Quantcast
Channel: Desbravador de Mundos
Viewing all articles
Browse latest Browse all 1532

Resenha: Solidão

$
0
0
Sinopse:

Em 1982, o jornalista José Maria Mayrink, do jornal O Estado de São Paulo, escreveu uma surpreendente série de reportagens sobre a solidão em São Paulo, a maior metrópole brasileira. Mendigos, trabalhadores noturnos, presidiários, padres, freiras reclusas, cidadãos comuns foram surpreendidos em sua frágil intimidade. Eles eram solitários e tristes no meio da multidão. Escrita em estilo literário, como já não se vê na imprensa diária, os relatos comoveram os leitores e tiveram um impacto impressionante. Mais de 30 anos depois, a solidão nas grandes metrópoles não diminuiu. Os solitários continuam sozinhos, agora espalhando suas angústias nas redes sociais. O que era e é ser solitário numa cidade marcada por multidões e ruídos? Quem eram aquelas pessoas que falavam de uma sensação paralisante de abandono? A solidão urbana é mais ampla e assustadora do que se imagina. A solidão de que falam é a mesma que se sente hoje, um dos estigmas da atualidade. A identificação é inevitável. Este livro é um convite à reflexão sobre o que é a solidão particular de cada um.



Resenha:

“Uma vez senti solidão,
era um vazio,
uma dor no coração.
É como um rio que passa,
é o caçador sem a caça.
É um abismo da vida,
é a perda de uma pessoa querida.
No fim, é uma noite sem graça”
(Definição por um garoto de 14 anos, p.109).


José Maria Mayrink, de forma surpreendente, realizou uma série de reportagens sobre a solidão no jornal O Estado de São Paulo. O autor entrevistou mendigos, trabalhadores, presidiários, padres, freiras e uma série de pessoas que foram revelando a dor que insistia em habituar seus corações.

Através do livro Solidãoé possível fazer uma análise sobre como as pessoas vivem cada vez mais solitárias, mesmo no meio da multidão. Muitos levam uma vida triste e não tem alguém para servir de alicerce. Alguns declararam que gostavam de se sentir assim, como o caso de uma das freiras entrevistadas. Ela menciona que a solidão é uma forma de se aproximar de Deus, pois, quando ela se sente assim, apenas fecha os olhos e busca o encontro dEle. Porém, há quem discorde desse pensamento.
A leitura é bem fluída e o estilo literário narrado nos faz divagar em uma realidade cada vez mais próxima. Colegas, amigos, pais, filhos e até mesmo nós sofremos desse mal. Os relatos são comoventes e o impacto é impressionante. Somos arrastados para um mundo sofrido e que apenas tende a aumentar.

“O isolamento é apenas um fato, a solidão é uma opinião que alguém deixou enraizar em seu próprio espírito” (p.14).
As pessoas vivem de maneira corrida, mal tem tempo de dar atenção ao próximo. Antigamente, uns visitavam os outros; hoje em dia, apenas ligam ou simplesmente mandam mensagens. Esse amontoado de coisas reflete na vida de 300 mil pessoas que moram sozinhas em São Paulo e, dentre elas, 10 tentam se matar por dia de tédio e solidão.

A obra, sem dúvida, é um toque na ferida daqueles que se sentem sozinhos e um choque para aqueles que se sensibilizam. Afinal, muitos ao nosso redor se sentem sozinhos e não percebemos. Os entrevistados declaram isso como se a vida deles parasse diante de um obstáculo intransponível.

O livro é dividido em três partes e, em todas elas, Mayrink soube pegar os melhores detalhes, as palavras mais tocantes e emocionar o leitor do início ao fim de maneira estupenda. Não é uma literatura que nos prende por seu romance; porém, é um conjunto de histórias que deixará o leitor perplexo com a nossa realidade: tão próximos uns dos outros; mas, ao mesmo tempo, tão distantes.


“O preso mede a solidão pelo tamanho de sua pena” (p.74).
Achei a capa simplesmente encantadora. Quando vi o livro não imaginei do que se trata o design nela. Contudo, fiquei alguns instantes olhando e percebi que se trata de vários prédios. Esse detalhe tem tudo a ver com a temática abordada no livro, pois menciona-se que as pessoas residentes em prédios são mais solitárias do que as residentes em casas. Esse fator é explicado porque aqueles que moram em apartamentos dificilmente conseguem olhar nos olhos dos vizinhos, quer seja da frente, de cima, do fundo. O contato pode até existir, mas é mínimo. Enquanto que nas casas o contato é mais frequente e a solidão é minimizada. Para alguns, a solidão é uma coluna; já para outros é a torre de Babel, mas que não cai nunca.

A diagramação do livro é excelente e não notei nenhum erro. Fiquei encantada com a obra em todos os aspectos e recomendo tanto às crianças até aos idosos. Todos deveriam mergulhar nessa Solidão do papel, para que a realidade fique distante de nossas vidas.
“As pessoas não se visitam mais, não se veem. Estamos atravessando um momento de desilusão, sem esperança. Um exemplo: a amizade colorida. Existe coisa mais solitária? Não se pode chamar isso de relacionamento, de compartilhar (p.89).

Título: Solidão
Autor: José Maria Mayrink
ISBN: 9788581300641
Editora: Geração Editorial
Ano: 2014
Páginas: 189

http://desbravadoresdelivros.blogspot.com.br/2014/08/resultado-do-top-comentarista-de-julho.html

Viewing all articles
Browse latest Browse all 1532