Título:Miragem em Chamas
Autor:Lee Child
Editora: Bertrand Brasil
ISBN: 9788528619386
Ano: 2016
Páginas: 476
Ano: 2016
Páginas: 476
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Sinopse:
Jack Reacher está à deriva em meio ao verão escaldante do Texas e sabe que carona é um meio de transporte dos mais inseguros. Porém quando Carmem, uma jovem linda e rica, de ascendência latina, aparece dirigindo um Cadillac, ele embarca de imediato. Ela tem uma filha que, sem que saibam, está sendo mantida sob constante vigilância. O marido, não por acaso, está atrás das grades. Quem irá protegê-las quando ele for solto? Nosso herói não resiste a uma bela dama em apuros; além do mais, perigos não são novidade para ele. E no rancho remoto dos sogros de Carmem, no Condado de Echo, há desafios em abundância: mentiras, preconceito, ódio e assassinato. A família é hostil, a polícia da cidade, não muito confiável, e os advogados, ah!, uns incompetentes. Se Reacher não puder acertar as coisas, quem poderá? Crepitante como o sol de El Paso, Miragem em Chamas é um suspense regado à pimenta jalapeño estrelado por um dos heróis mais engenhosos e memoráveis do gênero.
Resenha:
Jack Reacher é um andarilho. Dorme em lugares baratos, veste roupas ainda mais baratas e, quando sujas, as joga fora e compra outras. Reacher não tem nada que o prenda em qualquer lugar. Ele vive para conhecer novos lugares e pensar apenas nas próximas horas. Porém, ele tem um passado. Jack já foi um policial. Aliás, não um policial qualquer: ele era detetive na polícia do exército. Apesar de isso ter ficado para trás, a essência de investigador ainda permanece nele.
Carmem, por sua vez, é uma mulher aflita. Mora no Condado de Echo, um lugar qualquer no meio do escaldante Texas. Ela enfrenta problemas inúmeros. Casada com um “homem respeitado” de uma família rica, poucos imaginam o que ela sofre. Carmem alega apanhar constantemente; diz ser maltratada e espancada. Ela está desesperada e disposta a encontrar alguém que resolva seus problemas.
O Condado de Echo, apesar de ser pequeno e distante, carrega histórias para lá de sangrentas. Um tanto ligado ainda ao “Velho Oeste”, o lugar é repleto de mentiras, assassinatos, orgulho, preconceito e gente sendo injustiçada. A vida ali é um desafio, a não ser que você seja um dos ricos do lugar. Se você for um deles, é você quem dita as regras.
“Ela estava beirando a meia-idade, de tamanho mediano e era meio loura. Não havia nada de especial, exceto que matar pessoas era o seu meio de vida” (p. 17).
Unindo esses elementos, Lee Child cria um empolgante livro policial. Apesar de o livro ser grande, a leitura é muito rápida, visto que o autor possui uma escrita ágil e direta. Ademais, o enredo prende o leitor por causa dos seus mais diversos desdobramentos. As intrigas, os preconceitos, o ódio... Tudo se junta para dar ao livro uma atratividade ímpar. Além disso, o autor trabalha o Condado de uma maneira tão intensa que o lugar parece até, em alguns momentos, ter vida própria, como se o chão escaldante manipulasse cada um dos personagens.
Aliás, falando em personagens, eles são sensacionais. Jack é o grande nome, sem dúvidas. Com um passado que prefere esconder e dúzias de nomes falsos, ele é misterioso e, ao mesmo tempo em que é um verdadeiro homem da lei, tem métodos e ações um tanto questionáveis. Carmem, por sua vez, começa parecendo apenas uma louca qualquer que alega ser espancada sem qualquer indício. Porém, com o passar das páginas, ela cresce significativamente. Mesmo quando não está presente, a trama gira em torno da sua personalidade. Outros personagens, como Alice e Walker também convencem, tornando a trama muito mais interessante.
Contudo, apesar dos bons personagens e da ambientação perfeita, alguns elementos me incomodaram um pouco. Os dois principais estão ligados ao fim da obra. O primeiro é em relação a Jack Reacher; tudo bem que ele é um ex-policial experiente e muito inteligente. Porém, em muitos momentos, ele parece ser um verdadeiro super-herói. Sua lógica é praticamente infalível, sua intuição é absurda e suas técnicas de combate parecem quase sobre-humanas. Juntos, esses elementos tornam a obra menos realística, o que me decepciona um pouco, visto que o livro tinha todos os elementos para ser muito acima da média.
“Em sua experiência, a prisão não mudava as pessoas para melhor” (p. 79).
O segundo elemento é a agilidade do desfecho. Temos uma boa ambientação durante a primeira metade da obra, com um aprofundamento louvável. Porém, quando nos aproximamos do fim, tudo se torna muito corrido. Em parte, isso ajuda a deixar o cenário mais nebuloso, aprofundando o mistério. Porém, por outro lado, faz com que a descoberta do porquê de tudo só seja possível porque Reacher é um “herói” da lógica e dedução.
Quanto à parte física, eu não tenho qualquer reclamação. A capa é bonita e reflete bem o enredo. A diagramação, apesar de simples, é bem confortável. As letras possuem um tamanho mediano e o espaçamento é bom, tornando a leitura agradável. Ademais, temos uma boa tradução e revisão.
Com base em todos os elementos, concluo que Miragem em Chamasé um bom livro, porém, tinha potencial para ser ainda melhor. Se você gosta de enredos bem trabalhados, ótima ambientação, personagens profundos e não se importa que o investigador tenha um ar de “herói”, esse livro é perfeito para você.
“Este lugar é irreal. É como se o mundo lá fora não existisse” (p. 154).