Título: Diário de uma Garota Normal
Autora: Phoebe Gloeckner
Editora: Faro Eitorial
ISBN: 9788562409400
Ano: 2015
Páginas: 321
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Sinopse:
Minnie é uma garota de 15 anos que registra num diário tudo o que sente e acontece em sua vida. Seu relato é incomum apenas porque ela conta tudo. Não há aqui a sutileza das histórias para meninas, quase sempre romantizadas para parecerem mais leves. A descoberta da sexualidade, o interesse pelos garotos, as novas amizades, tudo é contado de forma tão natural que acaba por revelar como o mundo adulto é cáustico, doloroso e cruel, se visto pelos olhos de uma adolescente que está prestes a entrar nele.
Resenha:
Livros em formas de diário são bem comuns. Aliás, livro nesse formato e que menciona, entre outras coisas, um relacionamento amoroso é praticamente um clichê. Porém, isso é tudo que você não encontra aqui: clichê. Há um diário e um relacionamento, mas não há nada romantizado; tudo que Phoebe nos entrega é a verdade nua crua, e esse é o diferencial da obra.
Minnie Goetze é uma garota normal de 15 anos. Não se acha linda, mas sabe que possui suas qualidades. Está naquela fase de mudanças e está começando a redescobrir diversas coisas sobre si e sobre a vida. Exatamente nesse período, ela começa a se envolver com um homem mais velho. Contudo, não é qualquer homem, mas sim um dos namorados da sua mãe.
A partir desse envolvimento, começamos a entender melhor a vida da protagonista e de como são seus relacionamentos. Apesar de Minnie se considerar normal, a estrutura familiar dela está longe disso. A mãe é separada e leva uma diversidade de homens para casa, deixando que suas duas filhas tenham contato com pessoas completamente desconhecidas. Como resultado das relações da mãe e da falta de atenção adequada, álcool e drogas passam a fazer parte da vida da garota, o que tornará o seu cotidiano uma verdadeira bagunça.
“Quanto a mim, bom, eu não sou, particularmente, atraente. Acho que foi a minha juventude ou talvez tenha algo a ver com minha mãe. Ele transou comigo três vezes já e eu sinto como se estivesse se aproveitando de mim porque sei que ele só gosta dela...” (p. 21).
Partindo dessa premissa, Phoebe Gloeckner cria uma obra praticamente única. Ela apresenta, através de uma narrativa leve e direta, problemas complexos que merecem e devem ser tratados. Aliás, exatamente esse é o grande mérito da obra: tocar em alguns assuntos que a maior parte dos autores evita.
Temos uma visão bem clara do envolvimento de adolescentes com álcool e drogas, o que nos faz refletir sobre como a sociedade e a família, mais especificamente, trata das crianças e adolescentes que estão em risco social. Indo além, é possível perceber como uma vida família desajustada pode influenciar negativamente da formação dos filhos. Só por tais alertas a obra já merece meus parabéns.
Outro assunto para lá de polêmico que a obra trata é o envolvimento físico, sentimental e sexual de adultos com crianças e adolescentes. Com riqueza de detalhes, que muitas vezes é capaz de revoltar o leitor, a autora relata sobre a relação de Minnie e Moroe. Essas passagens também servem de ponto de partida para uma reflexão mais profunda por parte daquele que desbrava a obra, o que pode trazer uma visão mais crítica sobre o assunto, o que é essencial para o desenvolvimento da sociedade.
“– Fico chapado só de te olhar, você é uma garota muito bonita mesmo, mas não fique vermelha, é verdade, eu usava drogas, estava sempre chapado artificialmente mas me deixa puto pensar no que perdi quando vejo coisas bonitas como você” (p. 61).
Além dos problemas sociais que são apresentados na obra, a autora também merece destaque pelo bom desenvolvimento dos personagens e pela carga psicológica forte que é inserida no livro. Em alguns momentos, a verdade da obra é tão forte que a tristeza, a revolta ou euforia da protagonista se torna palpável, o que deixa o livro muito mais envolvente.
Se toda a obra é muito boa, a parte física também merece destaque. A capa é muito bonita e tem total relação com o enredo. A diagramação também está perfeita, contendo diversas ilustrações e quadrinhos, o que deixa o livro mais ameno, apesar da sua forte carga psicológica. Além disso, temos uma boa tradução e revisão.
Diante de tais características, resta-me indicar a obra. Se você gosta de livros que vão além do clichê e denunciem a realidade degradante, essa obra é para você.
“Eu me sinto tão desajeitada e feia e ingênua e sozinha. Talvez eu devesse me matar, talvez eu devesse pintar um quadro. Sempre quis que me tocassem. Não sei o que há de errado comigo” (p. 111).
Adendo: Sou obrigado a não concordar com a frase de Marianne Heller exposta na capa. Diário de uma Garota Normal realmente pode ser comparado com O Apanhador no Campo de Centeio, que é uma excelente obra, aliás, mas ela não é, definitivamente, a sua versão para mulheres. O motivo é simples: não existem livros para homem ou para mulheres; livros são escritos para pessoas.
Interessou-se pelo livro? Então tenho uma novidade para você! Em parceria com a Faro Editorial, o blog sorteará um exemplar da obra.
Confira as regras para participar:
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Informações extras:
– Entrarei em contato com o vencedor por e-mail e ele terá até 72h para enviar seus dados. Caso contrário, será feito um novo sorteio;
– Não me responsabilizo por possíveis extravios ou danos causados pelo Correios;
– O prêmio será enviado em até 30 dias após a resposta do vencedor.
– Os casos omissos no regulamento serão resolvidos pelos idealizadores do sorteio.
Obs.: O sorteio foi postado, originalmente, antes do blog ter sido hackeado. Estou, na verdade, repostando a promoção. O prazo de participação será ampliado para que não prejudique ninguém. Agradeço a compreensão.
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