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Resenha: O Andarilho das Sombras

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Título:O Andarilho das Sombras
Autor:Eduardo Kasse
ISBN:9788562942600
Editora:Draco
Ano:2012
Páginas:384
Compre:Aqui


Sinopse:

No romance O Andarilho das Sombras, primeiro volume da série Tempos de Sangue, Eduardo Kasse conta uma história instigante de como escolhas e uma promessa maliciosa criaram um grande mal. Para salvar a vida de quem amava, Harold Stonecross sacrificou sua alma em um jogo de poder entre deuses decadentes e se tornou um demônio em busca de sangue. Nesta fantasia sombria, entre lendas esquecidas, dogmas e mitos, Harold narra passagens de sua longa existência, repletas de conexões com tempos imemoriais, enquanto caminha pelas ruelas escuras e imundas da Europa da Idade das Trevas. Sedutor e fatal, Harold fez do mundo o seu palco. Em sua atuação, a História escrita pelos homens confunde-se com as histórias de terror contadas pelos mais velhos. Nobres, sacerdotes, homens comuns, não importa: sempre haverá um rastro de sangue após as cortinas baixarem.

Resenha:

Andarilho das Sombras é um livro de vampiros, chupadores de sangue, demônios da noite ou qualquer outro nome que você preferir usar. É uma obra que tinha tudo para ser apenas mais uma do gênero; Contudo, não foi. Isso acontece porque Eduardo Kasse narra a história de Harold Stonecross, o nosso protagonista, desde a sua infância sofrida até a sua maturidade, o que deixa o aprofundamento psicológico excelente. Além disso, o livro não é linear. O autor brinca com o tempo. Ora fala do passado, ora do presente e nos faz supor o futuro. Supor errado, aliás.

O livro se passa na Idade Média onde a igreja católica dominava o pensamento com todas as forças e as crendices eram mais fortes que a ciência. Sinceramente, não consigo imaginar um cenário mais ideal. Harold, com seu pensamento questionador e sua petulância, se destaca em cada página de uma maneira mágica.


Eduardo consegue retratar a Idade Média como poucos, demonstrando cada nuança dos costumes da época, principalmente dos camponeses, além de mesclar fatos históricos com fantasia.  Logo, aprende-se mais com o livro do que com algumas aulas na escola. Isso deixa o enredo mais profundo e aumenta a verossimilhança. Em muitos momentos, o enredo fica tão envolvente que você realmente acredita que tudo aquilo poderia ter acontecido.
“Sou Harold Stonecross, o suplício da humanidade, não um andarilho qualquer. Quem quer que esteja brincando com a sorte, vai sofrer muito – falei e minhas palavras ecoaram pelos confins do bosque.” (Pag. 151).
Outro ponto forte do autor é a sua capacidade de descrever os ambientes. O leitor se sente no local, na pele do Harold e, por alguns momentos, se imagina com uma roupa de peles esfarrapadas, bebendo vinho e cuidando de ovelhas. Ou bebendo sangue dos outros e seduzindo damas com seu charme vampiresco, o que parece ser bem mais interessante.

Harold, como se percebe na sinopse, não nasce um vampiro, mas se torna um ao decorrer de sua vida, ao tentar salvar uma pessoa querida. Aliás, a justificativa da criação dos vampiros foi a melhor que eu já li; inovadora e bem original. Só pela recriação do mito dos vampiros, esse livro já merece ser lido.


Stonecross, devido ao seu passado e a sua forma de criação, é exibicionista e sarcástico na hora de matar suas vítimas, transformando o livro em rastro de morte e sangue. Contudo, Eduardo Kasse também dá um toque de romance no livro. Mas se você espera um romance cheio de mimimi, com vampiros brilhando no sol e parecendo borboletas ao invés de assassinos, você se decepcionará. Kasse faz acontecer um romance sério, adulto e levemente sensual.
“Esse mundo foi infectado por poltrões medrosos, vermes receosos e biltres. Seguidores de um Deus fraco que só pensa na paz e na felicidade dos seus amados filhos... – esmurrou o trono – Ele deseja trazes o paraíso para essa terra – falou com escárnio – Mas, para isso seus cordeiros devem seguir cegamente a tábua com suas leis. Por sorte, os homens são surdos, burros e agem pela vontade dos corvos da igreja, não pelos ensinamentos daquele livro sagrado. Senão essa terra já estaria coberta de mel, quando na verdade deveria estar banhada em sangue!” (Pag. 366).
Quanto à parte física do livro, só tenho elogios para a editora Draco. A capa é belíssima e determina um padrão que seguirá durante toda a série.  A diagramação é simples, mas eficaz, proporcionando uma boa leitura. A revisão também está ótima.

Sem dúvidas, dos livros vampirescos modernos que já li, Eduardo Kasse cria o melhor de todos. O enredo te prende do começo ao fim, a leitura é fluída e a linguagem é muito bem construída. Se você procura um bom livro de fantasia, leia este, você não vai se arrepender.

  

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