Morada das Lembranças foi um livro que me agradou demais por causa da sua profundidade e beleza. Por isso, resolvi trazer um pouco mais do livro para o blog. Você precisa conhecer essa obra!
“Era início de 1920 quando partimos. Fugimos como fogem aqueles que não têm escolha: largam repentinamente sua identidade e seguem tentando não deixar vestígios. Estes falam demais sobre quem somos” (p. 23).
“O que havia começado como luta por um ideal perdeu-se no meio do caminho. O ideal de um grupo só se mantém como ideia principal quando esse permanece coeso, pois é por sua força que se alcançam os objetivos” (p. 34).
“Eu saí do meu país quando os mortos se espalhavam pelas ruas ou eram largados em valas, amontoados uns em cima de outros. Vimos a fome, o brilho de loucura no olhar das pessoas. Sabia de notícias de alguns que haviam perdido tudo, mas penso que o pior ainda estava por vir” (p. 39).
“Minha mãe nunca chegou a ser um elefante como meu pai, de sua boca as palavras saíam com pressa, ela carregava em si a urgência daqueles que não aprenderam a escutar ou a serem escutados” (p. 93).
“Quando não falamos a língua certa, podemos nos tornar ninguém. O idioma é um separador de águas e de mundos, que nos aproxima e afasta com chances iguais.O que pode haver de pior? Pessoas que falam a mesma língua e não conversam, não se compreendem, detonam guerras, lutam no mesmo idioma por palavras que passaram a ter significados próprios para cada uma delas?” (p. 117)