Autor: Isaac Asimov
ISBN: 9788576570660
Editora: Aleph
Ano: 2009
Páginas:239
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Sinopse:
O Império Galático possui 12 mil anos. E possui pujança, grandeza e estabilidade. Ao menos em sua fachada. Mas ele está em pleno declínio, lento e gradual. E, no final, culminará com uma regressão violenta da sociedade e a consequente destruição do conhecimento. Preocupados com isso, um grupo de cientistas traça um plano pela preservação do conhecimento adquirido. Vencedor do prêmio Hugo, como a melhor série de FC de todos os tempos, este é o livro inicial da Trilogia da Fundação.
Resenha:
A Trilogia da Fundação foi considerada a melhor série de ficção e fantasia de todos os tempos, superando, até mesmo, O Senhor dos Anéis. Então, logicamente, como bom desbravador, não poderia deixar passar essa série sem conferir. E, desde o início, já aviso: se é a melhor série de todos os tempos, eu não sei; mas que é um dos melhores livros que eu já li, isso é, sem dúvidas.
Nesse livro, acompanhamos o Império Galáctico, que já possui 12 mil anos. A humanidade se expandiu e alcançou toda a galáxia, fixando moradia em quase todos os planetas e luas habitáveis. Além disso, os homens vivem o auge da civilidade, dos conhecimentos científicos e, supostamente, da política. Porém, quando Hari Seldon desenvolve um campo de conhecimento chamado Psico-história, é possível perceber que nem tudo é tão perfeito assim.
De acordo com as previsões da Psico-histórica, que é uma ciência exata que mistura matemática, psicologia e história, feitas por Seldon: o Império irá ruir em um curto período de tempo e, após isso, guerras assolarão a galáxia e o conhecimento irá regredir, acabando com centenas de anos de conquistas científicas. Porém, obviamente, o Império não gosta nem um pouco dessas supostas previsões.
“Não havia verde; nada de verde, nada de solo, nenhuma outra vida que não o homem. Em algum lugar do mundo, ele percebeu vagamente, ficava o palácio do imperador, encravado no meio de 260 quilômetros de solo natural, verde com árvores, com flores de todas as cores do arco-íris. Era uma minúscula ilha no meio de um oceano de aço, mas não visível de onde ele estava” (p. 21).
Seldon afirma que o declínio não pode ser evitado, porém, ele traça um plano, juntamente com diversos outros cientistas, para salvar todo o conhecimento humano. E, a partir de então, é iniciada a Fundação. Porém, será que o interesse desse grupo de homens é apenas salvar a humanidade ou há muito mais por trás?
De início, já afirmo que, se você procura um romance arrebatador ou uma obra de ação eletrizante, esse não é seu livro. Aliás, caso você procure este, indico Herdeiro do Império, também publicado pela Aleph. Ao contrário, Fundação é uma obra cadenciada, inteligente e em que os pontos máximos são os aspectos políticos, sociológicos e econômicos. É a típica ficção científica para quem gosta muito desse gênero. Além disso, essa é mais uma daquelas obras que fazem pensar.
Isaac Asimov narra um futuro muito distante, onde já até se esqueceu do lugar onde iniciou a civilização humana. Porém, esse distanciamento é apenas um embuste para falar dos nossos temas presentes. Através da análise política e social do Império Galáctico, conseguimos visualizar tudo que acontece atualmente, desde as falcatruas políticas, da corrupção e também dos países renegados que são abandonados, mesmo diante de toda a riqueza do mundo.
“A violência é o último refúgio de um incompetente” (p. 93).
Além dessa semelhança com o tempo presente, visualizei uma analogia enorme do Império Galáctico com o antigo Império Romano, tanto nos aspectos de dominação quanto na queda. Isso faz pensar que estejamos vivendo sempre a mesma coisa, porém travestido de aspectos culturais diferentes e também com dominadores diferentes. Não obstante, o autor ainda trata de maneira bem inteligente temas como o destino manifesto, aquele mesmo que os norte-americanos acreditavam – ou acreditam ainda, nunca se sabe – possuir.
O mais interessante e o que torna essa obra tão genial é que o autor transmite tudo através de uma trama simples e com uma escrita muito fácil e acessível. Além disso, com alguns saltos temporais, Asimov nos apresenta uma gama de personagens inteligentes, bem construídos e que nos ensinam muito sobre manipulação política.
Que o autor construiu um livro fascinante, isso não é novidade. Para complementar, a editora Aleph providenciou uma capa enigmática, mas que transmite bem o conteúdo da obra; uma excelente tradução e uma revisão ótima. A diagramação também está bem elegante e confortável, apesar de simples.
“Ser óbvio compensa, especialmente se você tiver uma reputação de sutileza” (p. 98).