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Resenha: O Último Policial

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Título: O Último Policial
Autor: Bem H. Winters
Editora: Rocco
ISBN: 9788532529718
Ano: 2015
Páginas: 320
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Sinopse:

Qual o sentido de se investigar um crime quando o planeta tem apenas seis meses de vida? O detetive Hank Palace enfrenta essa questão desde que o asteroide 2011GV1 foi avistado em rota de colisão com a Terra. Em face da tragédia iminente, a maioria das pessoas abandona seus trabalhos, casas e famílias e as instituições começam a ruir, mas Palace insiste em investigar um suposto suicídio. Ganhador dos prêmios Edgar, dedicado à literatura policial e de mistério, e Philip K. Dick, voltado para livros de ficção científica.
O Último Policial é a combinação perfeita do clássico romance noir com o melhor da ficção científica atual. Primeiro de uma trilogia, o livro pinta um retrato fascinante dos Estados Unidos pré-apocalipse através de um enredo original e envolvente e de um protagonista carismático.

Resenha:

O mundo está prestes a acabar; um asteroide irá colidir com o planeta e as chances de sobrevivência serão mínimas. Quem não morrer no impacto deve perecer pela fome, sede e desastres naturais. A perspectiva não é das melhores; exatamente por isso, há um surto de suicídios. As pessoas não querem encontrar o fim com dor. Afinal, faz alguma diferença morrer hoje ou daqui a seis meses? Para alguns, não.

Nesse cenário, Hank Palace, um novo investigador da cidade de Concord, depara-se com uma morte que tem todos os elementos de um suicídio. Entretanto, algo lhe diz que ele deve investigar aquele caso como uma “morte suspeita”. Não há muitas evidências para tal, mas ele prefere seguir a sua intuição. Por essa atitude, recebe o deboche dos colegas e também a descrença. Porém, ele não se abate. Caso esteja errado, perderá alguns dias dos poucos que lhe restam; se estiver certo, porém, pode melhorar um pouco o mundo, antes que ele acabe.


Partindo dessa premissa, Bem H. Winters cria uma trama interessante, original e que ganha o leitor. Apesar de alguns problemas, o enredo se mantém em um nível bom, fazendo com que tentemos entender o que está acontecendo na mente do protagonista. Afinal, gastar seus dias finais em uma investigação que provavelmente será infrutífera não parece muito racional.
“Desde que me tornei detetive, porém, confunde-me uma sensação indescritível e frustrante, uma insatisfação, um senso de má sorte, de má hora, em que eu tinha o trabalho que queria e esperei por toda a minha vida e ele é uma decepção para mim, ou eu sou para ele” (p. 36).
Para desenvolver essa ideia, o autor aposta na mistura de ficção científica e suspense. Em relação ao primeiro elemento, há um desenvolvimento bom, mas que precisará ser melhor aprofundado nos livros seguintes. A sociedade está começando a entrar em colapso e alguns serviços já começam a falhar: como o de telefonia e o de geração de combustíveis. Isso tem alguns reflexos a investigação e o trabalho policial, o que torna o livro mais interessante. Afinal, acompanhamos uma sociedade que tenta sobreviver apesar de receber um aviso de despejo de seu planeta.

Na parte do romance policial, o enredo funciona razoavelmente bem. No começo parece estranho que Palace insista tanto em investigar aquele provável suicídio, principalmente por ter provas tão ínfimas e circunstanciais. Entretanto, posteriormente, conseguimos entender um pouco melhor a sua mente, o que faz com que o nível do suspense melhore. Apesar de não ser a mais forte obra do mundo nesse quesito, gera uma boa leitura.


Há problemas, porém, em casar os dois elementos: a ficção científica e o suspense. Asimov, por exemplo, quando uniu esses dois gêneros, fez isso com maestria, mostrando a influência total da área científica na investigação. Winters, por sua vez, não consegue fazer isso com um grau tão alto de sucesso. Em alguns momentos, a ficção científica serve como mero plano de fundo, ficando quase esquecida, o que empobrece um pouco o desenvolvimento. Entretanto, o final dá esperanças de uma melhora nesse sentido no próximo livro da trilogia.
“Este não é meu homicídio, é o homicídio do detetive Culverson. Assim, só o que faço é ficar pouco além da porta na sala mal iluminada, fora do caminho dele, fora do caminho da policial McConnell. Era a minha testemunha, mas não é o meu cadáver” (p. 239).
Por outro lado, o autor ganha pontos ao criar bons personagens, complexos e que servem principalmente como fonte de crítica social. Isso porque, mesmo o mundo estando prestes a acabar, o desejo de muitos ainda é enriquecer, mesmo que por meios ilícitos. Não importa se tudo acabará amanhã, a ideia da acumulação se mantém firme e forte. Aliás, chega a ser um pouco chocante quando alcançamos as consequências desse ideal.

Além do enredo que promete, o livro também chama atenção pelo bom trabalho no livro físico. A capa é simples, mas bonita e transmite bem a essência da obra. A diagramação, por sua vez, é sofisticada e agradável. Por fim, temos uma boa tradução e revisão, o que melhora a qualidade da leitura.


Em suma, O Último Policialé um livro bom, mas que ainda tem espaço para melhorar. Acredito que isso será alcançado nos próximos livros da série. Com o cataclismo mundial se aproximando, o enredo deve ganhar em drama e suspense. Se eles são elementos que te chamam a atenção, sem dúvidas essa é uma obra feita para você.



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