nunca foi tão importante na vida de alguém se não a do conjurador.
“Os pais o quiseram de verdade. Não o tinham abandonado para morrer… mas para viver”.
Rever a maioria dos personagens foi reconfortante, principalmente alguns que estavam com os destinos incertos no livro anterior. Eu estava morrendo de medo do que poderia ter acontecido, então, nesta história, pude matar a saudades ao revê-los ou saber um pouco mais sobre eles, como a Sylva, Otelo, Arcturo, Átila e seus demônios também. Assim como foi reconfortante rever os personagens, foi empolgante conhecer os novos personagens, e um deles destacou-se: a anã Cress. Adorei a sinceridade, audácia e o humor ácido desta garota que provou ser melhor que muitos outros personagens mais experientes. Além disso, a implicância dela com o Átila é hilária e o humor que possui proporcionou a maioria de suas cenas divertidas e cômicas.
Além dos novos personagens humanos, anões e elfos também encontraremos novos demônios e aprenderemos mais sobre demonologia e outras áreas. Foi realmente empolgante conhecer novos demônios e seus poderes, muitos deles são fascinantes e cativantes. Fico impressionada com as particularidades de cada criatura, como são capturadas, suas fraquezas, habitat; é uma aula sobre eles que nem percebemos.
Questões políticas, econômicas e sociais são fortemente importantes no pano de fundo da história; os conflitos e guerras que foram iniciadas muitas vezes envolvem esses três fatores e, claro, junto com o racismo e preconceito entre as raças. Fico admirada e um pouco chocada diante das várias táticas e estratégias políticas e econômicas que muitos dos personagens maquinam e colocam em prática para conseguir tomar o poder, ou até mesmo estabelecer a paz, como é assim o desejo do rei Harold. É uma aula sobre como a política, o poder e interesses individuais podem arruinar e destruir a vida de muitas pessoas e beneficiar de a vida de outras. Pode-se dizer que há uma grande alusão à nossa sociedade.
Fico cada vez mais maravilhada e orgulhosa com as atitudes nobres e humanistas que Fletcher toma em relação às pessoas e às criaturas sem julgá-las; para ele, uma vida não vale menos do que a outra, mesmo que as pessoas do poder assim achem, e é por isso que ele tem tudo para percorrer um caminho brilhante. Aliás, sua evolução é cada vez mais notável, o caçador e aprendiz de ferreiro que vivia em Pelego está amadurecendo e fortalecendo-se para poder encarar uma futura guerra. Além de ser justo, honesto e gentil, ainda é corajoso. Mesmo tendo medo, enfrenta os perigos e arrisca sua vida.
Quando Fletcher, seus amigos e alguns estudantes da Academia Vocans são enviados para uma missão altamente perigosa no território órquico, terão que aprender a confiar ainda mais em suas escolhas, instintos e deixar as diferenças de lado para poderem concluir a missão e conseguirem se salvar; mas quem disse que seria fácil? Além dos perigos naturais como um território inimigo que pouco se conhece, tem a questão das criaturas que caminham por essas terras, os próprios orcs proporcionaram as inúmeras cenas de ação que são de tirar o fôlego, tornando a leitura tão frenética que não foi possível apaziguar a grande curiosidade e tensão que o enredo criava.
“Às vezes, as ideias mais simples por acaso são as melhores”.
Quando finalmente pensei que ficaria longe e livre dos gêmeos Forsyth, eles retornam para meu grande desprazer para completar o quadro de personagens insuportáveis e que queremos matar. Para piorar, aparecem outros mais do mesmo tipo, então já podem esperar atitudes odiáveis e covardes desses dois personagens e muitos outros, afinal, aparentemente, na família Forsyth ninguém vivo presta.
No livro anterior, Fletcher aprendeu a ser um conjurador, descobriu um mundo até então desconhecido, conheceu pessoas que se tornaram tão importantes em sua vida de uma forma que nunca poderia imaginar, começou a ser um exemplo que todos deveriam seguir e despiu-se do preconceito e racismo que os humanos têm com os anões e elfos. Nesta continuação, conhecerá o lado ruim e o pior dos seres humanos, os perigos frente uma guerra e a viver constantemente com sua vida em risco.
Armadilhas, emboscadas, traições e tantos outras ameaças são parte do cenário e caminho que o conjurador e seus fiéis amigos terão que trilhar; em contrapartida, terão novos aliados e alguns deles de lugares inesperados e outras coisas boas e emocionantes irão acontecer. Ainda assim, acho que Fletcher precisa se benzer porque são muitas desgraças e problemas para uma pessoa só.
O final teve uma reviravolta descomunal e os acontecimentos foram muitos em tão pouco espaço de tempo. Verdades finalmente reveladas, mortes lamentáveis e situações desesperadoras e tristes, em apenas vinte páginas finais. Fui atingida por uma onda de emoções avassaladora; ainda estou chocada, arrepiada e eletrizada com o desfecho! Definitivamente é o melhor livro da série até o momento e um dos melhores que li esse ano. Preciso, necessito e anseio urgentemente pelo terceiro livro.
Taran superou-se nesse livro, sua escrita envolvente somada com a perspicácia de conduzir um enredo tão brilhante e recheado de ação resulta em um enredo repleto de muitas revelações e novidades que deixarão o leitor empolgado e cativado. Dessa fusão encontramos muitos outros personagens cativantes e um pano de fundo cada vez melhor, desafiador e feroz. Fiquei estupefata em como li o livro com tanta voracidade, terminando-o em tão pouco tempo; só parei de ler quando a mente começou a não absorver nada e eu começar a trocar as palavras, mas isso foi depois de horas.
Eu só tenho e posso elogiar esse livro, tenho que enaltecer essa preciosidade para os leitores, principalmente para os amantes de fantasia que irão descobrir tantas coisas que são pouco exploradas em alguns livros ou só focam nos humanos, elfos ou fadas. Em A Inquisiçãoconheceremos a história de outros seres também, como os gremlins e orcs. São tantos pontos positivos que provavelmente você irá apaixonar-se por esse universo e por seus personagens.
A Galera fez um ótimo trabalho com o livro. Essa capa está incrível e é uma mais linda que a outra; acho bonito demais o efeito metálico no nome. Não tenho também do que reclamar da tradução do Edmo Suassuna. A revisão, por sua vez, está boa; encontrei poucos erros, mas que não atrapalharam em nada na leitura.