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Resenha: Solaris

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Título: Solaris
Autor: Stanislaw Lem
Editora: Editora Aleph
ISBN: 9788576573326
Ano: 2017
Páginas: 320
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Sinopse:

Quando o psicólogo Kris Kelvin chega em Solaris para estudar o oceano vivo – e possivelmente inteligente – que cobre a superfície do planeta, ele encontra colegas de trabalho hostis e amedrontados. Logo Kelvin descobre que esses respeitados cientistas estão sendo perturbados por estranhas aparições, que também começam a afetar sua própria percepção. O que ele vê são suas memórias mais obscuras e reprimidas, materializadas por obra de alguma misteriosa força atuante no planeta. Publicado pela primeira vez em 1961, este clássico da ficção científica, aqui traduzido diretamente do polonês, ganhou três adaptações cinematográficas, sendo que a versão dirigida por Andrei Tarkovsky em 1972, recebeu o Grand Prix no Festival de Cannes.

Resenha:

Solarisé, provavelmente, diferente de tudo que você leu no campo da ficção científica. Nesta obra clássica do gênero, o autor polonês Stanislaw Lem abusa da criatividade e da genialidade: a humanidade encontra vida fora da Terra; entretanto, não se trata de seres antropomórficos, mas de um oceano vivo e que revela, pouco a pouco, ter “capacidades” inimagináveis.

Diante da descoberta de um oceano vivo, pensante e de um planeta inteiro com apenas um grandioso habitante, as expedições começam a ser constantes, assim como as teorias sobre esse estranho planeta. As pesquisas visam ao conhecimento sobre o oceano vivo, tentando compreender os elementos químicos e biológicos que vão além da nossa capacidade. Entretanto, parece que os mistérios não querem se revelar aos humanos. O oceano dá apenas indícios do que pode fazer; isso quando quer.

Já diante dessa queda de expectativas sobre descobertas em relação ao planeta, o psicológico Kris Kevin vai em expedição para Solaris, a fim de tentar localizar similaridades psicológicas entre o homem e o oceano. Entretanto, ao chegar a Solaris, é surpreendido para uma série de acontecimentos quase inexplicáveis. Seria o assombro de estar quase só, longe da Terra? Ou será realmente o Oceano que resolveu brincar com o psicológico dos pesquisadores?


Partindo dessa premissa, Lem cria um livro genial, forte e muito bem desenvolvido. O autor pensa em todos os pontos de uma verdadeira exploração espacial, criando uma obra que nos faz ter uma verdadeira noção dos problemas que podem ser enfrentados ao encarar o desconhecido. Ele aborda os problemas práticos e teóricos; cria, inclusive, toda uma bibliografia sobre a solarística, a fim de dar uma maior verossimilhança ao seu trabalho.

Além desse aspecto, a estrutura psicológica dos personagens também merece elogios e prende o leitor do começo ao fim. Os protagonistas são aprofundados e verdadeiros; o autor nos faz crer em cada uma das reviravoltas psicológicas existentes devido aos aspectos de Solaris. O suspense e o terror contidos na obra, mesmo que em menor intensidade, são decorrentes do desenvolvimento mental. O medo da perda, o reencontro improvável e a angústia são os pontos que mais mexem conosco e também os protagonistas.

Outro ponto que merece destaque é o autor ter ido além do comum e do previsível no que se refere à ficção científica. No lugar de batalhas épicas e criaturas humanoides com sede de conquista, o autor optou por um “ser alienígena” altamente inteligente, mas com uma constituição pouco imaginada. Ademais, o fato do Oceano, em muitos momentos, simplesmente ignorar os humanos, também é uma diferença considerável. Além disso, chama também a atenção o autor tentar, em muitos momentos, fugir do antropocentrismo. Esses aspectos conferem uma particularidade louvável à obra.


Talvez o único defeito do livro, apesar de não ser propriamente uma falha, seja a presença de alguns trechos mais arrastados, ainda que profundos e com sentido. Na intenção de deixar tudo verdadeiro, o autor parece pecar pelo exagero em alguns aspectos. Um exemplo é o gasto de páginas e páginas explicando as inúmeras e intermináveis teorias sobre o planeta. Em parte, ajudam a entender o contexto histórico e social. Em outros pontos, parece apenas ser uma gordura não queimada. Entretanto, esse aspecto não reduz os méritos da obra.

Em relação à parte física, por sua vez, também há muitos elogios. A Aleph fez um trabalho editorial esplendoroso, trazendo para o mercado uma edição belíssima e com uma tradução excelente. Todos os aspectos apresentados na obra, seja relativo à beleza, seja ao lado editorial, são encantadores, o que reforça o papel da Aleph como um dos principais ícones literários do país.

Em suma, Solarisé uma obra surpreendente, genial e que merece ser lida tanto por quem gosta de ficção científica como por quem não gosta. Sem dúvidas, você irá encantar-se.

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