Título: Se eu ficar
Autora: Gayle Forman
ISBN: 9788581635415
Ano: 2014
Páginas: 224
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Sinopse:
Depois do acidente, ela ainda consegue ouvir a música. Ela vê o seu corpo sendo tirado dos destroços do carro de seus pais – mas não sente nada. Tudo o que ela pode fazer é assistir ao esforço dos médicos para salvar sua vida, enquanto seus amigos e parentes aguardam na sala de espera... e o seu amor luta para ficar perto dela. Pelas próximas 24 horas, Mia precisa compreender o que aconteceu antes do acidente – e também o que aconteceu depois. Ela sabe que precisa fazer a escolha mais difícil de todas.
Resenha:
Se eu ficar é um livro extremamente fino, porém, o oposto do que poderia prever, demorei em média uns três meses para lê-lo ou mais. Não tinha vontade de ler e, toda vez que o pegava para continuar, preferia dormir ou até mesmo ler bula de remédio. Alguns dizem que entre o leitor e o livro precisa rolar uma química. Comigo não rolou química, física e nem matemática; nada além de frustração e desânimo.
Enquanto me forçava a continuar a leitura durante esses três meses de sufoco, notei muitos blogs elogiando esse livro e eu pensava: “o problema está em mim, lógico”. Então decidi que terminaria não importando o tempo necessário para isso. Conclusão: deveria ter ouvido meu subconsciente.
A história começa emocionante demais. O tempo está completamente fechado nos Estados Unidos, mas mesmo assim a família de Mia decide dar um passeio. O que tinha para ser apenas uma garantia de distração acaba se tornando uma grande tragédia. O excesso de neve provocou um acidente: o carro choca-se com um caminhão e fica todo destruído.
“As pessoas acreditam no que querem acreditar”.
Os pais e o irmão mais novo de Mia não resistem e acabam falecendo. Ela está caída, porém, a garota sai de seu corpo e começa a observar tudo de fora. Mia é guiada apenas por um rádio que toca uma música de Beethoven. Ela foi levada pela ambulância diretamente para a UTI, passou por diversas cirurgias e, em todas, a jovem apenas observa tudo fora de seu corpo.
A narrativa do livro é feita na visão de Mia e tudo que se passa tanto em seus pensamentos quanto ao redor dela. Além disso, a autora intercala com acontecimentos do passado da garota. Posso afirmar que, para mim, esse seja o ponto fraco do livro. O passado dela não é nada emocionante e Forman foca nele como se fosse uma joia preciosa. Ela poderia muito bem focar na dor dos parentes, no acidente e diversos outros pontos relacionados a este, o que tornaria a obra carregada de emoção.
Mia tem apenas 17 anos e é violoncelista, a música clássica está em suas veias, enquanto o gosto de sua mãe é diferente do seu, o que a faz acreditar que foi trocada na maternidade. Pura bobagem isso, francamente. Pelo fato de ter características físicas e emocionais distintas até se revelaria, mas, gosto é algo pessoal e nem sempre hereditário, convenhamos.
“Percebo agora que morrer é fácil. Viver é que é difícil”.
Assim como ouvi muitos elogios da obra, notei críticas que me fizeram crer que eu não era o problema por não ter gostado do livro. Embora a temática fosse ampla e com a chance de se tornar algo que prendesse o leitor, a autora optou por focar em algo que fugiu desse parâmetro: romance.
Mia tem um relacionamento amoroso com Adam, vocalista e guitarrista de uma banda punk-rock. Quando a garota sofre o acidente, ela se preocupa em dar um jeito de avisar ao rapaz o que aconteceu com ela. O amor da garota perpassa a preocupação consigo mesma. Pode até não ser isso que a autora quis nos passar, mas foi exatamente isso que senti lendo a narrativa desesperada de Mia enquanto se lamentava por Adam não saber do seu estado físico.
Quando o garoto descobre que ela está internada, ele decide ir vê-la. Porém, a enfermeira o proíbe alegando que apenas a família pode visitá-la. Eis que surge uma baita loucura de Adam e da irmã de Mia para que ele consiga entrar no quarto. Achei muito bonito da parte dele em fazer o que fez, mesmo que para isso fosse necessário quebrar algumas regras; aliás, muitas.
“— Tudo bem. Se você quiser partir. [...] Todos nós queremos que você fique. Eu quero que você fique mais do que já desejei qualquer outra coisa na minha vida”.
Outro ponto que não achei muito convincente foi a narrativa enquanto Mia está internada. Embora ela saísse de seu corpo, ela tinha discernimento das conversas que eram trocadas a seu respeito dentro do hospital. No entanto, em um determinado momento da narrativa, a protagonista diz que queria muito ouvir a conversa entre sua amiga e o Adam e o que estão planejando para entrar no quarto. No instante seguinte, ela começa a narrar a conversa de ambos. Nesse aspecto, ou deveria ser usada uma narração em terceira pessoa ou a autora poderia muito bem tirar a parte que Mia declara que queria ouvir a conversa, afinal, ela ouviria, bastava querer. Isso foi desnecessário e tornou uma falha na descrição da história.
Achei a capa muito bonita e a diagramação do livro segue nesse mesmo embalo, afinal, é Novo Conceito. Ser diferente disso é muito improvável e fora dos planos dessa excelente editora. Infelizmente, não posso dizer o mesmo dessa obra.