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Resenha: A Busca Sofrida de Martha Perdida

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Título: A Busca Sofrida de Martha Perdida
Autora: Caroline Wallace
Editora: Fábrica 231
ISBN: 9788595170063
Ano: 2017
Páginas: 304
Compre: Aqui

Sinopse:

Liverpool, 1976. Martha tem 16 anos e mora numa estação de trem desde que se entende por gente. Mais especificamente, desde que foi encontrada, ainda bebê, em uma mala na estação Lime Street, ficando sob os “cuidados” da dona da loja de achados e perdidos do local. Proibida de deixar a estação, sob a ameaça de uma maldição, Martha espera diariamente que alguém venha buscá-la. Enquanto isso, passa seus dias atendendo os passageiros que circulam por ali, conhece todos os segredos da estação e acaba se envolvendo em alguns mistérios, entre eles o aparecimento de uma mala que talvez tenha pertencido aos Beatles e que coloca a cidade em polvorosa. Mas o maior mistério começa quando ela passa a receber livros com cartas de um desconhecido que parece saber tudo sobre a sua vida. Martha precisará correr contra o tempo se quiser encontrar respostas e não se perder novamente.

Resenha:

Olá, gente linda! Vocês devem estar estranhando meu sumiço quanto as resenhas, e peço desculpas por isso, mas a faculdade começou e estou me acostumando com essa rotina, entretanto, estou tentando ler ao máximo os livros para trazer novidades para vocês. Hoje venho falar de um livro que li recentemente e já entrou na minha lista de favoritos por ser simplesmente uma história encantadora e perdidamente cativante. Quer saber como? Confira abaixo.
“Esta parte do meu conto de fadas começa em maio, em 1976. Talvez seja a Parte Cinco na história da minha vida. E, antes que alguém pense em perguntar, não tenho ideia do que aconteceu na Parte Um”.
Martha Perdida têm seu próprio conto de fadas, mas ele é totalmente diferente do que estamos acostumados, a começar pelo fato que sua história não tem Parte Um, nem Dois e muitos Três, sua história começa com a Parte Cinco, na qual ela tem dezesseis anos e é o pássaro Liver da estação Lime Street em Liverpool. Martha é uma garota doce, gentil e alegre, seu sobrenome é realmente Perdida, abandonada na estação de trem e resgatada pela Mãe, uma mulher extremamente religiosa, uma fanática seria a melhor definição, para piorar é uma mulher mal humorada e abusa da boa vontade da Martha, achando-se no direito de explorá-la e de até bater na garota.

Parece um conto parecido? Com uma mistura de Cinderela? Rapunzel? Talvez, mas essa história é totalmente diferente de tudo o que você já leu, e é carregada com uma carga emocional tão grande que é realmente impossível segurar as lágrimas com a sabedoria e amor que a Martha Perdida tem, mas vamos voltar para seu conto de fadas, já que não existe um “Era uma vez”.

Por ser o pássaro Liver, nunca saiu da estação para conhecer sua cidade, pois, se saísse, algo ruim poderia acontecer segundo a história que sua Mãe contou; se não fosse pela sua melhor amiga Elizabeth, dona do café da estação e a mulher mais bonita que ela já viu, não saberia como sobreviver às opressões de sua Mãe, pois tudo era relacionado ao demônio. Ao contrário da Mãe, Elizabeth é que mais acolheu, cuidou e fez o papel de mãe com a adolescente.


“– Se um livro foi encontrado, o mínimo que posso fazer é lê-lo. Então ele não vai mais se sentir perdido” (p. 41).

Martha tem uma grande afeição e carinho por seus livros e parece ter um dom especial para com eles, principalmente com aqueles que foram perdidos ou abandonados; é como se ela conseguisse entendê-los e ao mesmo tempo não entender o porquê seus donos não os procurassem mais. Por trabalhar no Achados e Perdidos da estação, todo dia recebia um achado e perdido diferente.

Em um belo dia, recebe uma carta no seu nome, o que é um espanto, já que ela é Martha Perdida. Que iria mandar algo para ela? Martha nunca pensou que sua vida seria drasticamente mudada de uma hora para outra, um grande acontecimento ocorre em sua vida juntamente com o pacote misterioso que é nada mais, nada menos do que um livro que contém informações sobre seu passado e o remetente desconhecido parece saber sua origem e o seu “Era uma vez”, contudo terá que resolver os muitos mistérios de sua vida em pouco tempo.

Ao mesmo tempo que Martha Perdida tenta desvendar seu passado, uma história sobre a uma mala perdida do Mal Evans, o roadie e guarda-costa dos The Beatles, está deixando Liverpool em um frenesi; ficava supercuriosa para saber qual seria a ligação ou o quê esse evento desencadearia na vida do nosso pequeno achado, como Elizabeth chama Martha Perdida.

A pureza, sabedoria e altruísmo da Martha Perdida tornam-na uma personagem extraordinariamente cativante, consegue tocar o coração do leitor com facilidade ao ser uma garota especial, carinhosa e filantrópica, apesar de ter sido solitária e infeliz quase sua vida toda, aprendeu a valorizar o que tem e a achar a luz na escuridão, a perceber que a verdadeira felicidade só é encontrada na tristeza.


“– Sim – digo – Eu me preocupo em esquecer o que é ser realmente infeliz e solitária. Que eu não dê valor a tudo o que tenho agora” (p. 112).
Confesso que teve alguns momentos que senti raiva e medo pela vida da protagonista, sentia tanto um instinto protetor pela protagonista quanto um mau pressentimento dos futuros acontecimentos; por ter sido criada com tantas restrições e sabendo sobre o mundo apenas pelo que lia nos livros, não conhecia ou via as maldades e falsidades das pessoas que poderiam aproveitar de sua inocência

Ao mesmo tempo que acompanhamos a jornada de Martha Perdida, sabemos cada mais vez sobre a mala perdida de Mal Evans e quem ele foi para os The Beatles e é muito fantástico como esse fato se interligava com a vida da protagonista. Além disso, conhecemos também sobre a banda, as músicas de sucesso e, claro, cada vez mais sobre o papel fundamental que Mal Evans teve na vida dos integrantes do The Beatles. Para uma leiga como eu, que conhecia poucas coisas sobre a banda, foi um verdadeiro deleite saber um pouco mais sobre eles e as músicas, porque se tem algo que amo, além dos livros, é ouvir música. Para aperfeiçoar a história, nos são apresentados vários cantores e músicas de sucesso da década de 60 e 70.
“– Queria que houvesse uma forma para que ninguém nunca fosse esquecido e que a história de cada pessoa fosse capaz de ser contada – digo” (p. 184).

Quando comecei a ler o livro, não imaginava que ficaria tão conectada com a história a ponto de perder o sono e sempre ficar naquela enrolação de só “só mais esse capítulo”. A busca da Martha Perdida não só é repleta de mistérios sobre sua vida como envolve outros fatores e personagens misteriosos e intrigantes. Sem contar que praticamente todos os personagens principais parecem carregar uma bagagem emocional, alguma cicatriz que não se curou.


O livro fala sobre esperança, amor, amizade, a bondade nos pequenos gestos e principalmente sobre família; ainda conta, de uma forma peculiar e bela, inúmeras histórias corriqueiras ou perdidas de pessoas que passaram pela estação. Aos poucos o passado de Martha não parecia ser o único foco da história.

Acontece uma reviravolta tão intensa, que desencadeou tantas emoções que me deixou absorta com o desenrolar das cenas seguintes, todavia o conto de fadas da Martha Perdida reservava-lhe um possível final feliz que me fez ficar emocionada e que definitivamente foi decisivo para fazer o livro entrar na lista dos meus favoritos de tão lindo que foi, só de lembrar já quero reler essa história maravilhosa.
“– As pessoas estão sempre com pressa – falo, e Elisabeth assente. – Elas só percebem o valor de algo depois que perderam – concluo” (p. 42).
Com um final lindo e encantador, bem ao estilo da Martha Perdida, mostrando que seu conto de fadas pode ser diferente, mas fascinante. Sua história foi aos poucos sendo completada pelas pessoas que amava; seu desfecho não teve um “E viveram felizes para sempre”, mas posso dizer que terminou de uma forma surpreendente e sublime.

A Fábrica 231 simplesmente arrasou nessa edição, o livro é lindo, principalmente por ter escolhido essa capa simples e linda, para melhorar ainda colocaram as letras metalizadas; a tradução do Santiago Nazarian ficou impecável, a revisão e diagramação ficaram excelentes.

Não deixe de acompanhar a busca sofrida de Martha Perdida e conhecer sobre os The Beatles, músicas, livros e principalmente uma cômica e delicada história sobre amor, esperança e bondade.





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