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Resenha: Rio: Zona de Guerra

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Título: Rio: Zona de Guerra
Autor:  Leo Lopes
Editora: AVEC Editora
ISBN: 9788567901008
Ano: 2014
Páginas: 208
Compre: Aqui

Sinopse:

Em um futuro próximo, as desigualdades sociais e econômicas chegaram a níveis tão alarmantes que o Estado não tem condições de manter a ordem e garantir a segurança pública. Todo o poder é concentrado nas mãos de megacorporações multinacionais que criam e impõem as leis por meio de suas milícias particulares, chamadas Polícias Corporativas. No Rio de Janeiro, a Fronteira, uma muralha intransponível que cerca a Barra da Tijuca e o Recreio dos Bandeirantes, protege os interesses das megacorporações, relegando os habitantes dos demais bairros a uma vida sem lei em um território dominado pelas gangues. Tudo pode acontecer quando o assassinato de uma prostituta no edifício de uma megacorporação leva um detetive particular a voltar para a Barra da Tijuca após anos de exílio no que todos se acostumaram chamar de Zona de Guerra. Em um futuro próximo, as desigualdades sociais e econômicas chegaram a níveis tão alarmantes que o Estado não tem condições de manter a ordem e garantir a segurança pública. Todo o poder é concentrado nas mãos de megacorporações multinacionais que criam e impõem as leis por meio de suas milícias particulares, chamadas Polícias Corporativas. No Rio de Janeiro, a Fronteira, uma muralha intransponível que cerca a Barra da Tijuca e o Recreio dos Bandeirantes, protege os interesses das megacorporações, relegando os habitantes dos demais bairros a uma vida sem lei em um território dominado pelas gangues. Tudo pode acontecer quando o assassinato de uma prostituta no edifício de uma megacorporação leva um detetive particular a voltar para a Barra da Tijuca após anos de exílio no que todos se acostumaram chamar de Zona de Guerra.

Resenha:

Os leitores frequentes aqui do blog sabem que eu adoro uma distopia; hoje, estou trazendo para vocês um livro deste gênero com carimbo nacional e uma alta qualidade. Ficou curioso? Conto tudo abaixo.


As diferenças culturais e sociais se tornaram tão grandes que já não era mais possível a convivência entre as classes sociais ricas com o povo. O resultado foi a divisão do estado do Rio de Janeiro. De um lado a Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeiras dominados pelo luxo, glamour e alta tecnologia; do outro, o resto do RJ: a chamada Zona de Guerra.

Toda a Zona de Guerra carioca é dominada por diversas gangues que causam terror na população já pobre e desprovida. Todos que vivem daquele lado tem uma vida sofrida e, muitas vezes, curta. Na Barra, porém, apesar do luxo, há uma ditadura velada, comandada pelas grandes corporações. Só é possível saber e pensar o que essas megacorporações permitem.

“As ruas estavam desertas àquela hora. Todos sabiam que era suicídio andar sozinho pela Zona de Guerra depois das oito horas da noite. Freitas não se preocupava com isso. Ele conhecia o Méier como a palma de sua mão e o Méier o conhecia também. Não seria incomodado” (p. 11).
Porém, apesar dessa forte divisão, na Zona de Guerra vive um detetive diferente: Carlos Freitas. Ele mora lá porque quer e faz isso com um sorriso no rosto. Porém, um estranho assassinato ocorre dentro da Barra e ele é chamado para investigar. Contudo, Freitas nem imagina que esse único crime poderá mudar sua vida e também a Barra da Tijuca.

Como vocês devem ter percebido, o livro é uma mistura de distopia com um romance policial cyberpunk. Dentro desse cenário distópico e policial, o autor conseguiu criar personagens interessantes, um detetive inteligente e uma história bem original. Pelo enredo se passar no Rio de Janeiro, ainda é conferida ao leitor brasileiro uma espécie de familiaridade com a obra.

Carlos Freitas, sem dúvida, é o grande personagem do livro. O autor conseguiu trabalhá-lo bem, tanto fisicamente como psicologicamente. Embora o livro seja em terceira pessoa, conseguimos entender o pensamento e o modo de agir do protagonista, criando ainda mais verossimilhança.
“– É por essas e outras que eu saí dessa merda, Rocha. Aquelas pessoas não são piores que ninguém aqui dentro da Barra da Tijuca. Tem gente boa lá, gente que devia ter seus direitos protegidos, e não ser exilada para um lugar sem lei” (p. 33).
Os demais personagens também são bons e muitos deles, apesar da pouca participação, são cativantes, como Branquinho, um contrabandista que está sempre com um sorriso no rosto Por outro lado, acredito que o autor poderia ter dado um papel maior e mais desenvolvido para Vivian. Ela foi importantíssima para o desenrolar da trama, mas obteve poucos holofotes.

A narração do autor é muito ágil, fluída e cheia de ação. A investigação não é totalmente detalhada, mas isso não prejudica o desenvolvimento da obra, pois o autor acaba compensando com uma narrativa de tirar o fôlego. E, exatamente essa narração alucinante que deixa um gostinho de quero mais e gera uma expectativa para que haja outras obras.

Restaram algumas pontas soltas na obra, mas acredito que tenha sido proposital para que haja outros livros. Uma delas, por exemplo, é a criação das Zonas de Guerras que não foi explicada. Afinal, se o capitalismo prega uma falsa inclusão, dando ao trabalhador um salário pequeno, mas suficiente para sobreviver e consumir, por que criar zonas de guerras através do mundo e excluir essa grande massa consumidora? É a falsa sensação de inclusão que mantém o sistema funcionando.
“O holovisor era velho e muito usado, além de não ter as lentes limpas há muito tempo. O resultado era que a projeção tridimensional formada era falha, com pontos onde somente o vapor podia ser visto. Parecia que a imagem tinha sido atingida por uma saraivada de balas e eu a fumaça ainda saía dos projéteis incandescentes incrustados na coluna de luz” (p. 76).
Em Rio: Zona de Guerra, Leo Lopes mostra que possui um grande talento e está em processo de evolução. Ele ainda não pode ser comparado aos grandes gênios do gênero, como Philip K. Dick, mas acredito que ele tem tudo para chegar longe no mercado editorial. Ele é, sem dúvidas, um dos melhores autores brasileiros deste gênero.

Certamente a obra é indicadíssima, tanto para quem gosta de distopias misturadas com romances policiais cyberpunks como para quem é iniciante no gênero. Não deixe de ler, você vai adorar.




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