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Resenha: A Cilada

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Sinopse:

A Cilada, segundo livro da série, é um livro ágil, absorvente, narrado na primeira pessoa, na tradição dos detetives clássicos como Sam Spade, de Dashiel Hammett, ou Philip Marlowe, de Raymond Chandler, com pitadas do policial do futuro, Dick Deckard, de “Blade Runner — Caçador de Androides”. O Guardião terá que resolver o mistério de uma garota desaparecida na Cidade Baixa, a pedido de seu pai, o general de uma guerra em que ele também esteve como soldado. Um romance que você não conseguirá largar, disposto a solucionar um mistério que vai ficando mais denso a cada nova página.


Resenha:


“– As pessoas parecem bastante com as moscas.
– Como assim?
– Ambos morrem facilmente” (p.15).



A Ciladaé o segundo livro da série Cidade das Sombras de Daniel Polansky. O primeiro livro, O Guardião, você pode conferir a resenha aqui. A continuação da série se passa na cidade de Rigus e na Cidade Baixa. Rigus é um lugar suntuoso e totalmente rico, enquanto na Cidade Baixa as pessoas vivem na calamidade; é a região considerada sombria em que o perigo e a criminalidade predominam.

O querido e amado personagem Guardião reside na Cidade das Sombras, o lado obscuro e pobre da região. Ele é um negociante de drogas e usuário. Não dispensa meia ampola de Sopro de Fada e não deixa de fumar vinonífera. Sua maneira de fazer justiça é com as próprias mãos, afinal, aquele lugar sombrio é coberto por irregularidades e o Guardião tenta minimizá-las de alguma forma, nem que para isso seja necessário fazer o que ele mais sabe: matar.

“Todos somos marionetes, mas prefiro que minhas cordas sejam menos visíveis” (p34).

Nesse livro sua missão é outra, ele é convocado pelo general Edwin Montgomery para desvendar a verdade sobre a morte de Roland, ex-presidente da Associação dos Veteranos da Grande Guerra. Ele foi encontrado morto em um bordel na Cidade Baixa.



A irmã de Roland, Rhaine, é uma adolescente que sai de casa e vai em busca de respostas para o assassinato do seu querido irmão. Ela enfrentará sérios riscos, pois se envolverá com pessoas perigosas que nem mesmo o Guardião será capaz de defendê-la.

“– A verdade é que o homem que segura o chicote diz que é, e justiça é o que o forte faz com o fraco. Você pensa diferente porque viveu sua vida toda numa bolha feita de dinheiro. E você deve voltar para ela o mais cedo possível, antes que o mundo tire de você a sua inocência de maneira brutal” (p.123).

O Guardião é obrigado a convencer Rhaine em voltar para casa. No entanto, a teimosia da garota predomina e, agora, ela terá de enfrentar um mundo totalmente desconhecido e cruel. Será que ela conseguirá sobreviver?

O enredo é cercado por pessoas, porém, ninguém é digno de confiança, nem mesmo o detetive. A trama fica cada vez mais densa. Todo mundo é suspeito e ninguém sai ileso na história.


“– [...] Esta é a Casa Negra. Nós mandamos na cidade. Mandamos no país. Mandamos no céu e nos mares. Se existe algum lugar para o qual você vai depois de morrer, nós mandamos lá também” (p.214).

Mais morte é evidenciada na obra. Dessa vez, a descrição amenizou um pouco, porém, continua emocionante e a adrenalina é incrível. Garricha continua com seu jeito astuto e sabido. Contudo, o Guardião descobre que o menino é dotado de poderes que precisam ser aperfeiçoados e o leva até a poderosa Mazzie.

Polansky mantém a mesma linha de narrativa do primeiro livro. Quem gostou do anterior, certamente irá gostar desse. Não considero que tenha algo novo e surpreendente. No entanto, a obra consegue ser tão envolvente quanto a anterior. É impossível não se envolver na escrita do autor. Ele cria os personagens de forma cativante e nos prende na história.

“Nenhum homem é inteiramente uma coisa ou outra, um poço de bravura ou um covarde. Não sei o que é um herói, mas conheci um bando de covardes” (p.367).

Devo confessar que a primeira capa tinha me atraído demais, porém, o trabalho da segunda me conquistou ainda mais. Os detalhes estão bem melhores e ela está mais chamativa. A diagramação continua ótima, com as páginas amareladas e a letra em um tamanho perfeito para uma leitura agradável e ágil. Nessa obra, notei menos erros de revisão e de tradução.

Para quem está interessado em conhecer mais sobre a fantasia noir, mais do que indico essa obra. Levem-no para casa o quanto antes. Valerá a pena ler e fantasiar esse mundo sombrio, porém, totalmente incrível, criado por Daniel Polansky.

“As pessoas não gostam de números; gostam de pessoas e se confundem quando pessoas se transformam em números” (p.375).

Título: A Cilada
Autor: Daniel Polansky
ISBN: 9788581302133
Editora: Geração Editorial
Ano: 2014
Páginas: 414

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