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Resenha: Vamos Juntas?

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Título: Vamos Juntas?
Autora: Babi Souza
Editora: Galera Record
ISBN: 9788501107510
Ano: 
2016
Páginas: 
144
Compre: Aqui

Sinopse:

Toda mulher já se sentiu insegura na hora de sair sozinha na rua. O risco de ser abordada, perseguida ou assediada é uma realidade. Mas, um dia, uma moça chamada Babi Souza teve uma ideia simples e revolucionária: da próxima vez em que você estiver sozinha, olhe para os lados. Pode ter outra mulher andando na mesma direção. Por que não vão juntas?
Logo, o movimento Vamos Juntas? conquistou moças em todo o Brasil, se tornando um símbolo de união feminina e feminismo, na defesa por direitos iguais entre homens e mulheres. Aos poucos, muitas mulheres mudaram sua forma de enxergar o dia a dia e a moça ao lado. 
Além de dados sobre o feminismo, que mostram como ainda há tanto a ser conquistado, este guia traz relatos de mulheres que aprenderam, junto ao Vamos Juntas?, a enxergar companheiras umas nas outras. A se unir, ao invés de rivalizar.

Resenha:

Ao receber de presente, da editora Galera, o livro Vamos Juntas?, no primeiro momento, pensei em não lê-lo, afinal, teoricamente, eu não sou o público alvo do livro. Contudo, sempre defendo aqui no blog que não existem livros para homens e livros para mulheres; os livros são escritos para pessoas. Assim sendo, embarquei na leitura da obra e já adianto: foi muito proveitosa.


Babi Souza é autora de um movimento de viés feminista que possui o mesmo nome da obra. A premissa da iniciativa é a seguinte: sabendo que as ruas não são seguras, principalmente para as mulheres, por que não convidar outra mulher, mesmo que você não a conheça, para caminhar junto? A princípio, isso parece ser algo bobo, porém, basta analisar um pouco mais profundamente que percebemos que tal é ato é muito mais do que medo; mas uma atitude ideológica diante de uma sociedade opressora e insegura. Ao caminhar junto de outra pessoa há toda uma expressão de companheirismo e de reconhecimento de que a outra não é inimiga – por mais que muitos produtos da indústria cultural enfatizem o contrário –.


Babi cita em sua obra, por exemplo, um trecho que me colocou para refletir profundamente: “Só as mulheres entendem o motivo de olhar trás na rua e ver que a pessoa que está caminhando atrás de você é outra mulher” (p. 28). Infelizmente, imagino como isso seja verdade. Sou homem e ando tranquilamente pelas ruas do Rio de Janeiro, mesmo em horários avançados. Em lugares desertos, o meu nível de segurança é infinitamente superior ao de uma mulher. Eu nunca tive medo de ser estuprado ou sofrer qualquer violência sexual; raramente me sinto ameaçado, mesmo diante de presenças suspeitas; ao olhar para trás e ver outro homem caminhando, não sinto medo. Percebe a diferença? Por que será que isso acontece? Se você imagina que é simplesmente porque a mulher é mais frágil, certamente precisa rever seus conceitos. Isso tem uma origem ideológica e social muito mais profunda; aliás, vem de algo que está enraizado muito profundamente na nossa sociedade: o machismo. Afinal, só em uma sociedade onde os homens aprendem que são superiores às mulheres e onde, desde cedo, eles são ensinados que as mulheres devem satisfazê-lo de todas as maneiras, mesmo contra a vontade delas, é que tal insegurança acontece pelo simples fato de uma mulher ser mulher.


Partindo das explicações do movimento e de depoimentos de algumas mulheres, a autora vai da prática à teoria. Sim, ao contrário, mas juro que tudo faz muito mais sentido dessa forma. De maneira simples e direta, Babi fala sobre feminismo, empoderamento feminino, sororidade e ainda aproveita para quebrar alguns paradigmas e estereótipos criados pela – novamente ela – indústria cultural, como os desenhados animados “destinados a meninas”.


Apesar de essa parte ser muito interessante e talvez a mais importante do livro, para mim, ela não contribuiu grandemente. Por eu ser de humanas, já estudei todos esses termos, autoras e perspectivas de maneira mais profunda. Contudo, entendi a necessidade da autora trabalhar de forma mais leve tais conceitos. Afinal, Vamos Juntas? pode ser, e provavelmente é, o primeiro contato de muitas garotas, e talvez alguns rapazes, com tais elementos. Diante disso, a maneira didática e mais objetiva é extremamente eficiente, afinal, deixa tudo mais claro sem ser cansativo.


Além de todo conteúdo excelente, o livro também merece destaque pela parte gráfica que está acima da média. Por causa dos diversos destaques em cores múltiplas e das ilustrações, a leitura se torna mais interessante. Ademais, a obra ainda conta com letras em tamanho adequado, um ótimo espaçamento e uma correção muito boa. Ou seja, tudo contribui para uma leitura agradável.

Assim sendo, diante de tudo que foi mencionado, Vamos Juntas?é um livro mais do que indicado para todos que desejam ter uma visão mais crítica da nossa sociedade. Para as mulheres, o livro é essencial para entender conceitos e visões que tornarão as suas vidas muito melhores, afinal, como a Babi mesmo afirma, “existem mulheres fortes e existem mulheres que não descobriam a sua força”. Para os homens, o livro pode ser uma boa introdução para que nós possamos compreender como ser machista é uma prática idiota e hedionda. Não importa seu gênero, dê uma chance para a obra. Você não irá se arrepender.




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