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Resenha: Meu Inverno em Zerolândia

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Título: Meu inverno em Zerolândia
Autora: Paola Predicatori
ISBN: 9788581052243
Editora: Suma de Letras
Ano: 2014
Páginas: 184
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Sinopse:

Romance de estreia da italiana Paola Predicatori, Meu inverno em Zerolândia é a história de uma perda, da vida escolar conturbada e dos caminhos desajeitados e incertos que o amor pode tomar.
Alessandra tem 17 anos quando sua mãe morre. Sua dor é como uma redoma e quando retorna à escola, se afasta dos amigos e vai sentar junto a Gabriel, conhecido como Zero, a nulidade da turma. Deseja apenas ser ignorada, como acontece com ele. Zero, porém, é mais interessante do que parece. Em sua falsa indiferença, é atento e sensível. É ele quem socorre Alessandra, aparecendo inesperadamente ao seu lado quando ela precisa de ajuda. Viram um par: Zero e Zeta.
Aos poucos, um sentimento indefinível ganha forma entre as paredes da classe e a praia de inverno, surgindo uma história delicada e forte que mudará para sempre a vida desse casal de adolescentes. De maneira realista, Meu inverno em Zerolândia mostra a juventude italiana e seu cotidiano, em uma história dura e envolvente, capaz de mostrar que a soma de dois zeros não é zero, mas sim dois.

Resenha:

Descobri esse livro através dos Blogs literários e, quando me deparei com a sinopse, fiquei imediatamente interessada para conhecer a história. Não sabia o que esperar, embora, muitos blogueiros estivessem elogiando o trabalho de Paola Predicatori, então fui fisgada pelos comentários dos leitores.

Alessandra é a protagonista e a narradora de sua própria história. Sua mãe falecera, vítima de câncer, quando a filha tinha apenas de 17 anos. A partir desse dia, a vida da garota mudou radicalmente. Não existiam motivos para felicidade, ir à escola era sua única atividade, além da natação e viver sob os cuidados de sua avó.

Quando volta à escola, Alessandra não sabe como lidar com os olhares de pena que seus colegas lhe ofertam. Sem saber como proceder, ela resolve sair da mesa em que divide com Sonia e parte rumo à mesa de um jovem meio invocado, sério e que não quer conversa com ninguém. Isso é ótimo para ela, já que a última coisa que a garota desejasse naquele instante seria conversar com alguém. Estar ao fundo da sala com um estranho era o que ela apetecia.
“Viver no medo, agora eu sei, é o pior dos pesadelos, e foi assim que mamãe viveu por todo aquele tempo, com aquele pensamento de morte dia após dia, hora após hora”.
O nome do jovem é Gabriel Righi, conhecido como Zero. Ele foi apelidado dessa forma por ser considerado um perdedor, um fracasso total, por ter uma vida regada de coisas negativas. Um pai bêbado e uma mãe que sofre com o tratamento do marido. Eles moram em um conjunto habitacional, localizado em um bairro bem inferior. Gabriel é obrigado a sair de casa porque o pai não quer sustentá-lo.

É assim que tudo retoma para Alessandra. Aos poucos, ela tenta contato com o jovem, mas ele sequer dá bola para suas falas. Certo dia ela indagou porque ele tinha faltado na aula. A resposta de Zero foi tão grosseira ao dizer que ele não lhe devia satisfações que a garota decidiu que era melhor evitar aproximação. Por trás desse jovem frio existe um rapaz que sofre diariamente. Gabriel é muito solitário e tenta abastecer-se de outras maneiras. Ele desenha durante as aulas e constantemente falta, sem ninguém entender o porquê.

Com a constante presença dela, o Zero passa a ser mais sutil em alguns momentos. Já não e totalmente grosseiro e silencioso. Fala algumas coisas e responde outras, quando acha conveniente. Fora da escola, os encontros passam a ser frequentes e os alunos pensam que eles estão tendo algum relacionamento escondido. De fato, era o que Alessandra mais queria.
“Eu o invejo por aquela coisa que ele sabe fazer tão bem e que no entanto não exibe nunca, não explora nunca, por aquele seu talento que esconde nas mãos fechadas e metidas nos bolsos de casado de 15 euros”.
A autora desenvolve muito bem a narrativa e, a todo o momento em que Predicatori descreve os sentimentos de Alessandra, podemos sentir a sua dor. Perder a mãe com apenas 17 anos e não viver com o pai desde o nascimento é um processo complicado para uma garota ter de passar. Existem detalhes que a autora descreve e deixa o leitor estagnado. As emoções afloram e a vontade é apenas reviver a presença da mãe da protagonista. Ela era sempre muito doce e gentil com a filha. Queria fazer as melhores coisas e, muitas vezes, a própria personagem esclarece que sentia vergonha de ter a presença de sua mãe ao levar e buscá-la na natação. Depois da morte, ela entende que tudo o que a mãe fazia era por amor e faria qualquer coisa para ter a presença dela outra vez.

A narrativa é intercalada por acontecimentos na escola, saídas com Gabriel e a saudade da mãe. Alessandra conta detalhes marcantes que viveu e como poderia ter sido se ela ainda estivesse viva. Ela ressalta suas dores e seus desejos de querer que tudo volte a ser como era antes.

A obra é uma verdadeira lição para quem consegue enxergá-la dessa forma. Afinal, a protagonista precisa lidar com as próprias emoções, com as perdas e o sentimento por Gabriel, o tão misterioso garoto que ela tanto quer entender. Para quem gosta do gênero, certamente, irá se envolver e se emocionar com o sentimento da perda, da dúvida, da saudade e do abandono.
“Sofrer é também um modo de amar você, e eu agora sei quanto te amei, e só o sei quando me sinto assim. Talvez seja uma estupidez pensar desse jeito, mas às vezes acho que com a felicidade não se aprende nada”.

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