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Resenha: Em Águas Sombrias

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Título: Em Águas Sombrias
Autora: Paula Hawkins
Editora: Record
ISBN: 8501109940
Ano: 2017
Páginas: 364
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Sinopse:

Cuidado com superfícies muito calmas, nunca se sabe o que pode haver embaixo delas. Da mesma autora do best-seller internacional A garota no trem.
Nos dias que antecederam sua morte, Nel ligou para a irmã. Jules não atendeu o telefone e simplesmente ignorou seu apelo por ajuda. Agora Nel está morta. Dizem que ela se suicidou. E Jules foi obrigada a voltar ao único lugar do qual achou que havia escapado para sempre para cuidar da filha adolescente que a irmã deixou para trás. Mas Jules está com medo. Com um medo visceral. De seu passado há muito enterrado, da velha Casa do Moinho, de saber que Nel jamais teria se jogado para a morte. E, acima de tudo, ela está com medo do rio, e do trecho que todos chamam de Poço dos Afogamentos… Com a mesma escrita frenética e a mesma noção precisa dos instintos humanos que cativaram milhões de leitores ao redor do mundo em seu explosivo livro de estreia, A garota no trem, Paula Hawkins nos presenteia com uma leitura vigorosa e que supera quaisquer expectativas, partindo das histórias que contamos sobre nosso passado e do poder que elas têm de destruir a vida que levamos no presente.

Resenha:

Esse livro é simplesmente incrível! Tinha receio de ler essa história devido às divergências de opiniões sobre o livro A Garota no Trem, mas esse medo foi embora antes mesmo de entrar no clímax da história, por conseguinte já estava fisgada e completamente extasiada. Quer saber como? Confira abaixo.

Jules teve sua vida mudada ao retornar ao lugar que ela nunca quis retornar, a cidade que fez parte de quase sua vida toda tornou-se desagradável e sombria por razões que desconhecemos. Agora, Jules precisa cuidar de sua sobrinha após a morte de Nel; para piorar a situação, a adolescente Lena era a cópia da falecida e lembranças obscuras retornam com força total. Para tentar suprimi-las, precisará descobrir o que realmente aconteceu com Nel e se de fato ela se matou.
“As coisas que quero lembrar, não consigo, e as coisas que faço de tudo para esquecer não param de voltar à minha memória” (p. 17).

Mistérios é a principal palavra da história; todos os moradores de Beckford parecem esconder algo e Jules percebe isso assim que chega na cidade. Eles parecem não querer saber se a irmã de Jules se matou e alguns pareciam desejar a morte dela; Nel estava fazendo pesquisas e escrevendo um livro sobre todas as mulheres que morreram afogadas no “Poço dos Afogamentos”, que envolvia desde bruxa até as mulheres que perderam a vida naquelas águas sombrias. Por ironia do destino, Nel foi uma delas.

Essa omissão ou descaso do trabalho de Nel e as mortes que aconteciam no “Poço dos Afogamentos” fica evidente quando cada personagem narra um capítulo e mostra uma ligação com Nel. A mulher era odiada por alguns por mexer em assuntos que abriam cicatrizes ou deviam permanecer no passado e admiração por outros que viam a coragem dela em querer desvendar os mistérios que envolviam aquelas águas. O Poço realmente tinha um poder para incitar mulheres mal-intencionadas a se matarem? Ou era apenas um pretexto para ser usado por assassinos?

É nessa linha de raciocínio que Jules começa a seguir e a todo momento narra como se estivesse conversando ou desferindo toda sua raiva em sua irmã morta; Nel podia ser tudo menos suicida. Ao relembrar alguns fatos traumáticos, conhecemos um pouco o passado das irmãs, que eram Jules e Nel quando mais novas e o que de fato ocorreu para separar as duas; Jules narra fragmentos em ordem cronológica de como foi sua adolescência e viver sendo a sombra de Nel, a protagonista não consegue lembrar sem sofrer do acontecimento e da mágoa que a separou da irmã e, talvez, se tivesse sentado para conversar e aberto jogo, a realidade poderia ser diferente…

Quando Lena percebe que sua tia idiota Jules iria cuidar dela, sentiu uma raiva enorme. Como aquela mulher foi capaz de pisar na sua casa? Como teve coragem de aparecer depois de todo o sofrimento e falsas esperanças que deu a sua mãe? Não iria deixar aquela mulher tocar nas coisas de sua mãe e a culpava pelo suicídio da mãe, não aceitava o fingimento de Jules ao parecer que realmente se importava pela irmã, sendo que nunca deu valor quando pôde. Assim uma batalha entre as duas se inicia e Lena não pouparia as ofensas contra sua tia.

Entretanto, uma coisa era certa entre Jules e Lena: ambas queriam descobrir o que realmente aconteceu com Nel ou se a mulher tão lúcida e compenetrada em seu trabalho seria capaz de tirar sua própria vida, já que a falta de evidências não quer dizer que não existam efetivamente evidências, visto que a polícia não iria usar muitos recursos para apurar o caso, já que parecia óbvio o suicídio depois de tantos outros ocorridos antes, mas esse empecilho não pararia as mulheres de encontrarem a verdade.

Nickie, a médium “pilantra” da cidade, parecia ser a única que sabia do jogo que envolvia aquele lugar, por isso, nunca se meteu no assunto dos afogamentos e via em Nel o que ela não conseguia ser. Além disso, não deixou de alertar a mulher sobre os riscos que corria por jogar tão abertamente sem temer as consequências; aabia que as encrenqueiras eram, em sua maioria, mortas nos “Poços dos Afogamentos” e pressentia que o destino de Nel Abbott não seria diferente.
“Ninguém gostava de pensar que a água daquele rio era infectada com o sangue e a bile de mulheres perseguidas de mulheres infelizes; eles a bebiam todos os dias” (p.24).

O livro é intercalado com muitos personagens narradores; pensei que não daria certo ou seria confuso ler com inúmeras visões diferentes, porém, foi uma grande surpresa e até espetacular conhecer cada um dos personagens e desconfiar de todos. A cada capítulo o suspeito principal mudava e ficava aflita com as descobertas ou os perigos que algumas personagens corriam. Também temos os relatos das mulheres mortas escritos pela perspectiva de Nel Abbott e esses capítulos eram os mais angustiantes e sombrios.

Paula Hawkins tem uma escrita poderosa e força ao conduzir a história; quando comecei a ler, não consegui desgrudar até chegar à última página, a maestria que tinha de ligar os fatos ou de fazer um jogo tão bem elaborado de esconder as evidências e o verdadeiro assassino tornou o enredo eletrizante e angustiante, já que a tensão e suspense são de tirar o fôlego e fazer qualquer um enlouquecer, não deixava brecha para eu respirar, a todo instante lia com uma voracidade enorme, pois a necessidade era enorme para ler o desfecho, mesmo não querendo terminar a história.
“Os horrores produzidos pela mente são sempre tão piores que a vida real” (p. 52).
A história é tão bem conduzida que preciso destacar também a carga emocional que cada personagem carrega e ainda desencadeia no leitor; o sofrimento, luto, dor, raiva, amor e tantas outras emoções e sentimentos são tão fortes que muitos deles faziam da história bastante real, principalmente quando a raiva, remorso e culpa mostram suas máscaras em alguns personagens. Acho que é impossível não ficar tão arrebatado e intrigado com o desenvolvimento da história. Apesar de algumas pessoas não terem gostado deste tipo de narração, eu adorei, pois explora melhor cada personagem e ainda eleva a aflição e mistério.

Definitivamente foi um dos melhores livros de suspense que li na vida, não há muitas palavras suficientes para descrever a leitura que tive, só posso dizer que superou e muito minhas expectativas e só lendo para entender como foi. Com toda certeza lerei darei uma chance para A Garota no Trem, porque a escrita da Paula Hawkins é simplesmente viciante, e se o enredo for tão bom quanto esse, tenho certeza que irei adorar.


O Grupo Editorial Record fez um excelente trabalho na confecção deste livro, a capa está maravilhosa, a tradução da Claudia Costa Guimarães está excepcional, a revisão está excelente e a diagramação também.



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