Título: O Ceifador
Autor: Neal Shusterman
Editora: Seguinte
ISBN: 9788555340352
Ano: 2017
Páginas: 448
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Sinopse:
A humanidade venceu todas as barreiras: fome, doenças, guerras, miséria… Até mesmo a morte. Agora os ceifadores são os únicos que podem pôr fim a uma vida, impedindo que o crescimento populacional vá além do limite e a Terra deixe de comportar a população por toda a eternidade.
Citra e Rowan são adolescentes escolhidos como aprendizes de ceifador — um papel que nenhum dos dois quer desempenhar. Para receberem o anel e o manto da Ceifa, os adolescentes precisam dominar a “arte” da coleta, ou seja, precisam aprender a matar. Porém, se falharem em sua missão — ou se a cumplicidade no treinamento se tornar algo mais —, podem colocar a própria vida em risco.
Resenha:
É tão bom quando um livro nos surpreende, não é mesmo? A sensação que a gente tem é incrível e indescritível, ainda mais com um livro que não fui com muitas expectativas e não imaginava o quão fantástico e singular. Quer saber o que achei de O Ceifador? Confira abaixo.
A vida de Citra e Rowan são completamente opostas: Citra tem uma família que a ama e cuida dela, que sente orgulho dos seus feitos; a de Rowan, por outro lado, não o enxerga, sua família é enorme e todos parecem ignorá-lo, principalmente seus pais que nem o escutam quando ele pede atenção. Como o Rowan diz: “ É a alface” da família, todos o rejeitam com muita facilidade.
Quando os jovens são convocados para serem aprendizes do Ceifador Faraday, a surpresa foi enorme para os dois, nunca poderiam imaginar que um dia seriam notados, principalmente para Rowan que viveu sendo invisível. A escolha para seguir esse caminho foi um pouco mais difícil para Citra, já que não queria se separar de sua família, especialmente seu irmãozinho Ben. Ao contrário da garota, Rowan não teve dificuldade nenhuma em querer ser aprendiz de ceifador, sua família poderia até ficar feliz com sua ausência.
Ser aprendiz de ceifador é muito mais do que os boatos que circulam pela cidade dizem, é difícil e exaustivo, tanto fisicamente quanto mentalmente, além disso os novos aprendizes também perceberão que um ceifador pode ser bem diferente do que imaginavam e que tanto os humanos quantos os ceifadores podem sofrer e, no caso dos ceifadores, carregar um fardo. O Ceifador Faraday e outros ceifadores parecem ser tudo aquilo que não imaginavam.
Inesperadamente uma decisão é tomada e Rowan e Citra, ao final do treinamento, serão obrigados a encarar um desafio: quando um deles se tornar ceifador terá que coletar o outro. Assim, Rowan e Citra terão que lutar tanto por suas vidas quanto também em seus corações. A escolha final não será nada fácil, é melhor vencer e matar ou perder e deixar ser morto para não matar quem ama? As escolhas serão difíceis, nenhum dos dois parecem aceitar o fardo, mas o destino é inevitável. Será que existe alguma maneira de escaparem juntos dessa?
Enquanto aprendiam cada dia mais sobre os ceifadores, os jovens também aprendem sobre a Era da Mortalidade, um mundo sangrento, repleto de guerras, violências e corrupções que ficou para trás; agora, a humanidade venceu a morte, todos são imortais graças a Nimbo-Cúmulo, uma inteligência artificial, que tomou o controle do planeta, tirando do poder os políticos, ditadores e exploradores, assim, acabou com as injustiças e violências do mundo, trazendo a paz e ordem. As máquinas começaram a conviver e ter uma relação simbiótica com os humanos. A Nimbo-Cúmulo tornou-se a “mãe” da humanidade.
“A imortalidade nos transformou em personagens de desenho animado” (p. 198).
Essa nova Era Imortal, porém, não difere muito da Era da Mortalidade, pois o preconceito continua e a falta de empatia é ainda maior. Não morrer fez a vida parecer insignificante até a criação dos ceifadores. Você pode rejuvenescer e revivificar quantas vezes quiser desde que pague, já que a medicina ficou incrivelmente melhor e mais rápida. O mesmo caso ocorre na Ceifa, a maldade e o prazer em matar parecia existir entre os ceifadores quando esses sentimentos deveriam ser extintos; um pequeno grupo parecia violar os princípios e os mandamentos da Ceifa para apenas se divertir ao coletarem os humanos.
“Temo por todos nós se os ceifadores começarem a amar o que fazem” (p. 102).
Rowan e Citra começam a conhecer o mundo obscuro dos ceifadores e em que confiar ou não, entre tantos treinamentos algo inesperado acontece que abala o mundo dos aprendizes, principalmente seus destinos. Seria possível mesmo a ceifa ser tão incorruptível quanto pensavam? Tão mais evoluídos que os humanos? Perguntas e mais perguntas surgem quando os dois embarcam cada vez mais fundo nesse mundo e descobre alguns segredos até então bem ocultos.
Se há um ceifador que odiei bastante foi o Ceifador Goddard, que personagem mais repugnante e desprezível, as partes que ele aparecia com seu grupo me deixavam sempre com um frio na barriga, porque as ações dele eram sempre inesperadas e controversas. Ficava intrigada com seus discursos e manipulações, em como conseguia ter uma lábia que conseguiria convencer qualquer um. Ao mesmo tempo que o odiava, sentia fascínio em como conseguia executar seus planos.
A narração é em terceira pessoa e alterna entre Rowan e Citra, também têm capítulos narrados através de um diário de alguns ceifadores mais precisamente de uma ceifadora que no início fiquei intrigada para saber qual sua relação com a história, mas também fiquei encantada pelas seus relatos e reflexões sobre a humanidade e os ceifadores, já a adorava sem ao menos conhecer.
Não sei se seria capaz de escolher as melhores partes do enredo, porque foram tantas descobertas, revelações e momentos inesperados que me fizeram ficar cada vez mais empolgada com o desenvolvimento da história. Cada história sobre o passado da humanidade me fazia refletir em como somos agora e em como seremos daqui em diante. Seremos mesmo Sapiens ou não-sapiens daqui a alguns séculos? Talvez O Ceifador seja um prelúdio do futuro da humanidade.
“A morte torna todos iguais” (p. 30).
O livro aborda muitos assuntos interessantes e que provavelmente permanecerão assim daqui a séculos como a questão do racismo, preconceito, a intolerância religiosa que é muito bem descrita na história. Só sei que fiquei fascinada pela história e em como os temas são tão atuais como são reflexivos, sem contar que o livro me ajudou em um trabalho na Faculdade sobre nós Sapiens, então imaginem como estou impressionada e admirada com esse livro.
A Seguinte, como sempre, fez um excelente trabalho na confecção do livro, a edição está linda, essa capa é espetacular, a tradução do Guilherme Miranda está impecável e a revisão está excelente.