O programa Chaves chegou ao Brasil em 1981 e é um marco na TV brasileira, alcançando diversas gerações. Quem consegue explicar o sucesso de tantos anos? Nesta obra, você vai entender um pouco dessa saga, cheia de histórias engraçadas e interessantes. O livro mostra como o programa subverteu a lógica televisiva com seu humor; a batalha pelo ibope; a contribuição dos dubladores para o sucesso aqui no Brasil; a biografia dos atores e, no final, um capítulo com uma série de curiosidades imperdíveis.
Resenha:
“Se você é jovem ainda, jovem ainda, jovem ainda
Amanhã velho será, velho será, velho será!
A menos que o coração, que o coração sustente
A juventude que nunca morrerá” (p.17).
Chaves é uma obra diferente das que costumamos ver, porém é totalmente única em seus aspectos e em sua qualidade. Quando a vi, fiquei totalmente interessada pela leitura e estava na expectativa de que iria gostar.
A obra foi realizada por Luís Joly, Fernando Thuler e Paulo Franco; os três tiveram a ideia de escrever o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) com base na série Chaves. Marcello Rollemberg escreveu o prefácio da obra e revela que foi o orientador do grupo.
Rollemberg, em suas palavras, inicia argumentando que achou a ideia um pouco estranha, mas que logo mudou a sua postura, pois nenhum programa, além dele, resiste mais de duas décadas à TV brasileira à base de reprises. Para ele, a realização desse trabalho seria uma maneira única de deslindar esse programa que merece tanto destaque.
El Chavo del Ocho é o nome original da série Chaves, criada em 1971 por Bolaños. A gravação do programa teve durabilidade de 24 anos, finalizando em 1995. Outra série que fez maior sucesso e é evidenciada no livro é Chapolin, seu nome original é El Chapulín Colorado. Esta foi criada um ano antes de Chaves e sua produção durou até 1987. Chespirito, além de ser o apelido de Bolaños, criador das séries mencionadas, foi o nome de um programa em que o próprio criador atuava.
“Por que mesmo sucessos clássicos como A Praça é Nossa, também do SBT, precisam utilizar erotismo e vulgaridade para atrair a audiência, se Chaves nada tem além de um humor primário e previsível?” (p.21).
Desde 1984, Chaves é transmitido no Brasil, através do SBT. Sua estreia ocorreu em 25 de agosto em uma das atrações do Programa do Bozo. E, desde então, passou a ser considerada uma série de destaque na Televisão brasileira. Após alguns anos, o Cartoon Network passou a transmitir também. Com um grandioso sucesso, Chaves atinge, atualmente, a quarta geração de telespectadores.
A origem do nome Chaves surgiu no Brasil de maneira errônea; o correto seria “chavo” que, em espanhol, significa “garoto”. Já o nome Chapulín é o nome de um gafanhoto típico do México, muito utilizado como alimento com pimenta, e “Colorado” foi escolhido por causa da cor rubra.
Em 1978 surge a ideia de levar a trupe para ser gravada sob a luz solar, originada pela equipe da Televisa. A gravação ocorreu em Acapulco, em parceria com o Hotel Hyatt, hoje chamado de Hotel Continental Emporio Acapulco. Até hoje, muitos turistas viajam para a costa mexicana para se hospedarem no hotel mais famoso da região.
Além das séries, Bolaños criou o filme El Chanfle, que não foi exibido pela TV brasileira, mas é possível encontrá-lo pela internet. Sua produção foi um sucesso e contou com a sequência: El Chanfle II. Porém, sem a presença do ator de Seu Madruga, por problemas de saúde, e do Quico, por desentendimentos com Bolaños.
“O sucesso que Silvio Santos enxergou assim que bateu os olhos no seriado Chaves não estava em supercenários, brilhantes direções artísticas ou atores que poderiam concorrer ao Oscar, mas no humor diário e compreensível a qualquer telespectador, de norte a sul, hoje ou daqui a cinquenta anos” (ps.26-27).
A obra retrata tanto o processo de evolução da série, como foi construída e como o autor fez para conseguir os atores para cada papel. Não obstante, além de apresentar os momentos de sucesso, os autores abordam os problemas que a série sofreu.
Eles mencionam a saída do Quico por uma desavença com o autor, bem como a saída de Seu Madruga para trabalhar com Quico. Porém, não tendo sucesso, o ator que interpreta o Seu Madruga volta à série e é recebido de braços abertos.
Eles mencionam a saída do Quico por uma desavença com o autor, bem como a saída de Seu Madruga para trabalhar com Quico. Porém, não tendo sucesso, o ator que interpreta o Seu Madruga volta à série e é recebido de braços abertos.
Após idas e vindas, Seu Madruga passa por um processo conturbado e precisa ser internado com urgência. A partir disso, sua saída dos palcos da série é definitiva. Por ser um fumante inveterado, Ramón Valdés é diagnosticado com câncer no pulmão.
Não podíamos deixar de descrever o famoso personagem e protagonista da obra: Chaves. O garoto pobre que vive no barril e que chama a atenção de todos e ganha espaço no coração de muitos. Embora pobre, o personagem mostra que ele tem um bom coração e, muitas vezes, é inocente em determinados assuntos. Chaves vive em todos os episódios com fome e não pode ver ninguém comendo nada que já quer um pedaço, principalmente quando este se trata de um belo sanduíche de presunto.
“O ser humano gosta do conhecido. Ele sente-se confortável ao ver algo que já conhece, isso o deixa ‘no comando’. Por isso, cada vez que vemos Chaves, estamos confortando nosso ego” (p.73).
Em muitos momentos, quem assiste a série e lê a obra sente dó do personagem. Um dos episódios mais marcantes é quando todos vão para Acapulco e Chaves fica sozinho na vila. Porém, o coração do homem que cobra o aluguel, o dono da vila, é maior que a sua própria barriga, então, ele chama-o para lhe fazer companhia.
A narrativa da obra é bastante envolvente e emocionante. Quando pensamos que daremos risadas do início ao fim, surgem alguns momentos que nos entristecem. O livro é recheado de emoções e, com certeza, agradará a todo tipo de leitor.
A diagramação é impecável, com imagens de cada personagem, deixando o leitor com saudade e com vontade de assistir todos os episódios. A revisão foi bem feita, embora tenha notado dois erros, porém, nada que afete a qualidade da obra e que tire as cinco estrelas que dei e, claro, favoritei.
Aos amantes da série, a leitura não é recomendada: é obrigatória. Aos que não gostam, garanto que irão dar boas risadas e acabar se interessando. Vale a pena ler!
Para descontrair!
Algumas frases marcantes de alguns personagens:
Quico:
“Se eu quisesse ouvir idiotices, me bastariam as que eu digo!” (p.136).
Seu Madruga:
“Prof. Girafales: – Agora, vamos achar a área do triângulo! Seu Madruga: – Como? Ainda não encontraram? Digo... andam procurando desde que eu era garoto!” (p.143).
Chiquinha:
“O português é um idioma tão bonito quando falado corretamente...” (p.149).
Dona Florinda:
“Dona Florinda: – Quico... tesouro... carinho... rei... coração... Seu Madruga: – Loteria!!” (p.151).
Chaves:
“Ora, você acha que se ela fosse realmente uma bruxa, ela já não teria feito uma bruxaria para ficar mais bonita?” (p.154).
Título: Chaves – Foi sem querer querendo?
Autores: Luís Joly, Fernando Thuler e Paulo Franco
ISBN: 9788563536273
Editora: Matrix
Ano: 2012
Páginas: 192
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