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Resenha: Aprendendo em Seis

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Título: Aprendendo em Seis
Autora: Marcela Campbell
ISBN: 9788580133233
Editora: Schoba
Ano: 2014
Páginas: 420
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Sinopse:

O livro conta a história de seis jovens da hierarquia carioca que ficam na detenção por seis semanas em um dos melhores colégios da cidade do Rio. A história aborda temas comuns nessa fase da vida pessoal e escolar. Retrata temas já conhecidos como bullying, mas prezando os sentimentos daqueles que o sofrem, fala sobre o culto ao físico, como também fala sobre a compulsão alimentar, sobre a dificuldade de ser aceito pelo entorno e por si mesmo, sobre preconceitos, rótulos, sobre a competitividade e também sobre problemas familiares. Sadie é a garota nova que fica conhecida como a rebelde do São Lucas. Isabela é a típica popular do colégio e sofre muita pressão para continuar sendo perfeita. Lílian é aquela que está sempre sorrindo mesmo que esteja gritando por dentro. Noah pertence ao grupo dos populares, mas não fala com ninguém na escola. Lucas é o nerd da turma que é sempre comprado ao irmão e Arthur é o menino estranho e isolado. Apesar de terem histórias de vidas diferentes, os seis encontraram na detenção uma maneira de atravessarem tudo isso. Ali puderam ser eles mesmos, durante essas seis semanas ocorre de tudo: desde encontros em restaurantes, passando por brincadeiras inusitadas, momentos engraçados e tristes. Mas eles aprendem que juntos podem enfrentar o mundo.

Resenha:

Aprendendo em seisé uma obra que faz-nos refletir sobre todos os estereótipos que a sociedade cria e que, em sua grande maioria, prejudica aqueles que agem fora dos padrões estabelecidos. Através do relato de seis jovens que ficam em uma detenção por seis semanas, a autora prende o leitor e traz à baila uma série de situações do nosso cotidiano.

Campbell aborda de maneira esplêndida sobre o bullying em diversos casos. A autora ainda se aprofunda no sentimento das pessoas que sofrem desse preconceito. Somos apresentados a diversas personalidades que agem de um modo distinto quando passam por essa situação infame provocada por pessoas que não tem o mínimo de respeito pelo próximo.

Não é um livro que trata apenas de bullying, mas de diferentes situações e que podemos associar a muitas pessoas em nosso rol de amizade ou, ao menos, de convivência. Existem aquelas que constantemente reclamam que estão gordas, consideram-se acima do peso; há aquelas que são totalmente o oposto: estão gordas, mas querem se alimentar ainda mais. Elas agem assim para abastecer aquele vazio provocado por algo que lhe entristeceu. Outros são competitivos e, ainda, pais que tratam os filhos como se fossem objetos de competição e de beleza. Xingam, maltratam e humilham os filhos por algum deslize ou erro que eles cometem.
“A culpada era eu. Se não tivesse sido tão cega e estúpida, poderia ter evitado tudo isso, poderia ter estado ao seu lado, ter feito alguma coisa para ajudar mais, porém não percebi. O mundo já voltara a girar para os outros que se esqueceram, mas eu ainda sentia a dor todos os dias” (p.08).

A autora aborda temas bastante delicados e que deixa o leitor perplexo com a realidade que nos é apresentada, porém, muitas vezes vendamos os olhos para aquilo que está a nossa frente. Quantos jovens, insatisfeitos com a sua vida, com o tratamento dos pais, dos amigos e da sociedade, cometem suicídio?

Isso não relata no livro, porém, anualmente, 102 adolescentes cometem suicídio no país. O número é alarmante e deixa as pessoas perplexas ao saber que, desde cedo, os adolescentes não estão contentes com a vida que levam. E se esse número é considerado pouco, uma pesquisa da OMS (Organização Mundial de Saúde) revela que, a cada 40 segundos, uma pessoa comete suicídio no mundo. É lamentável, porém, muitos desses casos acontecem por frustrações advindas dos próprios pais.

Não obstante, a autora trata de casos de automutilação. Uma das personagens se corta a fim de esvaziar-se da sensação de culpa pela tentativa de suicídio da própria amiga, como uma busca desenfreada de fuga interior. O preconceito predomina no decorrer da obra, na maioria dos casos. É possível notar que muitos se preocupam com a aparência, enquanto o interior está sujo e conturbado.
“Uma gilete pode ser sua amiga tanto quanto uma pessoa, a diferença é que ela não lhe julga, não dá conselhos. Simplesmente abre um buraco em sua pele e deixa toda a sua dor vazar” (p.13).


Os seis jovens são obrigados a criar um evento para vinte crianças e suas famílias e, ainda, toda semana, eles devem apresentar um relatório dessas atividades. Os seis passam a se conhecer e ver a imagem de cada um sem máscaras. Através dos problemas alheios, eles percebem que os seus não eram tão cavernosos quanto pensavam.

A obra é uma lição de vida, de ânimo, de oportunidade e nos mostra como sermos melhores diariamente. Não é um livro de autoajuda, mas é possível captarmos um ensinamento em cada parte da obra.

Outro ponto muito interessante é que, no início de cada capítulo, a autora coloca um trecho de alguma música. O livro é narrado sob o ponto de vista dos seis personagens e temos um pensamento diferente sobre determinado assunto. Isso torna a leitura bastante clara; ainda possibilita uma maior proximidade e identidade com cada um.
“O que seria pior? Pais em pé de guerra que machucam os filhos e não se dão conta, ou pais que ignoram seus filhos por não alcançarem as suas expectativas?” (p.70).

Confesso que me identifiquei muito com Sadie, a garota das automutilações. Ela é totalmente na dela, passa boa parte do seu tempo lendo e não dá atenção ao que está ao seu redor. A personalidade dela é forte, marcante e o leitor torce para que o trauma dela seja apenas uma questão de tempo. O leitor vibra pela recuperação de sua amiga Nina e pela felicidade da personagem Sadie.

A capa é bem chamativa por apresentar os seis personagens da maneira como eles são. O título é muito sugestivo e abre campo para diversas ideias. A diagramação é ótima; é simples, mas é perfeita para uma leitura agradável com as páginas amareladas. Notei poucos erros na revisão, porém, não é nada que tire o mérito de uma boa nota pelo trabalho revisado.

Para quem gosta de novos desafios, esse livro é uma indicação, pois é totalmente diferente de tudo que já li. Ele nos ensina com os erros, com os acertos e com os possíveis casos futuros que podem surgir.


http://desbravadoresdelivros.blogspot.com.br/2014/10/resultado-do-top-comentarista-de.html


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