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Resenhas: As Gêmeas do Gelo

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Título: As Gêmeas do Gelo
Autor: S. K. Tremayne
Editora: Bertrand Brasil
ISBN: 9788528620528
Ano: 
2016
Páginas: 
362
Compre: Aqui

Sinopse:

Um thriller psicológico aterrorizante perfeito para os fãs de A Garota no Trem
Um ano depois de Lydia, uma de suas filhas gêmeas idênticas, morrer em um acidente, Angus e Sarah Moorcroft se mudam para a pequena ilha escocesa que Angus herdou da avó, na esperança de conseguirem juntar os pedaços de suas vidas destroçadas. Mas quando sua filha sobrevivente, Kirstie, afirma que eles estão confundindo a sua identidade — que ela é, na verdade, Lydia — o mundo deles desaba mais uma vez. Quando uma violenta tempestade deixa Sarah e Kirstie (ou será Lydia?) confinadas naquela ilha, a mãe é torturada pelo passado — o que realmente aconteceu naquele dia fatídico, em que uma de suas filhas morreu?

Resenha:

Quem lê livros de suspense, mesmo que com pouca frequência, sabe que existem certos clichês consagrados. Então, quando um autor resolve fugir do lugar comum, eu sempre abro a oportunidade para a leitura. Com Tremayne foi exatamente assim. Quando vi um enredo bem diferente, joguei-me na leitura. Felizmente, não me decepcionei.

O drama de uma família começa com um terrível acidente. Uma das filhas morre. Eles tinham um casal, gêmeas perfeitas, Kirstie e Lydia. Esta morreu no acidente; aquela está viva. Porém, tudo que eles possuem para dizer isso é a afirmação de Kirstie. Por elas serem gêmeas perfeitas, o DNA é exatamente igual. As duas também são fisicamente iguais. Os pais acreditam em Kirstie, logicamente, mas um dia tudo muda.


Kirstie começa a sofrer com o trauma de perder a irmã. As gêmeas eram tão unidas, tão próximas, que Kirstie não sabe mais quem é. Ela começa a misturar a sua personalidade com a da irmã. Pior, ela começa a afirmar que houve um grande engano, que ela é Lydia e não Kirstie. Sarah, mãe da garota, não tem mais certeza de quem está viva e quem morreu. Essa dúvida parece enlouquecê-la.
Quem sou eu? Qual deveria ser a sensação de alguém não saber quem é, de não saber qual “eu” está morto?” (p. 101).
Pior ainda, o lugar para onde ela se mudou depois do acidente, uma ilha, parece carregar estranhos acontecimentos. A Ilha do Trovão é repleta de lendas sobre espíritos e passagem para o outro mundo. Será apenas uma confusão mental que assola Kirstie? Será ela, na verdade, Lydia? Ou a ilha realmente é assolada por espíritos que confundem a cabeça da menina? Façam suas apostas, o jogo está começando.

Partindo dessa premissa, S. K. Tremayne cria um enredo altamente psicológico e bem embasado cientificamente. Usando-se de uma possibilidade psicológica e biológica, o autor envolve o leitor do começo ao fim. Queremos saber qual a verdadeira história por trás de tudo, como o fato realmente aconteceu. A brincadeira de múltiplas personagens misturadas numa única criança acaba brincando com o psicológico do leitor, o que deixa tudo mais envolvente.


Ademais, outro fato que acaba por deixar a obra mais próxima de quem lê é o sofrimento da Kirstie/Lydia. Afinal, fica difícil não se solidarizar com ela. O profundo estado de confusão mental é agonizante. Ela, muitas vezes, acredita está vendo fantasmas. Em outros, acredita ser ela mesmo um fantasma. Nos demais momentos, imagina estar maluca. Isso, aliado à rejeição que a garota sofre das demais crianças, torna a obra muito perturbadora.
“O silêncio parece um uivo, um grito penetrante. Mas a coisa mais barulhenta na casa é o meu coração, batendo depressa. Quem está na casa e por que está brincando desse jeito? Por que alguém queria me assustar? Tenho certeza que ouvi passos, não foi uma ilusão. Há alguém ali” (p. 236).
A obra também ganha pontos pelos personagens reais que possui. A gêmea sobrevivente, Sarah e Angus, pai das meninas, convencem das suas realidades. São personagens possíveis, sofredores, pulsantes. Todos eles possuem dúvidas e segredos, o que os tornam bem próximos de uma pessoa real. Isso é bem chamativo para quem lê, afinal, ninguém se identifica com personagens perfeitos e idealizados, como encontramos em muitos livros.

A única crítica que faço à obra é em relação a sua extensão. O autor acrescentou muitos dados que, sinceramente, em alguns momentos, em nada contribuíram para o desenvolvimento do enredo. Principalmente se levarmos em consideração o final que não foi tão surpreendente assim. Era possível criar uma obra ainda melhor se alguns desses dados fossem eliminados. Isso tornaria a leitura mais rápida e não deixaria o leitor tão angustiado para um final tão simples.


Quanto à parte física, eu não tenho o que reclamar. A capa está perfeita e transmite muito bem o clima sombrio e de incertezas da obra. A diagramação está simples, mas confortável, proporcionando uma boa leitura. A revisão e tradução estão ótimas, como já é padrão da Bertrand. Ou seja, todos os elementos contribuem para uma boa leitura.
“Todo amor é uma forma de suicídio” (p. 364).
Desta forma, resta-me apenas indicar o livro. Apesar do pequeno ponto que me desagradou, a leitura é muito envolvente e vale a pena. Confira; você irá gostar.




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