Quantcast
Channel: Desbravador de Mundos
Viewing all articles
Browse latest Browse all 1532

Resenha: Orgulho e Preconceito

$
0
0
Título: Orgulho e Preconceito
Autora: Jane Austen
Editora: Giz Editorial
ISBN: 9788578553074
Ano: 2016
Páginas: 320
Compre: Aqui

Sinopse:

Segunda obra publicada de Jane Austen, Orgulho e Preconceito foi terminado em 1797, quando a escritora ainda não tinha completado 21 anos. Foi lançado em 1813, e seguiu o sucesso de seu primeiro livro, Razão e Sensibilidade.
Em Orgulho e Preconceito, Elizabeth Bennet, segunda de 5 filhas de um proprietário rural na cidade fictícia de Meryton, lida com os problemas relacionados à educação, cultura, moral e casamento na sociedade aristocrática do início do século XIX, na Inglaterra. Como em toda a obra de Austen, o texto utiliza de uma fina ironia para retratar e criticar a hipocrisia moral da virada dos séculos XVIII e XIX.

Resenha:

Um romance puro e simples? De forma alguma. Romance com análise psicológica? Talvez... Jane Austen mostra em seu livro uma nova forma de abordar o amor, uma visão seca, porém com traços românticos; acima de tudo, uma visão mais realista. Poderíamos colocá-la ao lado de Machado de Assis e eles teriam muito a discutir sobre vícios e defeitos de seus personagens. Ou seriam os vícios padrões de nossa sociedade? A verdade nua e crua, isso é o que Jane preserva em livro.

O livro se passa na sociedade inglesa do início do século XIX e mostra um olhar agudo e crítico sobre os atos dessa. Jane expõe ao ridículo as características do seu tempo: o casamento por dote, o sonho de “uma boa união conjugal”, o amor que dura dias, a falsidade escondida atrás das obrigações sociais e o lugar objetificante da mulher no meio social.  Ela mostra como a aristocracia de sua época era medíocre e pobre de espírito, como deixava seus orgulhos e preconceitos serem maiores que a razão e o coração.


Vemos uma rede de falsidade e intrigas ao observamos o jovem militar Wickham, os interesses no dinheiro e no bom casamento na Mrs. Bennet. Todo o preconceito do mundo na pessoa de Darcy, o orgulho que doem aos olhos de Lady Catherine e a beleza que sobrevive apesar de tudo, aquela luz de bondade de no fim do túnel em Jane.
“Um jovem como o Sr. Bingley, do modo como o descreveram, se apaixona fácil por uma moça bonita por algumas semanas e, quando o acaso os separa, a esquece como a mesma facilidade. Este tipo de inconstância é muito comum” (p. 148).
Porém, apesar de tantos personagens com características fortes e marcantes, principalmente para o lado negativo, os que sobressaem são Mr. Darcy e Elizabeth. Boa parte do livro relata a história do egocentrismo de Mr. Darcy, além do seu orgulho exacerbado, e do desprezo que Elizabeth nutria por ele, muito baseado em preconceito e primeira impressão. Desde que se conheceram, uma faísca foi gerada, apesar de não ser pelo lado positivo. Entretanto, ela ficou guardada, dia após dia, até ter a possibilidade de se tornar em uma grande chama.

Obviamente, se pensarmos nesse tipo de enredo hoje, onde duas pessoas se detestam, mas vão se conhecendo aos poucos e mudando de opinião sobre a outra, isso não seria nada original. Porém, o que chama a atenção em Orgulho e Preconceitoé a idade da obra: foi lançada em 1813. Para o período, a obra possui uma complexidade enorme e acaba por lançar base para muitos dos romances modernos. Não é à toa que se tornou um clássico incontestável, tanto nas vendas, quanto na relação com a crítica.


Parte desse sucesso também se deve à escrita de Jane Austen. Apesar de carregar um estilo mais formal, a leitura é acessível para a maior parte dos públicos; isso ocorre porque a escrita é fluida e por ter “sempre algo acontecendo”, o que prende a atenção do leitor. Ademais, a similaridade com alguns romances contemporâneos – até porque o livro lançou as bases destes, como já dito – podem ajudar a melhorar a experiência do leitor não acostumado com livros mais clássicos.
“Você é uma moça sensata demais, Lizzy, para se apaixona só porque foi aconselhada a não fazê-lo, portanto não tenho medo de lhe falar abertamente. Sério, tenha cuidado. Não se envolva nem tente envolvê-lo numa ligação que a falta de dinheiro tornaria imprudente. Não tenho nada a dizer contra ele; é um jovem bastante interessante, e, se tivesse o devido dinheiro, eu acharia que você não poderia ter escolhido melhor” (p. 152).
Além do bom enredo, o livro também chama a atenção pela excelente edição. A Giz Editorial lançou no mercado essa nova versão com uma capa totalmente refeita, e muito bonita, diga-se de passagem. O livro conta com uma ótima tradução e revisão, além de possuir letras grandes e um espaçamento excelente, contribuindo para uma leitura agradável, o que é um grande diferencial da maior parte das edições no mercado, que contam com letras pequenas e espaçamento quase inexistente. Ou seja, a Giz está de parabéns pelo trabalho sério e comprometido.

Em suma, apesar de Orgulho e Preconceitonão ser o melhor romance de todos os tempos, merece ser lido e relido, estudado e reestudado, visto que possui uma grande complexidade e lança base para o que conhecemos hoje; ademais, visto de uma forma crítica, pode ajudar a entender as mazelas sociais que ainda são perpetuadas na sociedade, como a questão da condição da mulher. Sem dúvidas, uma obra recomendada.

Outas fotos:









Viewing all articles
Browse latest Browse all 1532