Autor: John Boyne
ISBN: 9788580869316
Editora: Companhia das Letras
Ano: 2013
Páginas: 10
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Sinopse:
Neste conto breve e melancólico, John Boyne (autor do best-seller O menino do pijama listrado) acompanha o dia de folga de um jovem soldado inglês e seus companheiros, que passam a véspera de Natal em uma das trincheiras da Primeira Guerra Mundial. Enquanto relembra os natais da infância e o conforto do seu lar, ele vê e ouve as bombas alemãs caindo a sua volta. Em meio a um dos piores conflitos do século XX, o jovem irá vivenciar um espírito natalino muito diferente do que estava acostumado.
Resenha:
Dia de Folgaé um delicioso conto escrito por John Boyne que foi criado para o jornal “The Irish Times” e disponibilizado em ebook pela Editora Companhia das Letras. Depois de ter lido a obra “Fique onde está e então corra”, Boyne entrou para a minha lista de autores favoritos e eu precisava ler mais sobre ele com urgência. E, com certeza, não me arrependi.
O conto relata sobre um soldado durante a Primeira Guerra Mundial. Hawke está em época de Natal, porém, sua vida continua a mesma: no campo de batalha, com feridas por todo o corpo. Ele recebe um presente de sua mãe: uma carta e uma meia com um pauzinho de canela no meio delas. Hawke ficou curioso para saber o porquê da canela, mas não fez indagações. Suas meias estavam velhas e cobertas de sangue e sujeira, porque seus pés estavam machucados e cheios de bolhas, então, o presente veio em um excelente momento.
“Eram umas coisas atarracadas, as unhas dos dedos destroçadas e apodrecidas, as solas cobertas de bolhas, sangue negro escorrendo das feridas abertas”.Ele e seus companheiros recebem oficialmente um dia de folga. Staines começa a tocar “Noite Feliz” em sua gaita, porém, ninguém se interessa pela música, apenas querem comemorar o fato de estarem de folga e de ser véspera de Natal.
É possível notar a maneira que alguns usam uns diálogos engraçados, mas reais e lastimáveis. Delaney pergunta a Hawke o que ele pediu ao Papai Noel de presente e ele responde que pediu apenas uma noite de sono. É uma coisa totalmente comum, para nós, porém, para um soldado e, no caso, para o personagem, isso é algo fora da realidade.
O protagonista ainda conta a história de um dos maiores absurdos, porém, que infelizmente ocorre em diversos países: um casal homossexual foi fuzilado porque estavam abraçados.
“Esse era o problema dos dias de folga. Eles eram tão raros, e você esperava tanto por eles, mas quando eles chegavam, seu corpo estava tão acostumado a se mover constantemente que era quase impossível relaxar”O autor faz-nos refletir se existe uma época feliz em um local tão desesperador quanto um campo de batalha. Ele ainda nos faz pensar como nossos dias e os momentos que temos são preciosos e, muitas vezes, não nos damos conta disso. Reclamamos de tudo e de todos. Contudo, e como será o estado físico e psíquico daqueles que estão em um lugar absolutamente sórdido, enfrentando a própria morte, a cada segundo?
Já era noite, porém, o protagonista rastejava pela mata fechada. Estava cansado e faminto, desejando algo para comer. Seu amigo Cole, pela manhã, dera-lhe uma carne enlatada. Todavia, ela tinha um gosto podre e mesmo assim, Hawke comeu, pois a fome era maior. Minutos depois, ele vomitara tudo o que acabara de comer.
Mesmo vivendo em um lugar totalmente triste e desolador, Hawke sabe aproveitar e reconhecer as coisas ao seu redor. Suas feridas em seu corpo e o cheiro fétido delas, o faz lembrar que ainda está vivo e isso é uma grande dádiva.
“Era véspera de Natal e não haveria folga para os ímpios. Ele pegou seu rifle mais uma vez e ajeitou o capacete na cabeça”.O autor fez um conto que, na verdade, daria um livro. É possível lê-lo rapidamente, porém, a lição que essa história nos passa, pode-se levar eternamente. Hawke é um grande exemplo de pessoa: determinado e otimista. Ele consegue enxergar as melhores coisas nas piores situações.
Recomendo a leitura desse conto, é simples, rápida e emocionante. Vale a pena ler!