Quantcast
Channel: Desbravador de Mundos
Viewing all articles
Browse latest Browse all 1532

Resenha: Sejamos todos feministas

$
0
0
Título: Sejamos todos feministas
Autora: Chimamanda Ngozi Adichie
Editora: Companhia das Letras
ISBN: 9788535925470
Ano: 
2015
Páginas: 
64
Compre: Aqui

Sinopse:

Chimamanda Ngozi Adichie ainda se lembra exatamente do dia em que a chamaram de feminista pela primeira vez. Foi durante uma discussão com seu amigo de infância Okoloma. “Não era um elogio. Percebi pelo tom da voz dele; era como se dissesse: ‘Você apoia o terrorismo!’”. Apesar do tom de desaprovação de Okoloma, Adichie abraçou o termo e começou a se intitular uma “feminista feliz e africana que não odeia homens, e que gosta de usar batom e salto alto para si mesma, e não para os
homens”. Sejamos todos feministas é uma adaptação do discurso feito pela autora no TEDx Euston, que conta com mais de 1,5 milhão de visualizações e foi musicado por Beyoncé. 

Resenha:
fe·mi·nis·mo(francês féminisme) – substantivo masculino: Movimento ideológico que preconiza a ampliação legal dos direitos civis e políticos da mulher ou a igualdade dos direitos dela aos do homem. [Definição retirada do dicionário Priberam]

A simples definição do termo feminismo deveria ser o suficiente para concordar com a autora no seguinte ponto: devemos sim ser todos feministas. Porém, infelizmente, não é bem assim que funciona. Na teoria, a maior parte defende a participação feminina na sociedade de maneira igual – excluindo fascistas como o Bolsonaro –, mas na prática, ainda tomamos atitudes que estimulam o patriarcado, a repressão das práticas de liberdade feminina e da livre defesa das ideias das mulheres. Pior, quando elas rompem a barreira social se organizam para desconstruir tais paradigmas, são taxadas de “vitimistas” ou “feminazis”, com uma absurda analogia ao nazismo.

Nesta obra, que na verdade é a adaptação de um discurso, Chimamanda Ngozi Adichie demonstra como é a situação social na Nigéria e como é necessária uma prática feminista ativa para que haja a libertação do gênero feminino. Aponta que, em seu país natal, as mulheres ainda possuem uma vida de privação devido a determinadas práticas culturais. Ademais, ela trabalha a partir de suas memórias para apresentar como a mulher que tenta se libertar é estigmatizada e como o termo feminista, nesse contexto, é como uma afronta, um desaforo; acusar a mulher de ser feminista é como dizer que ela é uma terrorista cultural.


Apesar de curta, a leitura da obra é de suma importância. Através dela conseguimos perceber o quanto ainda é preciso evoluir em todo mundo através de uma prática de liberdade. Afinal, assinar um tratado da ONU comprometendo-se a defender o direito das mulheres é muito pouco. Como a autora bem aborda no seu texto, é necessário tratar a raiz cultural do problema. E como a desconstrução cultural é lenta e cotidiana, é necessária uma postura aguerrida diariamente, pois só assim superaremos o machismo institucionalizado.
“Se repetirmos uma coisa várias vezes, ela se torna normal. Se vermos uma coisa com frequência, ela se torna normal. Se só os meninos são escolhidos como monitores da classe, então em algum momento nós todos vamos achar, mesmo que inconscientemente, que só um menino pode ser o monitor da classe. Se só os homens ocupam cargos de chefia nas empresas, começamos a achar “normal” que esses cargos de chefia só sejam ocupados por homens” (pp. 16 – 17).
O melhor de tudo é que, apesar de tratar de um assunto denso, Sejamos Todos Feministaspossui uma linguagem simples e acessível. Como a autora preocupa-se em ser entendida por todos os públicos, a sua escrita é bem direta. Ou seja, não é necessário ter tido qualquer contato com o feminismo anteriormente para que se consiga assimilar a mensagem. Isso faz com que a obra seja uma boa pedida para adolescentes e adultos, homens e mulheres.

Quanto à parte física, eu não tenho o que reclamar. O livro possui uma capa atrativa e uma diagramação simples e confortável. Esses elementos, associados à escrita direta, deixa a leitura rápida e prazerosa.


Em suma, Sejamos Todos Feministasé um livro mais do que atual e que precisa ser lido. Ele não é solução para as diferenças de gênero no Brasil, mas é ao menos uma luz para que possamos entender melhor sobre o assunto, a partir da voz de alguém que sofre tal opressão. Sem dúvidas, obra recomendada!
“Ensinamos que, nos relacionamentos, é a mulher quem deve abrir mão das coisas. Criamos nossas filhas para enxergar as outras mulheres como rivais (...), mas como rivais da atenção masculina” (p. 34).





Viewing all articles
Browse latest Browse all 1532