Sinopse:
A vida de um homem tem um novo início a partir da abertura dos seus olhos em plena cegueira que perdura por longos caminhos em que sua visão nada alcançava além de obviedades presas por suas limitações ante o desespero da perda de tudo: de tempo, de lugar, de nome. A luta do personagem, narrador deste livro, se dará pelo decorrer da sua busca pelo que emerge em pedaços de recordações, mistura de pesadelos e a sua realidade enfadonha, carregada de fardos que parecem não ter fim. Os dias de luz se foram; os filhos da noite se manifestaram e dominaram todos os cantos das noites profundas que perduram até a última gota de sangue maldita ser derramada.
Resenha:
Sem nome, sem passado e também sem visão do seu futuro, o protagonista do livro acorda em meio a um pântano sombrio, onde as perturbações são constantes e o medo espreita a todo o momento. Sem saber o que fazer, o personagem principal anda a esmo até conseguir uma carona até o condado mais próximo: Wisewood. Lá, acaba adotando o nome de Irwin, afinal, um andarilho sem nome em tempos tão obscuros causaria muita desconfiança.
Quando tudo parece estar ruim é sinal que pode piorar. Assim é a vida de Irwin, uma confusão contínua onde o passado esquecido se funde com os misteriosos e místicos fatos que vão ocorrendo no presente. Fatos estes que perturbam a paz e a tranquilidade dos condados.
“Mistério: fui atraído novamente às árvores mórbidas, aquelas que se escondiam na escuridão ao redor do pântano, compondo uma paisagem singular, sucumbida pela neulosa pele cinza e por seus mistérios. Eu precisava fugir.”
Irwin resolve buscar a chave do enigma que é o seu passado, além de descobrir porque trevas tão intensas pairam sobre o reino. Para isso, ele aceita conselhos improváveis, como de mendigos, encontra seres incríveis e inimagináveis e traça alianças pouco imaginadas. O livro é uma surpresa a cada página. O fim é simplesmente inquietante e revelador, que nos faz ansiar pelo lançamento do segundo livro.
“A perda de memória num tempo desmedido fez de mim um andarilho obediente a uma sina, um amanhã que me impelia a seguir por caminhos perante a escuridão tão densa que tomou o lugar do dia à força.”
Impossível não elogiar a escrita do autor, que claramente possui um domínio incrível das palavras. A leitura é agradável, mas densa e bem rebuscada. Entretanto, em alguns momentos, Marco de Moraes rima algumas orações fazendo que o texto narrativo pareça uma poesia. Isso pode causar estranhamento para alguns leitores menos acostumados com o gênero poético.
A capa é bela e chamativa, o que já nos faz perceber que há algo de misterioso por trás da história. A revisão e diagramação da editora Novo Século foi excelente, como já é de costume. Em geral, o livro é recomendadíssimo. Agora, só nos resta esperar a continuação.
Autor: Marco de Moraes
Título: Presas – A dádiva da escuridão
Editora: Novo Século
ISBN: 9788576799511
Ano: 2013
Páginas: 288