Autor: Pedro Terrón
Editora: Primavera Editorial
ISBN: 9788561977061
Ano: 2009
Páginas: 324
Sinopse:
Em tempos remotos, um sábio criou sete misteriosas estrelas com propriedades surpreendentes. As peças brilhantes caíram nas mãos de uma mulher sem escrúpulos, o que gerou uma tragédia de enormes proporções e logo em seguida, levou ao desaparecimento das estrelas, sem que ficasse o menor rastro. Nos dias de hoje, Runy, um jovem espanhol, encontra uma das estrelas nas águas do Mediterrâneo. Por incrível que pareça, ele sonhou várias vezes com essa joia. A partir daí, envolve-se numa emocionante aventura que o conduzirá a uma época antiga, na qual poderá reviver uma vida passada repleta de fatos inusitados e conhecerá Dámeris, sua alma gêmea. Juntos, participam de um incrível projeto cujo desfecho é inimaginável. A história inacabada de antes deverá encontrar seu desfecho agora, no presente. Desvendar o mistério do passado pode afetar seu destino e o de toda a humanidade.
Resenha:
Resenhar esse livro é extremamente complicado. Não porque seja um livro complexo, a dificuldade advém do apego que criei com o enredo. É difícil transformar em palavras o que você sente por um livro que você gosta, ainda mais quando não se espera tanto de uma obra e ela te surpreende.
Em A Cidade Perdida, primeiro livro da série Kalixti – O Enigma das Sete Estrelas, conhecemos Rafael Ulloa Navas del Yelmo, o Runy. Com ele, mergulhamos em um mundo repleto de encanto, digno de um filme de ficção científica. A princípio, o protagonista se mostra um jovem intrépido e destemido. Após fracassar na sua primeira empresa, pega dinheiro emprestado e monta uma segunda. Porém, quando essa começa a lhe render lucros, ele a vende e resolve comprar um submarino.
“Ainda bem, tudo foi só um pesadelo. Um pesadelo tão real que eu juraria ser aquele jovem grego ou romano – não saberia diferenciar – que fugia vomitando medo por cada poro de sua pele. Um resto do sonho continua tão latente que tremo como se ainda mantivesse o chicote entre as mãos” (p. 16).
O submarino, entretanto, que deveria ser a sua nova fonte de renda, sofre um acidente logo na primeira viagem, deixando Runy, Mônica, sua esposa, e Jorge, seu melhor amigo, em perigo. Eles são salvos, porém, por um homem misterioso; mais alto que a média, muito loiro e extremamente forte, ele intervém no naufrágio. Aliás, não era a primeira vez que esse rapaz misterioso salvara Runy. Para tudo ficar ainda mais incomum, durante o naufrágio, uma estranha joia é encontrada no fundo do oceano.
Se tudo parece um tanto estranho, Runy começa a ter pesadelos muito reais com essa joia. E se esses pesadelos, na verdade, fossem visões de um passado distante? E se o mundo fosse muito diferente do que Runy imaginasse? Isso é possível? Pedro Terrón, o autor desse incrível livro, tem a resposta.
Sem dúvidas, o livro é surpreendente, principalmente por ser uma mistura muito boa de fantasia com ficção científica. Entretanto, diferente de muitas obras, aqui a fantasia e a ficção vão se revelando aos poucos, tornando tudo muito mais aceitável e, até mesmo, real. O leitor vai mergulhando nessa nova realidade aos poucos, até se apaixonar completamente e não querer mais sair.
“É desconcertante a forma de captar o tempo em determinadas situações. Os segundos passam com uma lentidão desesperadora. De outro lado, o mar que nos invade parece subir com terrível rapidez. Continuando desse jeito, em seguida a água atingirá o rádio e poderemos ficar totalmente incomunicáveis” (p. 61).
Um ponto muito interessante da obra é a linguagem empregada. O livro é narrado em primeira pessoa, mas de uma forma quase poética. As palavras não simplesmente jogadas no papel, elas se combinam formando uma narração mais densa do que o comum. As falas são ricas e as reflexões são profundas.
Os personagens, por sua vez, são muito bem construídos. Podemos ver em Runy um amadurecimento a cada página. Ele começa quase como uma criança curiosa e termina como um homem profundo e cheio de mistérios. Os demais personagens também não ficam atrás. Em Mônica encontramos uma mulher centrada, cartesiana e muito racional. Jorge, pelo contrário, vive cada dia como se fosse o único.
A obra é incrível; a diagramação do livro não fica atrás. Com uma capa bonita, folhas amarelas e uma fonte grande, a leitura se torna ainda mais agradável. Além disso, entre os capítulos há uma diagramação especial; apesar de simples, bonita. A tradução está excelente, e, quanto à revisão, encontrei uns quatro erros de digitação, mas nada que atrapalhe a leitura ou desmereça a obra.
“A história que vou relatar começou numa quente noite de primavera quando a Natureza, espalhada por todos os cantos do Cosmos, se abre a quem sabe olhá-la” (p. 116).
Nunca havia lido autores modernos da literatura espanhola e confesso que fiquei encantado. Terrón dá uma aula de escrita. Com uma premissa única e uma linguagem envolvente, ganha o leitor logo no começo da obra.