Título: As Fontes do Paraíso
Autor: Artur C. Clarke
ISBN: 9788576571827
Editora: Aleph
Ano: 2015
Páginas: 352
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Sinopse:
Há dois séculos, Kalidasa desafiou sua família e sua religião para empreender uma verdadeira maravilha arquitetônica: a construção de um suntuoso palácio no topo de uma montanha, que o alçaria aos céus e o igualaria aos deuses. Duzentos anos depois, o ambicioso engenheiro Vannevar Morgan, que já unira dois continentes com a Ponte Gibraltar, se propõe a construir uma nova ponte, desta vez ligando a Terra ao espaço sideral. O que ele não imagina, porém, é que em seu caminho está um monastério budista, localizado sobre a única montanha na qual seu projeto poderia ser construído. Em paralelo, a humanidade detecta um estranho sinal de rádio, de origem não humana. Pela primeira vez na história, o planeta Terra é contatado por uma raça alienígena que, ao que tudo indica, está cada vez mais próxima.
Resenha:
Há muitos anos, Kalidasa mostrou-se ser uma pessoa muito ambiciosa. Para chegar ao poder, resolveu valer-se de métodos escusos para destronar seu pai e seu meio-irmão. Não obstante, resolveu construir um palácio incrível e colossal, no alto de uma montanha, com uma arquitetura incrível, pois gostaria de se tornar um deus. Porém, a empreitada pode não sair como ele gostaria.
Dois séculos após, um novo homem ambicioso aparece no mundo. Porém, diferente de Kalidasa, ele não quer poder; ele deseja marcar seu nome na história, ser reconhecido. Para isso, ele cria uma ponte que une dois continentes, algo jamais imaginado e que assombra a humanidade. Morgan não se dá satisfeito e deseja fazer algo mais. Ele projeta algo ainda mais grandioso: criar uma nova ponte, uma espécie de torre; contudo, ao invés de dois continentes, ele quer ligar a Terra ao espaço.
Entretanto, como já era de se imaginar, isso não seria fácil. O projeto era ambicioso e seria necessária uma quantidade volumosa de capital. Sem falar que algumas autoridades e grandes empresários poderiam ter seus objetivos atrapalhados. Desta forma, Morgan terá que enfrentar mais do que a desconfiança, mas também inimigos poderosos.
Ao começar a ler As Fontes do Paraíso, não sabia bem o que esperar. Conhecia a fama do autor, mas nunca havia lido nada dele. Além disso, apesar de ser uma proposta incrível, tinha minhas dúvidas quanto ao desenvolvimento. Contudo, fico feliz em dizer, ao terminar a obra, que o livro superou em muito as minhas expectativas. Sem exageros, a única palavra que encontro para enquadrar a obra é genial.
“Rajasinghe reconhecia o poder quando o via, pois poder tinha sido seu trabalho; e era poder que via diante de si agora. Cuidado com homens pequenos, sempre dizia a si mesmo, pois são eles que movem e abalam o mundo” (p. 24).
Assim como Fundação, escrito por Asimov, As Fontes do Paraíso é uma ficção científica para quem gosta do gênero. Não há grandes doses de ação; o autor opta por uma escrita mais cadenciada e simples. Clarke escolhe focar na busca do poder, conhecimento e reconhecimento. E o faz muito bem, por sinal, principalmente por causa da profundidade dada aos protagonistas.
Dos personagens que mais aparecem, o que mais me agradou foi o grande protagonista: Vannevar Morgan. Com a leitura, é possível destrinchar bem a sua mente e perceber que, por trás desse desejo de ir além, há um homem bom e genial. Porém, que ao invés de optar pelas relações humanas, preferiu escolher o seu trabalho, o seu talento. Do princípio ao fim, ele ganha o leitor.
Outro ponto que me chamou a atenção na obra foi como os conceitos científicos foram inseridos no enredo, algo que é essencial nesse gênero. Clarke fez essa colocação de conhecimentos técnicos e de engenharia de uma maneira tão simples e natural que aparenta, até mesmo, que eles sempre nos foram intrínsecas. E isso torna a obra muito mais acessível e deixa a leitura proveitosa.
A qualidade da parte literária é inegável e isso veio acompanhado de uma boa parte física. A editora Aleph entregou um livro que torna a leitura ainda mais confortável, pois possui uma boa diagramação, letras grandes e folhas amareladas. Porém, o ponto que mais me chamou a atenção foi a capa. A princípio não entendi bem o que ela transmitia. Contudo, após concluir a leitura, não consigo imaginá-la diferente. Ela possui completa relação com a obra.
“O vértice daquele triângulo enevoado deveria estar correndo em sua direção em alta velocidade, enquanto o sol se erguia verticalmente atrás da montanha, mas Morgan não percebeu movimento algum. O tempo parecia suspenso; foi um dos raros momentos em sua vida que não se deu conta dos minutos que passavam. A sombra da eternidade estava pousada sobre a sua alma, assim como a da montanha pousava sobre as nuvens” (p. 102).