Título:Diário de Busca
Autor:W-Souza
Editora:Chiado Editora
ISBN: 9789895141067
Ano: 2015
Páginas: 342
Compre:Aqui
Sinopse:
O incansável explorador dá de ombros e não se deixa abater, tentando demonstrar maturidade e controle. Eval tinha razão, muito ainda estava por vir, aquilo era só o começo.
Aprendeu com sua mãe a ser persistente, a lutar pelo que acredita, e pensou: É como dizia um velho amigo - Para o obstinado, o tropeço é apenas um empurrão para seguir em frente.
Agradeceu, despediu-se, pegou a mochila, e virando a aba do boné para trás, gesto que fazia quando estava indignado, partiu, sorrindo apenas para a secretária.
Jamais desistiria, não era o perfil dos Di Carlli. Dali foi direto para a biblioteca preparar o material para uma próxima possível expedição.
Resenha:
Em Diário de Busca, acompanhamos três gerações de uma mesma família em busca de seus sonhos. O primeiro deles é Leopoldo Di Carlli, um jovem vívido e inteligente. Seu cotidiano era dividido entre a igreja, brincadeiras com os amigos e muitas horas na biblioteca. Porém, sua vida muda completamente quando ele encontra uma obra sobre civilizações antigas. Após a leitura desse livro, ele decide que quer ser arqueólogo. Contudo, essa decisão deixa sua vida muito conturbada, já que sua mãe insiste que ele siga o sacerdócio.
A partir desse momento, Leopoldo passa por uma série de infortúnios. As brigas com a mãe eram terríveis e as consequências eram ainda mais nefastas, culminando na sua matrícula em um colégio onde sofria maus tratos e muitos outros abusos. Contudo, o protagonista se mantém irredutível quanto a seguir o seu sonho.
As duas gerações seguintes, ou seja, o filho e o neto, acabarão por se ligar aos sonhos de Leopoldo. O como é algo que não posso revelar, pois implicaria na distribuição gratuita de spoiler. Contudo, a garantia é de que a surpresa será grande. Afinal, a ligação que há entre eles e seus sonhos é um tanto inovadora.
“Não via mais o tempo passar. Lavava as panelas tão rápido quanto conseguia e corria para o sótão, sem que ninguém percebesse, onde se perdia nas páginas de seu mais novo amigo; o livro” (pp. 38-39).
Com base na premissa acima relatada, W-Souza cria um enredo rico, inovador e surpreendente. O grande diferencial da obra é a surpresa que causa ao leitor. Quando se começa a ler o livro, dificilmente se poderá imaginar o final tão distinto. Os caminhos tomados durante a obra são os mais inimagináveis, sem perder a coerência, o que é essencial. É essa sucessão de surpresas que mantém o leitor até o fim preso à trama.
Outro ponto da obra que merece ser destacado é a excelente escrita. Apesar de alguns errinhos de revisão terem incomodado, isso não ofusca o talento de quem escreve. A maneira direta e inteligente que alguns temas foram abordados dá a obra ainda mais diferencias, fazendo com que o livro se destaque nesse mar de igualdade que há hoje na literatura.
Contudo, apesar do enredo inovador e da boa escrita, há também pontos que mereciam maior atenção. O primeiro deles foi o aprofundamento psicológico. Por se tratar de três gerações, talvez fosse mais interessante optar por um livro mais extenso, onde pudesse ser abordado de maneira mais profunda cada um dos três personagens. Leopoldo, o iniciador da jornada, ganha uma atenção muito especial na obra; os outros dois, nem tanto. Outro ponto que também merecia uma atenção maior no livro é a questão científica. Obviamente esse não é o foco do enredo, porém, na parte que envolve a “ficção científica”, faltou um aprofundamento maior, algo que é dado em livros do gênero. Quem não tem experiência nesse estilo literário talvez não sinta falta; porém, quem já é um leitor mais “rodado” sentirá essa ausência.
“Não adianta gastar milhões na corrida espacial sem antes resolverem os problemas de miserabilidade em países como Índia e África. Usem vossos recursos em programas que deem uma identificação de humanismo ao vosso planeta” (p. 299).
Quanto à parte física, não há o que reclamar. A capa é bonita e interessante, apesar de não revelar nada sobre o enredo que o livro abarca. A diagramação, por sua vez, está bem confortável, apesar de simples, propiciando uma boa leitura. Há alguns problemas na revisão, mas a boa escrita e a trama compensam o percurso.
Em suma, Diário de Busca é um livro bem escrito e original, o que é algo um tanto raro atualmente, onde os clichês são abundantes. Há pontos que poderiam ser melhorados, mas isso não impede que a leitura seja agradável. Sem dúvidas, vale a leitura.