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Resenha: Um Passado Sombrio

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Título: Um Passado Sombrio
Autor: Peter Straub
Editora: Bertrand Brasil
ISBN: 9788528620481
Ano: 2016
Páginas: 392
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Sinopse:

O inigualável mestre do horror e do suspense retorna com um livro poderoso e aterrorizante que redefine o gênero de maneira única e inesperada
Em 1966, um carismático e astuto guru, de passagem por um campus universitário do Meio-Oeste norte-americano, reúne um restrito grupo de discípulos, entre estudantes de colegial e universitário de fraternidade, num ritual secreto que resulta em um corpo horrivelmente dilacerado, um garoto desaparecido e as almas abaladas de todos os envolvidos. Quarenta anos depois, um escritor de relativo sucesso e amigo de infância da maioria dos garotos que participaram do ritual – além de marido de uma das garotas envolvidas –, sai em busca de informações sobre essa noite aterrorizante, com um projeto de livro em mente. Porém, para consegui-las, precisará não apenas reencontrar antigos colegas com quem perdeu o contato há décadas, mas também incitá-los a reexaminarem os eventos inomináveis que os têm assombrado desde então. Ao revelar as histórias individuais dos membros do grupo, Um Passado Sombrio eletrifica o leitor de maneira arrepiante e imprevisível – e prova que Peter Straub é, indiscutivelmente, um mestre do horror moderno.

Resenha:

Como fã de um bom terror, assim que vi o lançamento de Um Passado Sombrio, quis conferir a obra. Afinal, Peter Straub já é um escritor consagrando. Melhor ainda: a obra levou um atestado de qualidade do Stephen King, o melhor no gênero terror na atualidade. Contudo, o livro não foi exatamente o que eu imaginava, me surpreendendo em parte, mas também me decepcionando em alguns aspectos.

Começamos a obra conhecendo Lee Harwell. Ele é um escritor que já possui algumas obras publicadas e tem certo reconhecimento. Na busca de um novo trabalho, algo que seja mais ligado à realidade, ele resolve que pode ser uma boa opção escrever sobre um acontecimento da sua juventude. Sua esposa, anos antes, se envolveu em um caso macabro e que permanece sem muitas explicações.


Os problemas para Eel, esposa de Lee, começaram quando um guru apareceu na região. Com uma ótima lábia, bons argumentos e leitura de uma série de livros filosóficos, o guru convence todos os amigos do grupo de Eel e Lee. Aliás, todos menos Lee. Ele se manteve distante, pois acreditava que tudo não passava de uma farsa. Ela, porém, continuava a frequentar as reuniões, até que tudo deu errado. Após os encontros, uma morte macabra aconteceu.
“Senhora, acha que sou turbulento agora? – Era o que ele dizia. – Me dê mais trinta segundos e a senhora vai aprender o que é turbulento” (p. 11).
Durante as investigações, o guru fugiu, como era de se esperar. Todos os envolvidos foram interrogados, diversas vezes, mas como cada um tinha sua própria versão, nada foi muito além. Agora, Lee pretende fazer o que a polícia não conseguiu: ao juntar informações e relatos dos participantes das antigas reuniões, resolver o que estava realmente por trás daqueles estranhos acontecimentos.

Partindo dessa premissa, Peter Straub cria um livro sombrio, mas não aterrorizante, como diz na sinopse. Aliás, não creio que ele tenha redefinido o gênero. Afinal, dentro do terror há inúmeras possibilidades e, com exceção daqueles clichês clássicos, pouca coisa precisa ser redefinida.  Porém, se ignorarmos essas promessas não concretizadas, é possível acompanhar um bom livro.


De certa forma, a escrita de Straub é bem parecida com a do King, o que me agradou. Há certos trechos muito mais lentos, mas que o autor sabe aproveitar bem para aprofundar o enredo e trabalhar detalhes da trama. Nos momentos de ação, o autor agiliza a escrita, deixando a leitura viciante. Assim, a escrita acompanha o momento da trama, harmonizando bem o ritmo da obra.
“Lurleen tinha seus problemas, muitos problemas, e Eel sentiu falta dela como podemos sentir falta de uma comeia de abelhas que produziam ótimo mel, mas que pareciam dedicadas a, algum dia, nos picar até a morte” (p. 28).
O enredo, propriamente dito, é bem interessante. Fica-se com a vontade de descobrir o que aconteceu e como aconteceu. Essa curiosidade é ampliada devido à multiplicidade de personagens e versões. Resta ao leitor e ao Lee montar um grande quebra-cabeça e tentar entender o que realmente está por trás de tudo. Contudo, essa mesma multiplicidade que dá ao leitor a vontade de descobrir tudo, também o frustra um pouco. Afinal, há muitas dúvidas e nem tantas certezas, o que deixa alguns “furos”. Assim, mesmo com o fim da obra, é possível desconfiar de que muita gente continua com segredos ocultos.

Os personagens, por sua vez, são exatamente da forma que eu gosto: profundos, bem trabalhados e com seus dramas pessoais bem delineados. Cada um, com sua própria carga psicológica e reflexos do evento investigado, carregam marcas que nos farão pensar sobre a vida e também sobre o envolvimento deles no enredo. Nesse quesito, Straub realmente merece o título de mestre.


Quanto à parte física, restam-me elogios. A capa está bela, sombria e bem feita. A diagramação é bem simples, mas eficaz, tanto que nem as folhas brancas atrapalham a leitura. A revisão, por sua vez, foi boa; apesar de não estar perfeita, não prejudica a obra ou retira o valor dela.
“Então houve apenas silêncio; surgiram boatos de uma “missa negra”, de um “ritual pagão”, disparates do gênero, inflamados pelo desaparecimento de um rapaz e pela descoberta do cadáver de um outro horrivelmente mutilado” (p. 45).
Desta forma, mesmo com aspectos positivos e negativos, eu indico Um Passado Sombrio. Apesar de não ser uma obra perfeita, é um livro que deve agradar aos leitores mais maduros no gênero terror. Se você procura um enredo mais denso e com bons personagens, essa obra irá lhe proporcionar uma boa leitura.




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