Título:Deuses Esquecidos
Autor:Eduardo Kasse
ISBN: 9788582430361
Editora: Draco
Ano: 2013
Páginas: 216
Editora: Draco
Ano: 2013
Páginas: 216
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Sinopse:
Deuses Esquecidos é o segundo romance da Série Tempos de Sangue, de Eduardo Kasse, e narra a história de Alessio, um camponês temente a Deus que se tornou imortal contra a própria vontade.
Em uma Itália governada pela incontestável Igreja Católica, com seus dogmas e imposições, Alessio se vê em um grande dilema: depois de ser transformado em um bebedor de sangue, ainda teria chance de obter a Salvação?
Enquanto segue em busca de respostas, deixando à própria sorte a mulher e o filho, percorre caminhos tortuosos pela Europa medieval contando com a ajuda de um monge glutão e preguiçoso que também precisa expiar os seus próprios pecados.
Durante essa jornada fantástica, sua alma sempre estará envolta por sombras. Se reais ou imaginárias, só o tempo poderá dizer.
Resenha anterior: O Andarilho das Sombras
Resenha:
Deuses Esquecidos, o segundo livro da série Tempos de Sangue, mantém a premissa do primeiro enredo: muita ação e vampiros causando derramamento de sangue. A narração em primeira pessoa também é mantida. Porém, Kasse nos surpreende mudando o protagonista. Sai de cena Harold Stonecross e entra Alessio di Ettore.
Harold era pagão, desbocado, abusado e irreverente. Contudo, Eduardo Kasse nos apresenta, nesse segundo livro, Alessio: um vampiro cristão. Sim, você não leu errado. Nosso querido protagonista era, antes de ser mordido, um católico convicto, algo comum na idade média. Porém, mesmo depois de transformado em um imortal, ele mantém a sua crença.
Alessio era um camponês e trabalhava nas plantações de uva em um mosteiro. Católico praticante, casado e pai de um menino, não tinha nada de especial se comparado com a maior parte da população. Porém, um dia, após sair do seu emprego, foi abordado por uma figura misteriosa. Religioso como era, rogou pela proteção de Deus, mas Ele não o atendeu. Alessio acaba sendo mordido e transformado em um vampiro.
“Um homem muito magro e alto, com cabelos louros compridos e barba bem rala me olhava. Mesmo com a luz parca da Lua, podia ver que a sua pele era extremamente branca e seus olhos pareciam faiscar. Ele estava imóvel, como uma daquelas estátuas das igrejas. Sequer piscava.Coloquei-me de pé, encarei-o e com muita dignidade falei a plenos pulmões:– Pelo amor da sagrada Virgem Maria não me mata!” (p. 15)
Como o livro é em primeira pessoa, nos permite acompanhar bem o desenvolvimento do personagem, assim como entender melhor as suas dúvidas e anseios. Nesse quesito, percebemos mais uma diferença enorme entre Harold e Alessio. Enquanto aquele era confiante e exibido, este é fraco, medroso e acredita estar pecando ao se alimentar de sangue.
Em alguns momentos, ele prefere morder leprosos e animais a fincar suas presas em pessoas saudáveis. Porém, mesmo quando ataca os doentes, evita matá-los. Sua fé é mais forte do que a sua fome. Entretanto, o que pode parecer chato, se torna cativante. Acompanhar o crescimento psicológico do personagem se torna um vício e as páginas se viram sozinhas.
Em sua jornada, Alessio conhece pessoas interessantes, como Ugo e Tita. O primeiro é um monge da santa inquisição, caçador de demônios e hereges. A segunda, uma vampira jovem, – de aparência e mentalidade – apesar de ter sido transformada há mais de mil anos.
“Não foi uma alimentação prazerosa por causa do sangue doente, mas eu estava saciado. Saí da cabana com a ratazana observando-me com seus olhos vermelhos ao lado do pote de barro. (...) – Meu santo Ambrósio, se ainda pode me escutar, por favor, interceda por esses pobres que me serviram de alimento. Amém.” (p. 37)
Tita e Alessio são os lados opostos do vampirismo. Enquanto ela parece ser a filha mais nova de Harold, desfilando sua desinibição e bom humor, ele é calado e medroso. Porém, incrivelmente, os dois formam uma dupla perfeita. Juntos, desafiam soldados e viajantes. Ela faz com que Alessio cresça psicologicamente e também em conhecimento.
Apesar de possuírem protagonistas bem diferentes, quem gostou do primeiro livro certamente adorará o segundo. Afinal, Eduardo mantém a sua estrutura de escrita: uma prosa muito bem articulada e fluída, além de construir personagens cativantes. Ademais, a Draco continua com o padrão de qualidade da primeira obra.
Assim sendo, torna-se impossível não se deixar envolver para obra. Para quem acredita na maldição do segundo livro, Eduardo Kasse mostra exatamente o contrário. Obra mais do que recomendada.