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Resenha: Ascensão de Cthulhu

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Livro: Ascensão de Cthulhu
Autores: Leon Nunes, Romeu Martins, Carlos Patati, Duda Falcão, Marcelo Augusto Galvão, Artur Vecchi e Carlos Orsi
Editora: Argonautas
ISBN: 9788564076112
Ano: 2014
Páginas: 122


Sinopse:

A Literatura Fantástica criada por H. P. Lovecraft gerou monstros eternos, além da compreensão humana. O horror e a loucura invadem as páginas deste tomo que você tem em mãos, caro leitor! Venha conosco encarar a Ascensão de Cthulhu pela ótica insana de alguns dos melhores autores nacionais do gênero.

Resenha:

H. P. Lovecraft foi um dos maiores escritores de terror já existentes. Com um toque de fantasia e de ficção científica, ele criou um panteão de monstros e deuses aterrorizantes. Entre tais criaturas, temos Cthulhu, uma entidade cósmica e onírica, um deus polvo.

A obra Ascensão de Cthulhu é uma homenagem ao grande Lovecraft. Com sete contos, os autores trazem uma nova visão sobre tal monstro e abordam sua ascensão na atualidade. Com um misto de terror, ficção e suspense, os textos se entrelaçam formando uma obra incrível. Porém, não falarei de todos os trabalhos, até porque é necessário que vocês passeiem pela obra para ter uma ideia mais profunda dela; além disso, assim evitam-se spoilers.

No conto Velho Casarão, de Leon Nunes, somos levados ao sul do Brasil, mais especificamente em Porto Alegre. Por lá, um homem desolado estava prestes a desistir de sua vida, porém, ao passar por uma rua, avista um casarão aparentemente abandonado. Tal casarão o chama e exerce um magnetismo sem igual sobre ele; sem nada a perder, resolve desbravar as entranhas da estrutura. Contudo, encontra muito mais do que alguns cômodos abandonados.

“A forma de fascinação mais insaciável é aquela que encontra lugar no peito do homem mais entediado, geralmente causado pelo aspecto mais mundano possível. Cresce no peito um fastio sem tamanho provocado por coisas vazias, futilidades que custam caro ao espírito, arrebentam o ânimo e fazem diminuir a força de vontade” (p. 17).

Neste conto, vemos a primeira face de Cthulhu. A forma que ocorre a interação entre a criatura onírica e o personagem é incomum e deixa em aberto para uma continuidade. Aliás, todos os contos deixam margem para novos enredos e histórias. Os autores traçam o caminho e o leitor continua por conta própria, o que dá ainda mais graça a obra.


No conto O Desenho da Criatura, de Carlos Patati, temos uma das histórias mais profundas e mais subjetivas do livro. Claro, uma das que mais me agradou, também. Nessa parte da obra, somos apresentados a um professor que, ao voltar para casa, depois de um dia desgastante, se depara com uma pintura em uma parede. Ele fica paralisado, extasiado. Algo naquela pintura é, ao mesmo tempo, horrenda, chamativa e maravilhosa.

Todo o desenrolar do conto se dá através de imagens que o personagem encontra pelas ruas do seu bairro. Após conhecer o pintor de tais obras, seu encantamento e horror se acentuam. O que poderia estar por trás de tais figuras? O abstrato, o impensável e o incomum tomam conta deste conto, transformando-o em um texto rico e profundo.
“O desenho transformou o velho muro de alvenaria. Este se projetava da casa logo atrás do ponto de ônibus. Agora deformado no seu ritmo. Era um bicho? Uma planta? Alguma coisa brilhando fosca. Repelindo, mas atraindo. Eu de repente noutro lugar, mesmo que não o conseguisse distinguir em torno” (p. 44).
Outro conto que eu gostei imensamente e vale a pena ser comentado é Abismos Insondáveis, de Duda Falcão. Nessa parte da obra, fugimos do abstrato do conto mencionado anteriormente e caímos na realidade, no tangível. Um investigador particular é contratado para investigar uma determinada peça roubada que, aparentemente, era mística. Entretanto, ao invés de uma joia, o investigador encontra algo muito mais transcendente.


Numa mistura de terreno e sublime, Duda parte do agora, do presente, para o terrível e monstruoso. O terror se desenha de uma maneira mais branda até o mais forte, onde a vida faz apenas parte de um jogo. Falcão demonstra, assim como todos os outros autores, um talento incrível e uma facilidade para cativar completamente o leitor.
“Todas acordaram assustadas após sonhar com um jovem mascarado envolto em manto amarelo preso na escuridão por milhares de fios, como numa teia de aranha. Esse jovem lhes dizia que deviam se apressar, pois um alinhamento de planetas estava próximo” (p. 99).
Por ser um livro curto, apenas 122 páginas, podemos ler toda a obra de uma vez, em apenas uma tragada. Porém, eu afirmo: o tamanho da obra é inversamente proporcional ao do talento dos autores. Os contos são pequenos, mas te fazem refletir por horas, seja pelo estranhamento causado, seja pela normalidade que chega a assustar.


Visualmente falando, o livro também não deixa a desejar. A capa é assustadora e bela, representando muito bem Cthulhu. A diagramação, por sua vez, é incrível. Sem dúvidas, a editora Argonautas não economizou no trabalho gráfico.

Após a leitura resta um gostinho de quero mais. A obra é indicadíssima para todos os fãs de Lovecraft, assim como para todos aqueles que desejam desbravar um bom livro de terror. Quem gosta de fantasia também vai apreciar. Sem dúvidas, Ascensão de Cthulhu é um livro que merece meu respeito.



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