Título:Tristes Finais para Começos Infelizes
Autor:Raul Otuzi
Editora: Novo Século
ISBN: 9788542804287
Ano: 2015
Páginas: 212
Ano: 2015
Páginas: 212
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Sinopse:
Quais são os começos infelizes que podem ocasionar tristes finais em nossas vidas? Um desabafo impulsivo. Um pedido insólito. Um comentário tolo. Uma confissão. Não, duas. Gatilhos que fazem desandar histórias de amor, desejo e amizade. Daí o que poderia ser o apanhado de bons momentos em instantes transforma-se em situações irreparáveis: ciúme, traição, vingança.
Raul Otuzi nos brinda com 25 contos que revigoram a literatura nacional, mostrando-se um sagaz observador dos relacionamentos humanos, de seus abusos e absurdos. Pitadas de ironia e sarcasmo, pontuados por diálogos cortantes, desafiam a imaginação do leitor. Tramas que causam taquicardia rumo ao seu imprevisível final. Alguns desfechos, quase secos, levam a fantasiar o prolongamento das histórias — objetivo que somente os bons textos tendem a cumprir.
Leia e tente não se envolver; tente não se enxergar nas narrativas; tente não se desconcertar com o modo como tudo termina.
Resenha:
Há autores que gostam de trabalhar com o que o homem tem de melhor. Outros preferem ser mais verdadeiros, mais reais e desmascarar a sociedade. Raul Otuzi, em Tristes Finais para Começos Infelizes certamente está no segundo grupo. Através de uma prosa ágil e envolvente, consegue ganhar o leitor sem qualquer dificuldade.
Para trabalhar de maneira nua e crua os sentimentos humanos, o autor sempre parte de situações corriqueiras, levando seus protagonistas a viver o ápice de suas emoções. Mesmo que os textos soem, por diversas vezes, muito pessimistas, sabemos que todos eles retratam ocorrências bem possíveis e até de frequências constante.
No texto Dedo na Ferida, por exemplo, conto que faz a abertura do livro, o autor parte do ódio originado por uma traição. Aliás, não uma traição qualquer, mas a traição. Os sentimentos vão transbordando de palavra em palavra e nos sentimos solidarizados pelos dois principais personagens. Porém, quando menos se espera, o autor muda o rumo da narrativa e dá um final impactante. Aliás, finais surpreendentes é um artifício muito bem usado pelo autor durante todo o livro.
“– Esses sapatos estavam me matando. Não existe coisa pior do que sapato apertado. Existe?– Amar uma pessoa e não ser correspondido” (p. 36).
No conto Uma Noite Deliciosa para Comer Pudimé outro exemplo de texto com final surpreendente e impactante. Tudo começa quando uma mulher muito atraente chega ao lar do protagonista. Ela afirma conhecê-lo, mas ele não se lembra. Como ela é muito bonita, o protagonista resolve desenvolver o papo, já imaginando que iria ganhá-la. Contudo, o destino prega suas peças, e o personagem principal tem mais um dos muitos tristes finais do livro.
Nesse conto, em especial, o autor se supera. Com uma narrativa ágil e diálogos bem coloquiais que são extremamente próximos da realidade, o que dá uma sensação de verossimilhança enorme ao texto, Raul consegue trabalhar temas fortes. Aliás, essa é outra característica bem marcante do autor: o uso do humor para tocar em feridas profundas e que incomodam. Ao mesmo tempo em que brinca, ele critica a sociedade de aparências e futilidades que vivemos.
Além dos bons textos, escrita leve, mas bem trabalhada, e crítica apurada, o livro ganha muito em expressividade por causa das mais diversas ilustrações que possui. O fato dos textos ganharem ilustrações específicas não é aleatório; cada imagem enriquece ainda mais a experiência da leitura do texto a que se refere, ajudando na carga de sentimentos profanos e finais tristes que a obra carrega.
“Pronto. Que casamento resiste a duas confissões? Uma, vá lá. Mas duas? Feitas pela mesma pessoa e ao mesmo tempo? Problemas. Seríssimos problemas à vista” (p. 80).
Quanto à parte física, assim como em relação à obra, tenho apenas que elogiar. A capa está simples, mas tem o estilo que eu gosto: bem subjetiva. Como já tido, o livro contém diversas ilustrações; isso, aliado às letras em um bom tamanho e ótimo espaçamento, dá ao livro uma diagramação invejável. Ademais, a obra teve uma revisão muito boa, apesar de eu ter notado um errinho ou outro.
Assim sendo, com tantos aspectos positivos, resta-me apenas indicar a obra. Ademais, ainda afirmo: guarde o nome Raul Otuzi; tenho a sensação que ouviremos falar bastante dele. De minha parte, se ele mantiver esse estilo incrível, já tem um fã.
Outras fotos: