Título: As Cavernas de Aço
Autor: Isaac Asimov
ISBN: 9788576571506
Editora: Aleph
Ano: 2013
Páginas: 304
Editora: Aleph
Ano: 2013
Páginas: 304
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Sinopse:
Este é a nova versão do livro antes lançado no Brasil como "Caça Aos Robôs" pela editora Hermus e em 2013, relançado pela editora Aleph com o nome de "As Cavernas de Aço", tradução mais correta do original Caves of Steel.
Em Nova York, o investigador de polícia Elijah Baley é escalado para investigar o assassinato de um embaixador dos Mundos Siderais. A rede de intrigas envolve desde sociedades secretas até interesses interplanetários. Mas nada o preocupa tanto quanto o seu parceiro no caso, cuja eficiência pode tomar o seu emprego, como acontecera com seu pai no passado. Pois seu parceiro é um robô. Publicado no início da década de 1950, As Cavernas de Aço é o primeiro romance do consagrado Ciclo dos Robôs de Isaac Asimov, mesclando de forma magistral os gêneros de ficção científica e literatura policial.
Resenha:
Por ter gostado muito de todos os livros do Asimov que li, minhas expectativas estavam altíssimas. Porém, ainda assim, novamente, Isaac me surpreendeu. Com uma mistura de gêneros de maneira magistral (ficção científica e suspense policial), o autor me deixou vidrado até a última página. O motivo? Eu te explico.
Para começar, é necessário entender a situação política-social da Terra na obra. Nosso planeta é o mundo original dos humanos. Porém, com o passar dos séculos, conseguimos colonizar diversos outros planetas, os chamados Mundos Siderais. Contudo, a situação virou. Esses Mundos Siderais se tornaram mais seguros, mais evoluídos tecnologicamente, construíram uma base de interação homem-robô e erradicaram as doenças. Com isso, eles passaram a olhar os humanos terrestres como seres inferiores.
A Terra, por sua vez, continua sofrendo com populações gigantescas. As cidades se tornaram grandes conglomerados de metal e micro-habitações. Os humanos terrestres não possuem nem contato com a natureza, já que as cidades são cavernas de aço. Pior ainda, eles ficaram presos no meio termo na questão tecnológica. Apesar da tecnologia ser avançada, ela nem de perto se iguala a dos Mundos Siderais. Principalmente na questão dos robôs. Na Terra, eles praticamente não existem. Ainda há outro agravante: os humanos terrestres odeiam os robôs.
“Quase nenhuma pessoa entre os habitantes da Terra viva fora das Cidades. Do lado de fora, estava a natureza selvagem, o céu aberto que poucos homens tinham disposição de encarar. Claro que esse espaço aberto era necessário. Ele continha a água da qual os homens precisavam, o carvão e a madeira, que eram matérias-primas fundamentais para a fabricação de plástico e para o eterno cultivo de levedura” (p. 41).
Dentro dessa estrutura político-social, o pior cenário acontece: um cidadão de um Mundo Sideral é assassinado, na Terra, por um terrestre. Isso, se não for resolvido rapidamente, certamente será um desastre de grandes proporções. Para evitar essa tragédia, Elijah Baley é escolhido para solucionar o caso. Porém, a exigência dos siderais é que ele tenha um parceiro que não seja terrestre. A escolha dos siderais não poderia ser mais surpreendente: um robô. Agora, Elijah e Daneel – o robô sideral – tentarão resolver os problemas entre si e ainda evitar uma guerra.
Partindo dessa premissa, Asimov cria um livro maravilhoso. O suspense é muito bem empregado, a ficção científica é bem elaborada e, como não falta nos livros do autor, as críticas sociais são abundantes. A junção desses elementos foi tão harmônica que fez parecer com que robôs e humanos sendo parceiros em uma investigação fosse algo normal e natural.
Quanto à parte estrutural do livro, Asimov permanece com o elemento que me fez gostar tanto de suas obras: uma escrita direta, mas sem ser rasa. Por usar um vocabulário simples e apenas as descrições necessárias, seus livros se tornam leituras ágeis. Porém, ainda assim, o autor consegue trabalhar muito bem o desenvolvimento dos personagens, tanto os humanos quanto os robôs. O lado psicológico e das motivações é bem desenvolvido, mesmo se valendo de uma escrita direta. Isso, sem dúvidas, é obra de uma mente genial.
“– Olhem só. Ele chama aquelas coisas de homens! Qual é o problema com você? Eles não são homens. São ro-bôs! – Ela destacou cada sílaba. – E vou te dizer o que eles fazem, caso você não saiba. Eles roubam empregos dos homens. É por isso que sempre são protegidos pelo governo. Eles trabalham em troca de nada e, por causa disso, famílias têm que morar lá nos abrigos e comer purê de levedura cru” (p. 52).
Quanto às críticas, Asimov é tão profundo como de costume: ele fala sobre o crescimento desenfreado da população, o esgotamento dos recursos naturais e as disputas humanas. Ademais, mostra com os humanos continuariam mesquinhos e egoístas, mesmo em uma sociedade teoricamente mais avançada. Os pobres continuam existindo aos montes. Os ricos ainda detêm os seus privilégios de sempre. A tecnologia avança, mas o homem regride. É impossível não fazer um paralelo com o mundo atual.
Complementando o excelente enredo, a Aleph providenciou uma excelente edição. A capa é bonita, espelhada, e tem total relação com a obra. A diagramação é simples, mas muito confortável. A tradução e a revisão estão ótimas, o que deixa a leitura muito mais fácil. Ou seja, temos o padrão já tradicional de qualidade da editora.
Desta forma, diante de tudo que foi descrito, fica impossível não indicar o livro. Se você gosta de ficção científica ou de suspense, essa obra é para você. Se você busca algo totalmente novo, o livro também irá te agradar. Quem der uma chance, certamente, sairá muito satisfeito.
“– Um policial carrega seu desintegrador consigo ou o deixa ao alcance o tempo todo, esteja ele de plantão ou não” (p. 115).